
No dia 18 de maio de 2017, perdemos o vocalista Chris Cornell. Voz marcante da grande geração do rock de Seattle, ficou conhecido por sua presença de palco e voz poderosa. Há relatos de que sua voz era tão forte que ele já estourou microfones em gravações. Além desse poder, seu timbre é inconfundível.
Quando ouvi Soundgarden pela primeira vez com Spoonman, virei fã imediatamente. Fui atrás de tudo que podia da banda. No Superunknown, passei de fã para algo muito maior. Chris virou meu maior ídolo. Suas dores e letras entraram na minha alma e foram companheiros da minha adolescência. Na minha solidão de jovem sem saber o que fazer da vida, sua voz era meu melhor amigo.
Vivi o fim do Soundgarden com dor, mas aquelas músicas eram eternas. Um pouco depois, sua maior obra, na minha humilde opinião, o disco solo chamado Euphoria Mourning. Músicas como When I’m Down e Follow My Way se repetiam nos meus fones por meses. Anos. Décadas.
Seu projeto junto com os ex-Rage Against The Machine, Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk, me impactou muito na época. Esse Rage Against of the Garden era perfeito pra mim. Foi uma euforia máxima. Depois, em um filme da Marvel, uma nova música do Soundgarden. Logo depois, um disco novo. Amei como sempre.
Mas ainda faltava alguma coisa pra mim. ver o Soundgarden ao vivo ou seu show solo. Mas nunca consegui. E, por decisão do destino, logo depois de um show do Soundgarden, o Chris Cornell se foi. Sozinho em seu quarto de hotel. Não sei se doeu mais a sua perda ou saber da dor dele. Saber que ele estava ali sozinho.
Fiquei anos sem conseguir ouvir sua voz. Tentei várias vezes, mas nunca conseguia completar uma música. Em algum momento, a dor era maior e eu precisava pular a faixa. No grito em “Searching with My Good Eye Closed”, chorei de soluçar. Que saudade. Que dor.
E foi no dia 26 de maio de 2017 que ele finalmente descansou. No cemitério Hollywood Forever, em Los Angeles, seus amigos foram se despedir. Chester Bennington, do Linkin Park (que infelizmente iria também nos deixar meses depois), cantou “Hallelujah”. Logo ali, ao lado de onde Chris Cornell descansaria para sempre, Johnny Ramone já estava ali esperando.
Em abril de 2023, tive a oportunidade de me despedir pessoalmente do Chris. Fui ao Hollywood Forever cheio de medos, incertezas e dor. Sabia onde ficava o seu local. Dei de cara com o local do Johnny Ramone e sabia que ele estava ali perto. Andei mais alguns passos e vi, ali no chão, uma placa preta com seu nome: “Chris Cornell: 1964 – 2017. Beloved Husband and Father”. Quando percebi que estava ali, não consegui fazer mais nada do que chorar copiosamente.
Minha família estava comigo, e eles me deram um abraço e se afastaram, me dando todo o tempo necessário pro momento. Fiquei alguns bons minutos ali, olhando pra placa, com algumas palhetas e objetos deixados pelos fãs. Não levei nada pra ele. Apenas o meu amor por um ídolo que nunca conheci. Mas, ao mesmo tempo, eu conhecia ele como ninguém. Sua voz fez parte da minha vida. Ainda faz parte.

Me despedi de um amigo. Eu precisava desse encerramento de luto. Conversei em meus pensamentos com ele, e só consegui agradecer por tudo. Me abaixei, toquei a grama onde ele está e encostei na placa, dando um até logo. Segui meu caminho, recebendo outros abraços dos meus filhos e esposa. Foi um dia triste, mas especial.
Desde então, consigo novamente ouvir sua voz. Fiz as pazes com o luto e a tristeza. Mas, toda vez que escuto sua voz, parece que tudo aconteceu ontem. Ainda é muito recente. Ele faz falta demais em presença, mas, felizmente, sua voz será imortal. Porque ninguém nunca mais vai cantar como ele cantou.
Obrigado, Chris Cornell, por ter existido. Te amarei pra sempre. Até a próxima.
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