O melhor disco de 2006 mandou todo mundo pelos ares

Com Aeronautics, o Masterplan evoluía o conceito de power metal para altitudes que ultrapassavam a exosfera


Após o poderoso álbum de estreia que levava o nome da banda, o Masterplan decidiu ir além, alçando voos para territórios onde nenhuma outra banda concebida no power metal havia explorado. Um trabalho que até poderia ser considerado ousado demais, mas quando se tem Roy Z no comando de qualquer produção, a decolagem é inevitável.

Enquanto o Helloween excursionava pelo Brasil, divulgando o ambicioso Keeper of the Seven Keys – The Legacy, seus ex-integrantes davam vida a Aeronautics, um álbum de produção impecável e performances que fariam inveja até aos anos dourados de Roland Grapow e Uli Kusch em sua antiga banda. Reunir músicos tão gabaritados e coroar o projeto com a voz de Jorn Lande pode até soar como uma apelação, mas, neste caso, é apenas a receita para um resultado extraordinário.

Passeando pelas faixas, é perceptível o quanto eles conseguiram extrair a essência de cada um numa maturidade musical que causa aquele deslumbre imediato. Souberam brincar com os tempos de forma muito inteligente, despejaram refrões melodiosos e costuraram pedais duplos entre os riffs criativos sem repousar padrões que soassem clichês — algo bem desafiador dentro dessa cena. As intervenções de teclado foram meticulosamente encaixadas pra dar ambientação climática e ainda oferecer um protagonismo original. ‘Black in The Burn’ está aí pra não me deixar mentir.

Mas vamos voltar rapidamente para, ‘Crimson Rider’, que nos remete levemente à abertura de ‘Steel Tormentor’, lá do glorioso The Time Of The Oath.
A diferença é que aqui o motor é de um avião. E só. Daqui pra frente, nada mais soa como revisitação e fica difícil apontar qual canção pode ser favorita.

Poderia ser ‘Back For My Life’, com sua levada cadenciada e linhas vocais que capturam o mais desatento dos ouvintes casuais. Poderia ser ‘Wounds’, onde Uli Kusch apresenta seu virtuosismo à favor da música, combinando um prog acessível à roupagem acelerada e épica de guitarra e teclado. Inclusive, Alex Mackenrott brilha demais por aqui.

Quando chegamos em ‘I’m Not Afraid’, a sensação é de êxtase e uma certa apreensão pois a impressão é que nada do que vier em seguida pode superar a harmonia que as quatro primeiras canções trouxeram. Ledo engano. De ‘HeadBangers Ballroom’ até ‘Treasure World’, todas as certezas que possuímos colapsam. Mais do que ficar melhor, Aeronautics fica inesquecível.

E por falar em inesquecível, ouse passar ileso pela forma que Jorn Lande canta o verso da faixa 11: “I stumble in the muddy darkness lonely shadow chasing me”.


Faixas:

1. Crimson Rider
2. Back for My Life
3. Wounds
4. I’m Not Afraid
5. Headbanger’s Ballroom
6. After This War
7. Into the Arena
8. Dark from the Dying
9. Falling Sparrow
10. Black in the Burn
11. Treasure World


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