Bom dia, boa tarde boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.
RECENT PLAYS
Por Bruno Leo Ribeiro
GATO CHAMADO CACHORRO
Esse texto é de plays recentes, mas poderia ser de Clássicos.
Confesso que o nome Norma Tanega já me era familiar, mas nunca havia dedicado tempo para ouvir um disco inteiro até descobrir que a música “You’re Dead”, da abertura da série “What We Do In The Shadows”, faz parte do disco de estreia da Norma.
O álbum “Walkin’ My Cat Named Dog”, com um nome maravilhosamente genial, é uma obra-prima que capta a essência da música folk dos anos 60. É uma obra extremamente versátil, irreverente e primorosa.
Norma Tanega nasceu em 1939 em Vallejo, na Califórnia. Ela foi uma cantora, compositora e artista visual, iniciando sua carreira artística no início dos anos 60, quando se mudou para Los Angeles e se envolveu com a cena musical local.
Em 1966, lançou seu álbum de estreia brilhante, que na época foi um marco e que, infelizmente (ou felizmente), só descobri após assistir à série há três anos. Além de sua música, Norma também ganhou destaque como artista visual, exibindo seu trabalho em galerias nos Estados Unidos e na Europa.
Após o lançamento de “Walkin’ My Cat Named Dog”, ela lançou outros discos, mas nunca conseguiu repetir o mesmo sucesso comercial. No entanto, este disco, que poderia ter guardado para compartilhar na Newsletter de Clássicos, deixou um legado que é sempre bom revisitar e jogar um holofote.
Sobre a música “Walkin’ My Cat Named Dog”, a letra descreve uma série de situações estranhas e improváveis, como andar com um gato chamado cachorro, pintar as unhas de verde e usar tênis com meias amarelas. Essas imagens surreais e irreverentes sugerem uma atitude despreocupada em relação às convenções sociais e às expectativas normais de comportamento.
Quando digo que o melhor disco do ano pode ser uma descoberta do passado, é exatamente sobre isso. Um álbum completamente perfeito que tem se mantido na história da música há mais de 58 anos e ainda está sendo descoberto por pessoas.
Eu descobri há pouco tempo, mas ainda dá tempo para você dar esse play também.
Por Vinícius Cabral
LICK THE STARS
Ando em uma fase mais cinematográfica do que musical, admito. Mas é claro que as artes se encontram com tanta frequência que não dá pra separar tanto as coisas.
É o que acontece com o 1º filme de Sofia Coppola, o curta Lick The Star, de 1998. O filme, cuja história gira em torno de um grupo de amigas numa high school americana, é o verdadeiro rrriotpalooza – na trilha e na história. Ouve-se The Amps (projeto paralelo da onipresente Kim Deal), Free Kitten (o clássico projeto da “rainha da porra toda”, Kim Gordon) e The Go-Go’s – todo o deleite punk feminista de sempre. O curta é inspirador, cheio de energia juvenil rebelde e dá pra assistir pelo Mubi, ou por aqui mesmo:
Para melhorar tudo, o final do filme veio para mim com uma surpresa; uma canção bizarríssima e contagiante de um projeto dos anos 90 que eu não conhecia (uau, existem ainda bandas dos anos 90 que não conhecemos?!): Land of the Loops. A banda é um exercício solitário de um desses malucos lo-fi que passam abaixo do radar a vida toda (calma, gente, ainda estou descobrindo). A música que encerra o filme está sorrateira, em um disco de 1996. Vou deixar a canção abaixo, como um gostinho, e fingir que não falei nada para vocês. Bjssss.
[bandcamp size=large bgcol=ffffff linkcol=333333 tracklist=false artwork=small track=1462600940 transparent=true]
Por Márcio Viana
UMA DUPLA DE ARREPIAR
Um da Paraíba, outro do Maranhão, Chico César e Zeca Baleiro vieram a se conhecer em São Paulo, a ponto de dividirem residência na cidade no início de suas carreiras, e desde então estabelecerem uma parceria que era mais de amizade e torcida um pelo outro do que prática, embora sempre houvesse um ou outro palpite nas respectivas obras.
Passadas décadas, agora a parceria se torna mais palpável, ainda que fazendo o caminho inverso: composto e gravado à distância, ao longo dos tempos de isolamento decorrente da pandemia da Covid-19, o disco Ao Arrepio da Lei chega agora às plataformas com 11 canções compostas por ambos, onde nota-se bem como a afinidade proporciona algumas pérolas. As letras são todas bem sacadas, com temas que já são esperados por quem gosta da obra dos dois cantores e compositores.
De fato, para mim, que sempre gostei dos dois cantores, o play representou a satisfação de quem sabia que a chance de me decepcionar seria zero. Obrigado Chico. Obrigado, Zeca.
Por Brunno Lopez
A MORIBUNDA MTV TROUXE ESTA DICA
Caos é a palavra de março. Tudo acontecendo ao mesmo tempo, canções de conforto não funcionam, informação brotando de todos os lugares e a única coisa que funciona é a TV por assinatura ligada ao acaso nos Hit’s dos anos 2000.
Entre tantos artistas e músicas já conhecidas, às vezes aparece alguma coisa que passou despercebida e é justamente esse tipo de pérola que devolve um mínimo de sanidade nesse turbilhão da modernidade adoradora de robôs e manifestações de mortos-vivos.
Veio aí o Take That, sem Robbie Williams, com a deliciosa ‘Patience’.
É o que precisamos? Provavelmente sim.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana