Gigantes, monstruosos e ainda muito necessários

Helloween incorpora os melhores momentos de sua história e entrega um respeitável 17º álbum

Os alemães das abóboras são um supergrupo dentro da mesma banda e isso, naturalmente, já é roubar no jogo. Pra sorte de toda a desgastada cena do metal, eles sabem usar com habilidade esse coringa raro de ter os três vocalistas de suas fases juntos. Claro que vão ganhar.

Se no homônimo Helloween o septeto já tinha sido encantador com o balanço de todas essas forças, em Giants&Monsters fizeram azeite de Curcubita pepo. Ao mesmo tempo que é novo, dá pra perceber a viagem que fizeram por cada disco, até os mais contestados, e entregaram a versão 2025 de algo que precisava mesmo existir.

De Keepers a The Dark Ride, de Pink Bubbles Go Ape a Rabbit Don’t Come Easy, a banda costura novos trajes para roupas que os vestiram muito bem há tanto tempo. E está na moda. “A Little Too Much” pode tranquilamente se enveredar pelas Hot 100 de uma Billboard da vida e fazer o jovem descolado incluir algum trecho em seu Tik Tok. (Evidentemente que isso é um reducionismo irônico, mas funciona pra explicar que mesmo em tanta pluralidade, tem uma absurda acessibilidade).

Quando o orgulho é deixado de lado, faixas como “Giants On The Run” podem nascer, com Deris e Hansen dizendo olá como se fosse uma simples música de abertura. Assim também surge “Savior Of The World”, com Kiske fazendo parecer que tem 17 anos e está deslumbrado com o power metal de outrora. Só que é de agora.

Tudo parece divino demais e talvez por isso “We Can Be Gods” passa essa exata sensação. Todos estamos ali no olimpo moderno vendo os deuses se reunindo pra ver quem canta a melodia mais bonita enquanto o pão de alho assa. Aqui, o instrumental acompanha as vozes celestiais e tornam o Helloween próximo da eternidade. Imagina quando servirem a picanha.

“Into the Sun” é o “Forever and One”, o “A Tale That Wasn’t Right” com whey protein, só que mais refrescante. Dá pra chorar sem culpa, dá pra sorrir de orgulho por estar vivo enquanto novos clássicos são escritos por personagens que se recusaram a deixar suas melhores glórias no passado.

“This is Tokyo” é o Andi no Pink Cream 69, é o Kiske no Place Vendome, é o Helloween em algum lugar onde o Hard Rock foi a melhor coisa que o mundo já produziu.

Daqui até “Majestic”, que fecha o disco, nada destoa.
O que fica, se é que ainda existe espaço para isso, é imaginar como Uli Kusch e Roland Grapow – o traidor – contribuiriam para esse som.

Fato é que Giants&Monsters é o registro mais poderoso dessa fase dourada do Helloween. Uma banda que soube reunir seus deuses enquanto eram capazes de operar milagres e, principalmente, atravessar o sinuoso mar do power metal em direção ao metal melódico moderno.

Abóbora na cesta básica já!


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