Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 8

16  de Setembro  de 2019


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter dessa semana é especial apenas com clássicos que se destacam na discoteca dos nossos colaboradores. Muita coisa velha, outras nem tanto, mas sempre com algo em comum: aquele “gostinho” de clássico. Discos que não saem da nossa cabeça e dos nossos corações, independente da época em que foram lançados!


IT’S A CLASSIC

Bruno Leo Ribeiro

TODO MUNDO QUER CONQUISTAR O MUNDO
A minha dica dessa semana é uma dica de clássico que soa como um disco de 2019. Quando pensamos em clássicos, muitas vezes pensamos em qualidade de gravação antiga, músicas em mono, com aquela corzinha de equipamentos analógicos, sem muito peso, sem muitos graves e coisas assim. Mas existem discos que soam atemporais. Se o disco Songs From The Big Chair do Tears For Fears fosse lançado esse ano, soaria moderno com um toque retrô. Quando lançado, era um disco moderno com sonoridade inovadora. “Culpa” do incrível produtor Chris Hughes, que tem trabalhos com apenas Robert Plant, Paul McCartney, Peter Gabriel, Bon Jovi, Tori Amos e muito mais. 

Sua visão de sonoridade e sua produção, pra até sugerir a banda pra mudar o nome e a letra de um dos maiores sucessos da banda “Everybody Wants to Rule The World”, onde ele acabou virando co-compositor junto com a dupla de geniais Roland Orzabal e Ian Stanley. 

É um disco que conta com outras pedradas como “Shout” e a ótima “Head Over Heels / Broken”. Viaje no tempo ouvindo esse disco maravilhoso e pense exatamente o que penso durante as músicas, “mas não é possível que esse disco seja de 1985!”. 

Ouça o disco aqui

Vinícius Cabral

DANIEL JOHNSTON- HI, HOW ARE YOU?
No dia 11 de setembro de 2019 o mundo perdeu Daniel Johnston. Eu perdi Daniel Johnston. Cada jovem enfurnado em seu quarto compondo canções viscerais e registrando-as da forma mais tosca possível (em fita, ou num laptop), perdeu Daniel Johnston. 

É por causa desse artista que, até hoje, eu insisto em levar minha expressão musical para o mundo, da maneira mais sincera possível. Toda vez que penso em desistir, eu lembro desse homem, que tinha surtos psicóticos, visões, alucinações e crises constantes, mas que nunca deixou de fazer o que sua alma comandava. Nunca deixou de cantar. Acho até ignorante (e um pouco insensível) que se atribua tão constantemente o gênio de Daniel à sua esquizofrenia. Será que ele não era apenas sensível demais para viver neste mundo? Será que sua obsessão pelo demônio não era só uma repulsa inconsciente ao imaginário católico ferrenho e conservador que o gerou e que, em qualquer circunstância “normal” o teria circunscrito a uma vida medíocre, embotando toda sua inspiração e talento? Será que Daniel simplesmente não rejeitou tudo isso, pretendendo viver neste plano com a simplicidade de uma criança ingênua, apaixonada pela vida, pela arte e por coisas tão simples quanto um refrigerante? Talvez. 

No início dos anos 80, tentando se encaixar em algum lugar, Daniel se mudou para Houston- Texas, onde despontou como uma revelação naïf, aparecendo até na MTV enquanto trabalhava no Mc Donald’s. Andava pra lá e pra cá com seus álbuns caseiros gravados em fitas cassete. Um deles era o Hi How Are You (an unfinished album), eternizado pela ilustração (de sua autoria também) de um sapinho cósmico, e reverenciado por absolutamente todo e qualquer fã de rock independente lo-fi. O gênio de Daniel está em cada imperfeição destas gravações caseiras, quase todas disponíveis online. O Hi Wow Are You é a apresentação perfeita, que nos convida a iniciar um mergulho sem retorno à obra deste cânone da história da música. 

Ouça aqui

Márcio Viana

CHORAVA TODO MUNDO, MAS AGORA NINGUÉM CHORA MAIS
Carlos, Erasmo (1971) representa uma mudança na carreira do gigante gentil Erasmo Carlos. No álbum, ele acrescenta ao seu rock and roll um pouco de soul e MPB mais tradicional, como por exemplo em De noite na cama, de Caetano Veloso. Outra regravação é Agora ninguém chora mais, de Jorge Ben (ainda sem o Jor), que aqui aparece num arranjo hendrixiano contagiante. Dessas de passar vergonha na rua, cantando alto e assustando transeuntes. O disco ainda traz canções que se tornariam clássicos do cantor, como Dois Animais Perdidos na Selva Suja (de Taiguara) e É preciso dar um jeito, meu amigo.

Há ainda Maria Joana, dele e de Roberto Carlos, com a frase “o amor vem em nuvens de fumaça”, para não deixar dúvidas sobre sua temática.

Se você acha que tudo isso é pouco, saca só a banda que foi a base da gravação: Lanny Gordin e Sérgio Dias nas guitarras, Arnolpho Lima Filho (ele mesmo, o posteriormente produtor Liminha) no baixo e Dinho Leme na bateria, ambos companheiros de Sérgio nos Mutantes.

Ouça sem moderação e capriche no sorriso.

Ouça aqui

Brunno Lopez

NOVAS LETRAS PARA AS CARTAS MORTAS FINLANDESAS
O tempo está passando rápido demais para considerarmos um disco de 2003 um clássico. Mas a verdade é que o Dead Letters, quinto álbum de estúdio do The Rasmus, fez aniversário este ano e – Thanks God – uma versão especial foi produzida para celebrar o lançamento. Ou seja, minha dica é um clássico e uma novidade ao mesmo tempo.

Seu antecessor, o Into, já havia conseguido relativo sucesso na Escandinávia e Alemanha, mas foi o Dead Letters que apresentou o grupo finlandês ao mundo. A música “In The Shadows” se tornou hit, ficando entre as 10 mais tocadas em 11 países.

Investiu-se tanto nessa faixa que existem 3 versões de clipe pra ela: a finlandesa, chamada de “Bandit”, a européia, intitulada “Crow” e a americana, de nome “Mirror”.

Entretando, outras canções do disco são ainda mais interessantes que este ótimo single. Os produtores Martin Hansen e Mikael Nord apresentam uma sonoridade única em todo o material, principalmente na incrível “In My Life” e na estonteante “Time To Burn”.

Era um respiro do rock alternativo com flertes no Hard Rock com pitadas nórdicas de um bom gosto impressionante. Foi aqui que me tornei fã incondicional de Lauri e sua turma.

Agora vai lá e leia também as cartas mortas de forma sonora e apaixonante dessa banda divinamente viciante. Já entrego o envelope assinado e verificado com selo de qualidade atemporal.

Ouça aqui o Dead Letters


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana