28 de junho de 2021
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.
RECENT PLAYS
Por Bruno Leo Ribeiro
CARREGANDO
Um dos discos mais controversos da história do Metal com certeza é o Load do Metallica. Já dando um Spoiler do Especial que vai sair na semana que vem sobre o Metallica, já aviso que não falamos mal de nenhum disco e principalmente do Load.
Pra mim, o Load é um disco que o Metallica fez naturalmente. Era o som daquela época. Logo depois do estouro de bandas como Alice in Chains, Soundgarden e até Nirvana, o Metallica se aventurou pelo Hard Rock, cortou seus cabelos, colocou rímel nos olhos e fez o metaleiro true ficar com raiva. E toda vez que o metaleirinho true fica com raiva, eu fico feliz.
O Load é um disco ainda muito pesado e com ótimos riffs de guitarra e a essência da banda tá ali. Nem toda banda precisa ousar e testar outras coisas. AC/DC e Slayer tão fazendo o mesmo disco há anos e isso é bom. Mas algumas bandas se aventuram e fazem tanto barulho que podemos dizer que são essas que fazem a música evoluir.
Sem o Load, o New Metal talvez não seria possível. Talvez, pouca gente escutaria Metal hoje em dia sem o Load, mas o Metallica foi lá e fez. Um disco de Hard Rock com pitadas de metal com ótimas melodias e letras que falam de saúde mental, saudades e perdas.
Assim que o Load saiu, eu comprei o CD e ouvi até furar. Foi a primeira vez que ouvi uma música falando sobre saúde metal de um jeito tão claro. Foi realmente importante pra mim. Nunca achei fraco ou torci o nariz pra esse disco. Claro que não é o melhor disco do Metallica, mas com certeza é um dos melhores discos subestimados do rock pauleira da história.
Não tem como um disco que tem Bleeding Me ser um disco ruim. O Metallica fez um disco honesto, talvez um pouco longo demais, mas que vale a pena ouvir sem torcer o nariz.
Vão aí aquecendo os ouvidos pro Especial do Metallica que vai pro ar na semana que vem, onde conversei com um amigo meu aqui da Finlândia, o Daniel Motta, que tem um projeto de fotografia do Metal Underground de Medellín, da época que ele morou por lá. Confira o projeto aqui.
Por Vinícius Cabral
80 ANOS EM UM ÁLBUM
O pai eterno do rock nacional fez 80 anos. E estamos longe de mergulhar em sua discografia com a intensidade devida – claro que já estamos pensando em como corrigir isso.
De pronto, indico a bela homenagem que o pessoal do podcast Distorção fez, dando um panorama geral da carreira do mestre. Dos discos, é sempre difícil indicar um em específico, mas o escriba aqui concorda com a avaliação feita pelo nosso podcast colega (e irmão camarada) quando eles apontam que os anos 70 guardam as maiores pérolas do Tremendão. Semana passada foi uma delas – quase obscura – que fez minha cabeça: Pelas Esquinas de Ipanema, de 1978. Digo “quase obscura” porque, da sequência de discos incríveis dos anos 70, esse é um dos menos comentados e, atualmente, um dos que mais gosto de ouvir.
O álbum tem a incrível particularidade de ser totalmente acústico (não há guitarras na ficha técnica) e, ainda assim, ter um punch tipicamente roteiro (marca do Erasmão). Isso já fica claro na canção de abertura, a precocemente ambientalista Panorama Ecológico. A canção seguinte, Favelas e Motéis, é uma das minhas preferidas de toda a discografia do enorme Erasmo. E por aí vai … a tracklist tem espaço para um dos hits mais regravados do compositor: Meu Ego (absolutamente impecável aqui, em sua gravação original) e ainda traz uma versão escandalosa para a linda – e desconhecida – Verde, gravada originalmente uma década antes pelo também desconhecido intérprete Tuca. O disco, em sua temática ambiental, é estética e conceitualmente muito à frente do seu tempo.
Uma das enormes vantagens da versão deste disco nos streamings (printem isso, porque raramente irei repetir uma frase dessas) é que ela traz como Bonus Track a canção Os 7 Gatinhos, trilha original do filme homônimo de Neville d’Almeida (adaptação bem bacana da sórdida peça de Nelson Rodrigues). A canção é absolutamente incrível:
“Bem que eu falei / sangue se pode evitar”
Vida longa ao verdadeiro rei.
Ouça Pelas Esquinas de Ipanema aqui
Por Márcio Viana
BATE, CORAÇÃO
Pegando uma carona na postagem aí de cima, do Vinícius Cabral, registro aqui que o episódio do podcast Distorção que ele mencionou teve minha participação ao final, indicando coisas que venho ouvindo/assistindo/lendo.
Uma das dicas que dei foi sobre a banda britânica da cidade Brighton, o Tigercub, que lançou recentemente seu segundo álbum, As Blue As Indigo.
Descrevi a banda como uma espécie de Muse que tenha colocado um guitarrista e um baterista de heavy metal (talvez uma cruza de Muse com Helmet).
O destaque inevitável é para Stop Beating on My Heart (Like a Bass Drum), tanto no título maravilhoso quanto na sonoridade, aquela coisa de misturar a calmaria com o som pesado e apoteótico.
Sleepwalker, por sua vez, é mais peso quase o tempo todo, enquanto Funeral é suavidade pura, com direito a assobio. E vai assim do início ao fim do disco, com alguns momentos emulando o melhor do som grunge até.
Ainda não sei se entraria numa lista de melhores do ano, mas existe a chance, certamente.
Por Brunno Lopez
SEM PALAVRAS SUFICIENTES
Dá vontade de cometer um textão quando um lançamento nos impressiona não apenas sonoramente, mas visualmente também.
No caso do Leprous, eu já admirava a ideia prog inovadora, com um vocal impressionante e frases rítmicas imprevisíveis de uma banda que sabe dosar peso com melancolia. Mas esse single trouxe uma atmosfera evoluída de sua música, um toque refinado que respinga deliciosamente num refrão acessível – até dançante, se posso assim dizer.
O disco completo – Aphelion – chegará no dia 27 de agosto, porém, eu já sinto que não terei a menor dificuldade de arrastá-lo para a lista de melhores álbuns de 2021.
Até lá, assista este clipe com fones de ouvido e tenham a mesma humilde percepção que eu.
(Obrigado Bruno Léo pela indicação dessa banda)
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana