
Alguns discos são feitos pra serem ouvidos no volume máximo. R Is for Rocket é um desses. Com guitarras gritantes e baixo de timbre nervoso, esse quarteto de Los Angeles mostra que o espírito de Weezer, Breeders, Smashing Pumpkins e Nirvana está mais vivo do que nunca. Em um momento do rock em que a nostalgia e os retornos estão em alta, nada melhor do que usar um pouco de saudade para colocar o mundo do indie rock no futuro. Ouvir um disco desses em 2025 é um acalento.
Ainda na pré-escola, a vocalista e baixista Alithea Tuttle e o baterista Baron Ladomade se conheceram. Já no ensino médio, essa galerinha de vinte e poucos anos montou a banda e ficou viciada em shows e na cena local. O guitarrista Desi Scaglione e Alithea Tuttle começaram um relacionamento, e o outro guitarrista, Baron Rinzler, entrou nessa jogada.

Mesmo com a banda tendo apenas quatro anos, ela já chamou atenção. Na pandemia, como muita gente, Alithea começou a escrever letras e melodias com seu companheiro, e o resto é a história que estamos presenciando em tempo real. Do começo da banda até agora, muitas músicas chamaram atenção. Até a geração mais velha, que costuma dizer que “o jovem tem que acabar”, lotou as caixas de comentários dos clipes da banda agradecendo por eles trazerem o bom e velho rock pros dias atuais.
Eu, particularmente, acho uma bobagem sem tamanho essa necessidade de validação das gerações passadas para as músicas novas. Parece que tem um pedágio dizendo: “essa banda aqui podemos ouvir”. As bandas que gostávamos nos anos 90 já não são as mesmas. Até o gerenciamento de expectativa de bandas veteranas com disco novo é fora de sintonia. Um dia se ama a banda, no outro se diz que ela está fazendo a mesma coisa de sempre.
Mas ainda bem que a música sempre se renova, ainda mais no indie e no alternativo. Talvez o mesmo sentimento de “bora fazer o que a gente quer com atitude” seja bem mais importante do que a sonoridade e acho que isso nunca acabou. Qualquer que seja a década, essa renovação sempre aconteceu. A nostalgia é cíclica também. O que achávamos velho quando estávamos nos anos 90 hoje tem a mesma diferença de tempo comparando com os próprios anos 90.
Os Beatles, Kinks, Stones, MC5 e Iggy Pop dos anos 90 hoje são Smashing Pumpkins, Weezer, Breeders e Nirvana. E o Rocket captura bem demais toda essa cadeia de influências com a sonoridade de hoje. A banda não soa datada, com cara de anos 90. Ela tem o sentimento dos anos 90 com a filosofia dos anos 60. É uma mistura de sentimentos, sons, distorções e ritmos que mostra que o rock está muito longe de morrer.
Mesmo com essa barulheira, a banda traz algo que me cativa sempre. Ter peso e, ao mesmo tempo, uma qualidade melódica de pop. Não é sobre querer ser mainstream, mas sobre ter uma qualidade sonora de melodias bem escritas que ficam eternizadas na nossa mente. Dá pra ser punk, mas dá pra ter inspiração nas aulas de hits com o Tears for Fears.
R Is for Rocket é um disco primoroso desse segundo semestre. É um álbum cheio de confiança e energia. Não cansa. É diverso e ao mesmo tempo consistente. É irreverente e cheio de atitude séria. São riffs pesados, arranjos delicados e uma sonoridade que vai agradar muita gente. Só basta mais gente ouvir. E se você gosta de Weezer, Breeders, Smashing Pumpkins, Nirvana, Pixies, Pavement, Sonic Youth (poderia ficar aqui falando eternamente as referências), esse disco é pra você.
Faixas
- The Choice – 3:24
- Act Like Your Title – 2:19
- Crossing Fingers – 3:22
- One Million – 3:47
- Another Second Chance – 5:05
- Pretending – 2:37
- Crazy – 3:14
- Number One Fan – 3:51
- Wide Awake – 4:09
- R Is for Rocket – 6:31
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