14 de Junho de 2021
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças.
LANÇAMENTOS
Por Bruno Leo Ribeiro
ECOS DA ALMA
Semana passada, a banda Brasileira/Holandesa Crypta, lançou seu disco de estreia chamado Echoes Of The Soul. Formada pelas brasileiras Fernanda Lira (vocal e baixo), Luana Dametto (bateria), Tainá Bergamaschi (guitarra) e a holandesa Sonia Anubis (guitarra), as ex integrantes da banda da banda de Thrash metal Nervosa, se juntaram a uma incrível dupla de guitarristas e se jogaram nas técnicas do Death Metal pra fazer um dos discos mais legais do metal de 2021.
O álbum com 10 faixas tem o tamanho ideal pra se ouvir e colocar no repeat com aquele gostinho de quero ouvir mais. A Fernanda Lira está cantando demais e a Luana Dametto tecnicamente está impecável com transições e viradas criativas, blast beats e muita precisão. A química entre a Luana e a Fernanda já conhecíamos do trabalho incrível que as duas fizeram na Nervosa, a grande novidade e personalidade das músicas vem da dupla de guitarristas Tainá e Sonia.
Riffs criativos e pesados, são quase uma viagem ao início do Death Metal da Flórida, mas com aquele toque de modernidade e influências de duelos de guitarra de grandes bandas como Judas e Iron Maiden. O disco tem energia e uma mixagem excelente e entra pra minha lista de discos mais bacanas do metal do ano.
O Metal em 2021 está muito bem. Fico feliz em ver que dá pra fazer metal sem seguir as tendências mais seguras de um público que é sempre complicado de agradar. O headbanger reclama do novo demais, mas também reclama do nostálgico demais. Sempre há comparações. Na minha cabeça não tem isso. Cada banda é uma banda e a gente tem que gostar dela pelo que ela é. E a Crypta é dessas bandas que chegaram chutando portas. Não vejo a hora da pandemia acabar e ver essa energia toda ao vivo. Viva o Metal. Viva o Metal do Brasil (e da Holanda também).
Ouça aqui o Echoes of the Soul
Por Vinícius Cabral
O POP NÃO TERGIVERSANTE DOS ANOS 20
Suor é o primeiro disco autoral do ícone infanto-juvenil Olivia Rodrigo, ex-High School Musical. O disco só pode ser ouvido e analisado por aquilo que ele é: o primeiro disco autoral do ícone infanto-juvenil Olivia Rodrigo, ex-High School Musical. Quem der um play esperando os hinos-perdidos-lado-B do John Lennon de férias na índia irá se frustrar. Mesmo quem embarcar nessa onda ~ Olivia ~ achando que a menina pode ser uma nova Billie Eilish, vai se frustrar. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. É melhor para todo o universo pop, e principalmente para a própria Olivia, fugir de comparações com a Billie.
Minha primeira questão com o disco é essa: quando emula um ASMR pop ao estilo-Billie, a performance não engrena. É importante registrar que Olivia Rodrigo tem voz própria, e é capaz de momentos originais e marcantes pelos próprios méritos. Méritos que já ficam evidentes na faixa de abertura, brutal – uma bela composição, com letra inspiradíssima e uma angústia adolescente que tanto marca o melhor rock em qualquer época. Where ‘s my fucking teenage dream – ela canta, com direito a distorção nos vocais, na bela música que dá o pontapé inicial em um disco errático e irregular, mas de energia notável.
A doçura do hit drivers license (o primeiro grande estouro do fenômeno Olivia Rodrigo de 2021) esconde um pouco o fato de que Olivia se dá melhor quando as guitarras aparecem e quando o instrumental ataca junto com letras que destacam suas inseguranças e paranóias. É o que acontece na bela deja vu, em jelousy, jelousy e, principalmente, em good 4 u – o grande destaque do disco. É um pop-indie de respeito, com voz própria. É pop pra cacete, diga-se (sem tergiversar). Mas o pop bem feito, ainda mais com guitarras e riffs criativos e uma performance real e honesta, é basicamente tudo o que eu preciso pra curtir um som.
No fim das contas, isso é tudo. Não é um bom disco, obviamente (os destaques são os citados acima mesmo, o resto são baladas pop enfadonhas), mas há elementos suficientes nele para apostarmos alto na artista. Com uma importante ressalva: se se deslumbrar demais com os maneirismos pop, sua carreira toda pode travar em redundância e irrelevância. O melhor futuro para Olivia me parece, certamente, apostar em um rock alternativo, achando sua voz em algum cantinho desse vasto universo.
Por falar nisso, é importante deixar registrado que o clima indie que marca os melhores momentos do álbum pode ser, também, oferecimento de Dan Nigro. O artista, da extinta – e medíocre – As Tall As Lions, emplacou até aqui uma carreira irretocável como compositor e produtor de artistas como Carly Rae Jepsen e Sky Ferreira. É um artista com faro para cantoras de personalidade e com uma habilidade interessante como compositor.
O destaque do trabalho, porém, é claramente Olivia Rodrigo. E já é bom a gente se acostumar: se o presente do rock são as cantoras-compositoras, o futuro do estilo está, claramente, nas mãos de adolescentes de 17 anos* – ou menos, como destacado pelo Márcio em nossa última newsletter.
*Olivia já fez 18, mas what the hell, cês entenderam!
Por Márcio Viana
A BAGUNÇA ORGANIZADA DE DANNY ELFMAN
Passaram-se 37 anos desde o primeiro disco solo de Danny Elfman, e 27 desde o último álbum de estúdio do Oingo Boingo, banda com a qual ficou conhecido, e da qual abdicou para seguir na carreira de compositor de trilhas sonoras, com direito a alguns Grammys e outros prêmios ao longo da carreira.
Considerando a frequência com a qual trabalhou com o cineasta Tim Burton, não é de se estranhar que seu novo trabalho faça jus ao título Big Mess e também soe como alguns filmes do diretor: aqui a esquisitice é permitida e incentivada, e as 18 faixas do álbum não se parecem umas com as outras, nem mesmo se parecem com as canções da banda de origem de Elfman (a bem da verdade, So-Lo, o primeiro dele, é uma viagem pelo synthpop em que o cantor é acompanhado de seus colegas de Oingo Boingo).
Dito isso, não espere uma Stay ou uma Dead Man’s Party. As referências aqui nos levam a coisas como Nine Inch Nails, os vocais por vezes lembram David Bowie (talvez da fase Earthling), e as orquestrações se misturam com os sons eletrônicos, mostrando o conhecimento que Elfman adquiriu ao longo dos anos fazendo música para sonorizar imagens.
Impressionam as guitarras pesadas em Just a Human, as cordas tensas em Love in Time of Covid (pois é), o baixão iniciando músicas como Native Intelligence (descambando para mais peso) e Better Times e o sintetizador fazendo os sons irritantes (mas legais) de Insects.
É um disco feito na quarentena, e parece representar bem o incômodo de Danny Elfman com o mundo. Não é um disco de audição fácil. Mas ainda bem que ele foi feito.
Por Brunno Lopez
CORAÇÃO, MENTE E ALMA
Tomei a liberdade de ser propositalmente precoce nessa indicação, pois o disco em questão só sairá por completo no dia 9 de julho. Porém, quando a fagulha do Hard Rock se apresenta, eu já acendo a fogueira – e não é porque estamos no período junino.
O Hardline já havia revelado dois ótimos singles desse álbum. Tanto “Surrender” quanto “Fuel To The Fire”, conseguem cumprir o papel de empolgar o mais rigoroso dos fãs. Mas faltava aquela desacelerada de bom gosto, que carrega o restante daqueles que ainda não estavam convencidos pra abraçar as canções vindouras. Sabe aquela baladinha encorpada, tradicional e obrigatória dentro desse estilo?
Pois bem. São exatamente todos esses elementos que “If I Could I Would” entregam.
E falando bem honestamente, todos nós não precisamos exatamente de Heart, Mind and Soul?
Não se espantem se este disco entrar na minha lista de Melhores de 2021. Pois de single já entrou.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana