45 anos que o Judas Priest mudou os rumos do Heavy Metal

Lançado no dia 14 de abril de 1980, British Steel é influente, preciso, rápido e perfeito.

Quando pensamos nos maiores discos da história do Heavy Metal, sempre temos uma lista com certos consensos que não podemos ignorar. Master of Puppets, do Metallica, Paranoid, do Black Sabbath, The Number of the Beast, do Iron Maiden, e Reign in Blood, do Slayer, pra citar alguns dos clássicos. Alguns deles mudaram a história do metal, criando subgêneros e entrando no panteão dos ícones máximos do Metal.

Um dos discos desse cânone do rock pauleira foi lançado há exatamente 45 anos. No dia 14 de abril de 1980, a banda liderada pelo Deus do Metal, Rob Halford, junto com a dupla de guitarra lendária K. K. Downing e Glenn Tipton, com a precisão da enciclopédia do baixo Ian Hill e o ótimo baterista Dave Holland, lançou o British Steel. Um disco que juntou estética, riffs, peso e sonoridade radiofônica e simplesmente mudou completamente o jogo.

British Steel não é o disco musicalmente mais complexo do Judas Priest. A maioria das músicas é simples e direta, mas a lendária “Breaking the Law” já vale mais do que muita carreira. Esse hino máximo antiautoritário tem um refrão direto e básico, coisa que é bem mais difícil de se fazer do que complicar as coisas. O grande mérito dessa música é conseguir ser acessível e, ao mesmo tempo, Heavy Metal pra caralho.

Em British Steel, os solos e duetos de guitarra criaram um certo “padrão” que é seguido até hoje. De Iron Maiden a Slayer, passando pela ótima Crypta. Em “Rapid Fire”, a banda já fez um proto-Thrash/Speed Metal que centenas de bandas usaram como base pra velocidade, coesão e estrutura de vários subgêneros. Sem “Rapid Fire”, sem “Whiplash”, do Metallica, ou “Arise”, do Sepultura.

Outros hinos desse disco são “Metal Gods”, “The Rage”, “United” e “You Don’t Have to Be Old to Be Wise”. Músicas feitas pra colocar a jaqueta de couro, cinto com cartuchos de bala de fuzil, fazer o sinal de chifrinho com as mãos e bater cabeça. Músicas que deveriam ser aulas em escolas de música sobre o que é Heavy Metal.

Em apenas 28 dias, a banda entrou no Tittenhurst Park Recording Studios, uma propriedade residencial no interior da Inglaterra que antes era de John Lennon. Nesses 28 dias, a banda fez o que era necessário pra soar como a banda soava ao vivo, trazendo toda aquela energia crua, direta e catártica da banda extremamente precisa e os vocais grandiosos de Rob Halford.

Pra entender um pouco o contexto de como a banda estava com todos os astros alinhados, em uma das madrugadas, Glenn Tipton ficou tendo ideias de riffs e acabou acordando o Rob Halford, que ficou puto e falou: “Ei, Glenn! Abaixa esse volume porque não consigo dormir. São quatro da manhã! Parece que você tá vivendo depois da meia-noite (living after midnight)”. Nisso, Glenn olhou pra ele e falou: “Opa! Isso dá um ótimo nome de música. Olha esse riff aqui.” E o resto é história.

Uma das maiores músicas que tocam em eventos esportivos do mundo nasceu assim. Uma frase e um riff. Claro que a gente ama romantizar esses momentos, mas não podemos deixar de falar deles. Eu amo.

A banda não tinha noção do quão grande e inspirador esse disco seria durante as gravações com o produtor Tom Allom, mas foi. A força do British Steel vem do processo colaborativo e da sinergia de seus integrantes. Além de hinos inesquecíveis, o disco ainda conta com uma capa perfeita. Tudo deu certo.

Nesses 45 anos, muita coisa mudou na história da música, mas com certeza seus caminhos foram traçados na energia do British Steel.

Nos dicionários espalhados pelo mundo, o termo “Heavy Metal” deveria aparecer com um direto e simples: “Gênero musical: rock cheio de energia, com guitarras amplificadas e batidas fortes. Ex: British Steel, da banda Judas Priest.”


Ouça o British Steel.


Fizemos um episódio no nosso podcast sobre toda a discografia do Judas Priest.


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