Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 93

03 de Maio  de 2021


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.  


RECENT PLAYS

Por Bruno Leo Ribeiro

KIM DEAL ❤️

Eu escutei tanta coisa nas últimas semanas, que foi bem difícil escolher um pra compartilhar com você e despertar sua curiosidade. Mas vou indicar o disco do The Breeders chamado Last Splash.

Mas o que faz esse disco tão bom e ser o escolhido entre os tantos que ouvi nos últimos dias? O maior motivo? Qualquer momento que a voz da Kim Deal aparece. 

Inspirado no episódio da semana passada sobre as mulheres que inventaram o Rock, fui ouvir quase tudo indicado pelo Vini e pela Maria, mas como sempre, voltei pro Breeders e toquei em loop por algumas horas.

Se você ainda não conhece The Breeders, é uma banda que é basicamente nasceu como um projeto paralelo da Kim Deal (baixista e backing vocal dos Pixies), e depois ela chamou sua irmã gêmea Kelley Deal (que dizem que nem sabia tocar guitarra, mas aprendeu na marra). 

Quando os Pixies acabaram ali por 1993, a Kim seguiu 100% nesse projeto que era pra ser paralelo, mas acabou virando principal e tá na ativa até hoje.

Pra ficar mais claro que banda é essa, basta escutar a música Cannonball, que tenho certeza que você já deve ter escutado durante sua vida.

A banda teve várias formações, inclusive, preciso estudar mais a história da banda e suas nuances, mas to aqui pra indicar um disco delas.

O Last Splash é um disco de Rock cru, com muitas melodias sensacionais e claro, a Kim Deal cantando que encanta qualquer um.

Músicas como Aloha, Invisible Man, Divine Hammer e Roi, vão mostrar quão dinâmico é esse disco. 

É um disco de 1993, que soa como um disco de 2010. Envelheceu muito bem e dá muito caldo caso você nunca tenha escutado inteiro. 

Vale muito a pena. E antes de fechar meu texto, vou só jogar uma mini polêmica aqui. The Breeders me emociona bem mais que Pixies. Espero que te emocione também 🙂

Ouça aqui Last Splash do The Breeders


Por Vinícius Cabral

REDEFININDO A MÚSICA INDIE 

Recentemente um artigo da Pitchfork chamou atenção. Nele se discutia a abrangência estética do disco do Merriweather Post Pavilion, trabalho de 2009 do Animal Collective, que era radical o suficiente para redefinir o indie. Por que então não foi isso que aconteceu? Há várias respostas para essa pergunta, e a principal, pra mim, é bem direta: eles foram longe demais. A primeira década dos 2000 viu bandas que na verdade eram pop, e nada mais (Strokes, Killers, até LCD Soundsystem de certa forma), se erguerem sobre a égide maltratada do termo indie

Nas profundezas o que se via era a resistência de uma cena indie real, agora em blogs, ao invés de zines, e em serviços de streaming e CDRs ao invés de fitas cassete. Foi a partir dessa trajetória que algumas bandas foram se firmando e construindo carreiras bastante livres (já que o termo indie havia sido sequestrado pelo mainstream, se podia fazer basicamente qualquer coisa no verdadeiro underground). Quando finalmente chegaram aos selos de médio porte, com maior visibilidade, bandas como Animal Collective, Deerhunter e Dirty Projectors não mudaram seu som, para deleite dos fãs de suas fases mais obscuras. Pelo contrário: seguiram inovando até bater em uma certa parede, que era, por fim, a própria limitação das esferas mais comerciais. Basicamente, o mundo não estava pronto, em 2009, para um disco como o Merriweather Post Pavilion

Uma década depois, o indie voltou a bater nesse lugar. Por um lado ele se resgata ao longo dos 2010s com expressões mais voltadas a uma espécie de “volta às origens”, qualificada e necessária: Big Thief, Mitski, Dry Cleaning, o próprio- mais famoso- Mac deMarco, entre muitos outros. Por outro, ele re-ocupa o lugar de uma experimentação ativa e inspiradora. A grande representante desse lado do indie rock em 2021 é a Spirit of The Beehive, com seu maravilhoso ENTERTAINMENT, DEATH

Basta ouvir Wrong Circle, a terceira faixa, pra localizar o Animal Collective “perdido”. Mas claro que eles vão além dessa filiação, com ideias próprias e novas – Give up Your Life e The Server is Immersed, por exemplo, são músicas que me espantam, pela familiaridade esmagada por um princípio muito único e novo de arranjo e produção. É um disco que não sai do repeat, e que certamente pedirá um review apropriado ao final deste ano. 

Ouça ENTERTAINMENT, DEATH aqui 


Por Márcio Viana

ROCK DE MINISTRO

Descobri por acaso o lançamento deste disco e passei o final de semana ouvindo. Para escrever este texto, fui pesquisar sobre o grupo e tomei conhecimento de que a banda tem um ministro em sua formação:

Augusto Costa é Ministro da Produção, Ciência e Inovação Tecnológica da Província de Buenos Aires. Nas horas vagas é baixista. Eventualmente, Costa se reúne com alguns músicos argentinos renomados, entre eles o grupo Mentalistas e Sebastian Rubin, conhecido por bandas como Rubin Y Los Subtitulados e Los Andes, para gravar composições próprias.

O resultado mais atual disso é o EP El Tiempo de Nuestro Lado, lançado sob a alcunha de Remanentes. Todas as composições são do ministro, que toca o baixo, enquanto Rubin se encarrega da guitarra e vocais. 

Ainda que o compositor seja Costa, o EP não foge muito do que já é conhecido na obra de Rubin: belas canções indie pop, ao estilo de bandas como Teenage Fanclub.

O grupo tem um registro anterior, de 2017, intitulado apenas Remanentes, vale conferir.

Ouça El Tiempo de Nuestro Lado aqui


Por Brunno Lopez

IMPOSSÍVEL. PARAR DE OUVIR.

Existem momentos cruciais escondidos em nosso dia a dia nos quais é preciso um determinado tipo de música que não fazemos ideia de qual seja, mas ela precisa tocar para salvar nosso cotidiano de uma inevitável implosão de tédio e lamúria.

Nesses casos, é preciso do impossível.

E ele acontece. Ao menos, aconteceu comigo no mais trivial horário comercial e se estendeu pelo resto da semana como um vírus sonoro viciante e potencialmente transmissível.

Apertem os cintos e preparem-se para realizar uma das poucas viagens permitidas nesse período de isolamento social: The Night Flight Orchestra vai decolar com seus melhores sentimentos e proporcionar um entretenimento fervilhante com o single “Impossibile”, sobrevoando as áreas mais tristes de sua existência e colocando sorrisos involuntários nessas localidades.

Apesar de ser uma banda de hard rock da Suécia, nessa canção em particular eles trazem uma atmosfera que remete a outra época, numa pegada mais pop-dançante. E assim como o título da faixa, é realmente “Impossibile” de ignorar os efeitos frenéticos que ela causa.

Lançada no ano passado, juntamente com um belíssimo cover de “Reach Out”, do Cheap Trick, essa música redefiniu todos os padrões de repeat que existiam em minhas plataformas de streaming.  

Ouça, dance, pule e pire aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana