
31 de Maio de 2021
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.
RECENT PLAYS
Por Bruno Leo Ribeiro
A MÚSICA DO FUTURO É AGORA

Na nossa lista de melhores discos de 2019, o Márcio colocou o disco da Billie Eilish como um dos seus favoritos. Eu confesso que demorei pra dar play no disco “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?”. Conhecia “bad guy” e “when the party ‘s over”, mas nunca tinha parado pra ouvir o disco por completo.
Foi quando a Billie Eilish lançou o seu single mais recente chamado You Power, que eu fiquei absolutamente hipnotizado pela sua música e a simplicidade de muito bom gosto das produções do seu irmão Finneas O’Connell.
Foi aí que resolvi ir no disco de estreia da Billie e ouvir com calma. Bem… eu ouvi com calma pelo menos umas 10 vezes na semana passada. É realmente excelente.
Fazendo um review retroativo desse disco, posso confirmar que basicamente a música do futuro é agora. E a Billie faz parte disso. Um disco que poderia ter sido feito por uma banda de Rock (pra mim, ela e o irmão são uma banda). Quiçá, a Billie seja o Kurt Cobain da geração dela.
O disco flutua por várias nuances de estilos musicais, se transformando num vira-lata caramelo que tanto queremos. Sem gênero, sem nichos e sem rótulos. Por isso, qualquer pessoa pode gostar do disco dela. Não tem que ter guilty pleasure nenhum.
É popular? Muito! É mais que isso, é um meteoro. Já cansei de falar aqui que acho um absurdo as pessoas torcerem o nariz pra coisas que são populares demais. Elas não pararam pra pensar em nenhum segundo que a música pode ser realmente boa. Na verdade, a música pode ser incrível!
O “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?” é um disco nota 10 mesmo. Não vejo a hora de ouvir o novo disco da Billie que saí no final de Julho. Se vier com a mesma qualidade, verdade e inovação do primeiro, juntando com a ótima Your Power, parece que podemos ter o disco do ano.
Ouça aqui o disco de estreia da Billie Eilish
Por Vinícius Cabral
UM OCASIONAL GIRO PORTEÑO

O supergrupo Serú-Girán (da esquerda para a direita): Charly García, Pedro Aznar, Oscar Moro, David Lebón.
Vira e mexe eu caio no maravilhoso universo do rock argentino como presa fácil. Desta vez bastou uma menção ao histórico supergrupo Serú-Girán para que eu voltasse a ser arrebatado por esta banda perfeita e tão particular. Já falei neste espaço de seu – absolutamente incrível – La Grasa de Las Capitales, de 1979. Dessa vez, no entanto, me debrucei sobre o disco seguinte, Bicicleta, de 1980. Outro discão, que compõe brilhantemente a breve discografia da banda (que é curta e que ainda quero abordar neste podcast detalhadamente). Mais imerso no prog, o disco é um pouco mais arrastado, mas destaco um clássico fora do normal, que traz o brilhantismo de Charly García em cada compasso: Canción de Alicia En El País.
Daí não teve mais volta. Meus recent plays incluíram o primeiro disco solo do Charly García – o fantástico Yendo de La Cama Al Living, e diversos outros singles do artista. Nem dá pra me estender aqui nesta trajetória de Charly do Serú-Girán aos seus primeiros álbuns solo. O cara é uma espécie de John Lennon latino americano (ou seria John Lennon o Charly García deles?!).
Por pura ação das minhas sinapses (e não dos algoritmos, ufa!) fui parar em outra banda argentina que costumo dizer que é maior do que muitas gringas, a Patricio Rey Y Sus Redonditos de Ricota, digna de um culto absolutamente orgânico e histórico dentre nossos hermanos argentinos. É para o seu disco de 1986, o pós-punk comunista Oktobre, que dedico a indicação final desta minha participação na newsletter da semana. Não sem antes, é claro, deixar outra polêmica antropofágica no ar para vocês lidarem com ela: Patricio Rey Y Sus Redonditos de Ricota > Fugazi.
Bjs, tchau!
Por Márcio Viana
MUITO ALÉM DAS PRANCHAS, MAS AINDA SURFANDO

Houve uma época para os Beach Boys em que tudo era recomeço. Especialmente depois de Pet Sounds, do qual o Bruno Leo Ribeiro tratou na edição passada desta newsletter. E foi por conta do texto dele que eu resolvi começar a explorar a obra do grupo depois deste lançamento. Brian Wilson já havia pirado com a ideia de sempre se superar em termos de composição, o que lhe causou inúmeros problemas, inclusive a interrupção do sucessor de Pet Sounds, Smile, não lançado à época em que foi concebido.
Pois bem, foi então que eu parei no cinquentão Surf’s Up, de 1971, a partir da faixa-título, presente parcialmente nas sessões de Smile, e escolhida para nomear o álbum aqui tratado, retrabalhada com partes diferentes. Inclusive a gravação desta faixa contou com a indisposição de Brian Wilson por retomá-la, e foi completada usando sessões suas de 1966, junto com uma nova parte com vocais de seu irmão Carl.
Talvez seja até difícil tratar este disco como um clássico, inclusive pelos membros da banda, mas é um dos álbuns mais coesos do grupo, com grandes momentos instrumentais que bebem da fonte de um rock progressivo que ainda dava seus primeiros passos naqueles anos. É, a seu modo, uma retroalimentação interessante, já que os Beach Boys anteciparam muito deste movimento ao incorporar arranjos de cordas e metais em seu som ao longo dos anos.
Mas o fato é que o álbum tem muitos pontos altos, como Feel Flows, Lookin’ At Tomorrow, Disney Girls e Student Demonstration Time, adaptação de Mike Love para um tema de Leiber e Stoler, célebres compositores de clássicos de Elvis Presley.
Ainda há muito a ser descoberto neste período que sucede Pet Sounds, inclusive em coisas anteriores a Surf’s Up, mas posso dizer que comecei bem. Recomendo a tentativa.
Por Brunno Lopez
AMANDO ATÉ OS OSSOS

Desde 2017 eu espero – nem um pouco pacientemente – por qualquer registro sonoro dessa banda para favoritar de forma instantânea. Falo 2017 em específico pois foi ano do último lançamento do The Rasmus, o surpreendente Dark Matters.
Então vocês podem imaginar o tamanho da minha satisfação quando eles apareceram com um single maravilhoso, com toda a vibe densa e irresistível que caracterizou os últimos discos da banda.
“Bones” chegou como um presente dentro de uma época tão confusa e reflexiva. Quando somos fãs, isso parece ainda mais representativo, pois nos vemos numa situação inédita de precisar ouvir algo daqueles que admiramos.
Saber que um disco inteiro virá em breve também serve como um potencial estímulo para seguir em frente.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana