A máquina do tempo já existe e é um avião sueco

Em Gives Us The Moon, o The Night Flight Orchestra continua levando as pessoas sem escalas para os anos 70 e 80


Apertem os cintos e os fones de ouvido pois a viagem para as melhores décadas da música começa agora. Quem diz isso de uma forma mais profissional e com entonação de comissária de bordo não sou eu, mas a faixa de abertura desse disco impecável que faz qualquer pessoa arrumar as malas pra fugir desesperadamente do roteiro atual da música.

Assim que ‘Final Call‘ anuncia aos integrantes da banda para embarcarem, nós imediatamente decolamos para o destino prometido, começando com a pulsante ‘Stratus’, com seu tecladinho setentista-oitentista, a roupagem temática dançante e um refrão que nos obriga a imaginar a abertura de um seriado de ação antigo.

O cardápio do voo é diferente daquele das companhias comuns — que ultimamente só oferecem água, sachês de Giovanna Baby e biscoitos esfarelados. Da cabine do piloto até o último assento, é um open bar de rock clássico, europop e AOR. Tudo com um filtro nostálgico de bom gosto embalado pelos vocais envolventes de Björn Strid (quem já ouviu Soilwork sabe de quem estou falando).

A forma como todas as composições carregam linhas melódicas poderosas causa um efeito de fluidez raro, daqueles em que pular uma faixa configura crime inafiançável. Não existe turbulência capaz de distrair a experiência que sequência ‘Shooting Velvet‘, ‘The Beating Of A Heart‘, ‘Melbourne, May I’ e ‘Miraculous‘ proporciona aos passageiros.

Em ‘Paloma‘, temos uma pausa estratégica pra respirar o ar pressurizado. É tempo suficiente pra ganhar fôlego e encarar a ousada ‘Cosmic Tide‘, que coloca gospel chops com pedal duplo no primeiro andamento quebrado do álbum. E tudo isso sem perder musicalidade ou potencial de cantar junto.

O ponto de maior altitude é alcançado em ‘A Paris Point Of View’, groovada e dançante, direcionando o leme da aeronave para os últimos trechos antes do pouso. A tripulação comemora a incrível mistura das guitarras e teclados duetando com linhas vocais e corais ao fundo.

Em linhas definitivas, Give Us The Moon tem lugar pra todo mundo. É pop o bastante para deixar o ouvinte casual entretido, tem a pegada mais pesada para o fã de rock que só senta ao lado de riffs marcantes e tem a melodia viciante que faz a Suécia ser o aeroporto com maior decolagem de hits em todo o planeta.

Minha dica?
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