Lambrini Girls estreia com energia, irreverência e o punk necessário em 2025

Endossadas por ninguém menos que Iggy Pop, Corin Tucker e Carrie Brownstein (da banda Sleater-Kinney) e Kathleen Hanna (Bikini Kill e pioneira do movimento Riot Grrrl), a estreia das Lambrini Girls já coloca a música de 2025 em um nível altíssimo.

Será que esse hype em torno da estreia da dupla punk de Brighton, Inglaterra, formada por Phoebe Lunny e Lilly Macieira, é justificado? Spoiler: é real.

Tentei ao máximo evitar ouvir os singles do disco de estreia das Lambrini Girls. Se houve um ou outro single, não procurei. Esperei pelo disco completo para dar play e ouvir com atenção.

Logo de cara, o disco me empolgou. O som não é exatamente inovador, mas carrega uma irreverência e um senso de humor ácido que dá ainda mais significado às músicas. Não dá para desconectar o som das letras, nem do jeito visceral como Phoebe canta.

Um disco que inclui uma música chamada “Big Dick Energy”, com a frase “How big is that dick in reality? It’s not that big”, não pode ser ruim. Essa faixa, além do humor mordaz, acerta em cheio nos esquerdomachos que vemos por aí.

O tom do disco se mantém nessa linha: energia de sobra, irreverência e discussões importantes apresentadas de forma direta e sem enrolação – como o punk deve ser. Saber que é a nova banda favorita de Iggy Pop só aumenta a vontade de ouvir com mais atenção. E sim, o hype é real.

Receber o endosso de mulheres incríveis na música como Kathleen Hanna (Bikini Kill) e as maravilhosas Corin Tucker e Carrie Brownstein (Sleater-Kinney) deve trazer pressão. Mas a autenticidade das Lambrini Girls brilha, e elas canalizam essa energia sem deixar o hype atrapalhar sua música.

Crédito: Bridie Florence

O hype, aliás, muitas vezes é apenas uma forma de buscar validação dos veteranos para artistas mais novos. Mas na verdade não tem que ter validação nenhuma de ninguém. A nova geração não precisa pedir permissão. Eles têm que chutar a porta. Se os veteranos curtirem, ótimo. Se não, paciência.

Com um título como “Who Let The Dogs Out”, o álbum aborda violência policial, gentrificação, sexismo, direitos trans e muito mais. E faz isso sem cair no clichê ou parecer militante demais. É punk puro: direto, afiado e cheio de humor. A irreverência não diminui a importância das questões, mas torna a experiência de ouvir o álbum mais impactante – e até divertida.

Música é emoção, e “Who Let The Dogs Out” entrega isso de sobra. O ano começou com um disco em altíssimo nível, e o restante de 2025 que lute. Independentemente do que vier, este álbum já se firmou como um marco – a voz e a cara de 2025. E, neste ano, vamos precisar muito do grito das Lambrini Girls.


Ouça Lambrini Girls na sua plataforma favorita.