15 de Fevereiro de 2021
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção.
NOTÍCIAS
Bruno Leo Ribeiro
#FREEBRITNEY
O Justin Timberlake, essa semana, pediu desculpas a Britney Spears e a Janet Jackson em um post no Instagram, uma semana depois do lançamento do documentário do New York Times sobre a Britney Spears. Essa “desculpa” com 20 anos de atraso, desencadeou uma onda de críticas sobre ele. Como eu mesmo disse… antes ele era apenas um babaca, agora ele é um babaca que pediu desculpas com 20 anos de atraso.
O pedido de desculpas pra Janet Jackson é por causa do show do Super Bowl de 2004, quando ele cantou algo do tipo, “Aposto que terei você pelada até o final dessa música”. Nesse momento, a roupa da Janet estava caindo e ficou com o seio de fora ao vivo pra milhões de pessoas em todo mundo.
O Justin disse que viu todas as mensagens, tags e comentários nas redes sociais nos últimos dias e que estava, “profundamente arrependido pelos momentos da minha vida em que minhas ações contribuíram para o problema, onde falei fora da hora ou não falei sobre o que era certo. ”. Ele ainda completou, “Eu entendo que falhei nesses momentos e em muitos outros e me beneficiei de um sistema que tolera a misoginia e o racismo”.
O documentário, “Framing Britney Spears”, que estreou no Hulu em 5 de fevereiro, inclui uma contextualização da reação sobre a separação do casal Justin e Britney, já que logo depois, ele saiu do N’Sync e lançou uma música deixando em aberto que a Britney teria traído ele. Sendo questionado se os personagens da música Cry Me a River de 2002 eram ele e a Britney, ele confirmava que sim. Outra coisa que gerou uma ataque na mídia em cima da Britney, foi sobre a sua virgindade, já que ela disse que só perderia a virgindade depois do casamento, mas o Justin afirmava que foi pra cama com ela.
O Justin sentiu a pressão e acabou se desculpando.
“Eu quero pedir desculpas pra Britney Spears e pra Janet Jackson individualmente, porque eu me importo e respeito essas mulheres e sei que fracassei.”
Enfim… Depois do Super Bowl e da cena com a Janet Jackson, ele ganhou Grammy e sua carreira foi catapultada, enquanto a Janet simplesmente desapareceu. Um otário de mão cheia que se beneficiou e agora que tão fazendo pressão, se faz de bom moço e pede desculpas. Que ele sinta as consequências dos seus atos, mas numa indústria extremamente racista e misógina, acho muito difícil. Se depender do Silêncio no Estúdio, ele nunca terá espaço (pra falar bem).
Vinícius Cabral
NÃO SE QUEBRAM MAIS GUITARRAS COMO ANTIGAMENTE (E AINDA BEM)
A perfeita Phoebe Bridgers contribuiu para aprofundar o hype em torno dela em uma apresentação antológica no Saturday Night Live. Acontece que ao final da segunda canção tocada, a linda I Know The End, Phoebe destruiu sua guitarra em um alto falante. Com o gesto, a artista não apenas acenou a uma verdadeira tradição da história do rock, como também a atualizou.
O jeito agressivo e radical com que ela despedaçou o instrumento contrasta diretamente com a ternura com que ela abraça a baixista da banda logo depois do gesto nervoso. Um momento profundamente sincero, de rara beleza. Após o desgaste energético de uma agressividade descontrolada, um abraço reconfortante. Praticamente um resumo da bipolaridade desses tempos malucos de passivo-agressividade, impotência, ódio e ternura, tudo misturado.
Mas é claro que a Internet ia dar um jeito de problematizar a situação. Teve desde boomer roqueiro perdido no século XXI achando o gesto “excessivo” ou “desnecessário”, até jovem militante de twitter esbravejando coisas como: “que absurdo quebrar uma guitarra em plena pandemia”, denunciando suposto privilégio branco (mano, sabe o Jimi Hendrix?!?!). Sinceramente, essa foi a coisa mais estúpida que eu li esse ano. Pau a pau com a máxima: “com as reformas a economia vai andar”. Terraplanismo argumentativo, de todos os lados.
A real é que a cena foi foda, e que é sensacional ver uma das minas que tem carregado o indie rock nas costas fazer algo que, de Pete Townsend e Jimi Hendrix a Kurt Cobain, esteve sempre associado à figura do rockstar usual, homem. Foi legal pra caralho. Será que dá pra curtir o momento?
Márcio Viana
WHEN THE WALLS COME TUMBLING IN
Embora eu seja alguém que sempre acompanha de perto os lançamentos do rock nacional, o Biquini Cavadão é uma banda que nunca me agradou. Muito disso se deve à voz de Bruno Gouveia, que aos meus ouvidos sempre soou um pouco exagerada, não sei dizer se na entonação, da maneira como ele pronuncia as frases, se uma junção de ambas as coisas.
A banda também, ainda que bem relacionada com outras do primeiro escalão (Herbert Vianna foi quem nomeou o grupo e tocou guitarra no single de estreia, Tédio), sempre soou para mim como um grupo menor, um ou dois degraus abaixo dos grandes nomes do estilo.
Dito isso, é uma grande surpresa observar um vídeo que foi colocado nas redes esta semana, fruto de um projeto do músico e produtor Patrick Laplan (saca o currículo: ex-baixista de Los Hermanos e Rodox, criador do projeto Eskimo e ex-músico de apoio do próprio Biquini): um vídeo em que Patrick, aqui tocando bateria, se reúne com o vocalista Bruno Gouveia e os músicos Guila (baixo) e Gabriel Ventura (guitarra), para uma gravação de Halo, do Depeche Mode, presente no álbum Violator.
Na interpretação, sugerida pelo próprio Bruno, o cantor suaviza um pouco os cacoetes presentes em seu trabalho autoral e quase emula o cantor Dave Gahan, sem deixar de colocar alguma originalidade.
Dada a surpresa com a qualidade do trabalho, me pergunto por que o Biquini Cavadão, que nos últimos anos se concentrou em regravações dos mesmos nomes de sempre, como Cazuza e Herbert Vianna, não investe em tentar trabalhar com novos produtores (talvez o próprio Laplan) e parcerias.
A explicação talvez esteja na necessidade de pagar as contas e para isso contar com o atalho fácil das músicas de sucesso em novas regravações. Mas eis a questão: não vai chegar a hora em que mesmo os fãs vão se cansar de ver os artistas sempre pegando os mesmos velhos caminhos?
Assista aqui Halo, com Patrick Laplan, Guila, Gabriel Ventura e Bruno Gouveia
Brunno Lopez
DONZELA DE FERRO DESFILANDO NO HALL DA FAMA DO ROCK?
É possível que aconteça.
Mas no que depender do Bruce Dickinson, a nomeação é perfeitamente dispensável.
Tudo bem que a declaração foi dada quando a banda ainda não havia sido indicada à premiação e o vocalista do Iron Maiden tinha razão em desdenhar do não reconhecimento deles.
Segundo Bruce, o Rock n’ Roll Hall of Fame “não passa de um evento comandado por americanos que não conseguiriam enxergar o que é o rock de fato nem se ele caísse na cara deles”.
A verdade é que os anos passaram e, talvez, os críticos do Tio San tenham aprendido a ver a verdadeira imagem do rock além de suas terras.
Afinal, o Iron Maiden finalmente foi indicado ao lado de outros nomes importantes do ‘rock’ e, se for um dos 5 mais votados, estará em Cleveland para receber a devida honraria.
Será que eles irão receber e se apresentar?
Eu espero que sim.
A lista ainda traz nomes como Foo Fighters,, Rage Against The Machine, Jay-Z, Tina Turner, New York Dolls, Fela Kuti, LL Cool J, Chaka Khan, Devo, The Go-Go’s, Carole King, Dionne Warwick, Kate Bush, Mary J. Blige e Todd Rundgren.
Vote nos seus favoritos aqui
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana