Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 75

28 de Dezembro  de 2020


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças. 


LANÇAMENTOS*

*Em nosso período de recesso, há também um recesso de lançamentos musicais. Em função disso, até a segunda semana de fevereiro de 2021 nossos colunistas ficarão à vontade para utilizar essa seção para falar de Clássicos, a não ser quando – e se – tiverem pautas de Lançamentos (os temas poderão ser destacados por asteriscos nos títulos). 

Bruno Leo Ribeiro
*Lançamento

NINGUÉM NUNCA VAI CANTAR COMO VOCÊ

“In my shoes

Walking sleep

In my youth, I pray to keep

Heaven send

Hell away

No one sings like you anymore

Esses são alguns dos versos de Black Hole Sun do gênio máximo e meu ídolo da vida, Chris Cornell. 

No One Sings Like You Anymore, Vol. 1 é o quinto e último disco de estúdio do Chris Cornell, lançado postumamente sem anúncio prévio pela Universal Music Enterprises em 11 de dezembro de 2020. O disco tem 10 covers gravados pelo Chris em 2016, incluindo covers do Harry Nilsson, “Jump into the Fire”, “Watching the Wheels” do John Lennon e “Nothing Compares 2 U” do Prince (quase ninguém sabe que essa música é dele, mas que ficou mais famosa com a Sinéad O’Connor).

O disco veio com um single do cover de “Patience” do Guns N ‘Roses, lançado em 20 de julho de 2020 no dia que o Chris Cornell faria 56. O single se tornou a primeira música solo do Chris Cornell a chegar no primeiro lugar na parada de rock mainstream da Billboard.

Cornell também havia lançado anteriormente “Stay with Me Baby” para a série da HBO, Vinyl. A esposa dele, Vicky Cornell, disse em um comunicado: “Este álbum é tão especial porque é uma obra de arte completa que Chris criou do início ao fim. Ele mal podia esperar para lançá-lo.”.

Nem tenho muito o que falar desse disco. Ainda dói escutar a voz dele, mas esse disco é um ótimo disco pra matar a saudades. Com dor… mas com uma das vozes mais lindas que a música já teve o privilégio de ter.

FELIZ ANO NOVO!

Se emocione com a voz do Chris Cornell aqui


Vinícius Cabral

WHOLE LOTTA MESS*

*Lançamento

Metade dos hipsters mais moderninhos do planeta terra ficaram dois ansiosos anos aguardando por um lançamento do Playboi Carti. No meio dessa espera angustiante a expectativa só aumentava a cada passo do artista, incluindo o fantástico feat dele em Almeda, da Solange e, claro, os muitos leaks de supostos singles e de supostos discos inteiros que deveriam ser o aguardado lançamento oficial – mas não eram. Eis que em pleno natal Carti decide soltar, finalmente, o tão aguardado, antecipado e copiado disco novo. Só tem um problema: dificilmente esse Whole Lotta Red pode ser reconhecido como um álbum. Trata-se, antes, de uma completa bagunça de canções soltas sem a menor pretensão de se concatenar em um conceito, ou mesmo de nos trazer hits avulsos “perdidos” em meio a uma seleção mal feita de canções. Não há nem hits aqui, diga-se, com a exceção, se muito, de duas ou três faixas.

Porque então estou destacando este lançamento, dentre tantos outros? Porque indicar um disco que me obriga, pela primeira vez na história desta newsletter, a fazer um review negativo? Bom, porque Carti merece – e pode – fazer ainda muito mais. No seu caso, o hype nunca é gratuito. Seu disco de 2018, o Die Lit, é um dos melhores álbuns daquele ano justamente porque rompia com todos os padrões do trap até então, exacerbando duas de suas características mais marcantes: a repetição e as inovações vocais. Em loops exaustivos, Carti trazia naquele disco sua “baby voice” em um desmonte completo de qualquer ideia tradicional de “flow”. Era, nesse sentido, um disco quase experimental que, por mais que carecesse de um cuidado técnico mais específico, deixava isso totalmente em segundo plano, dada a força que os ambientes das canções criavam, como cama para as intervenções alienígenas do jovem artista.

E não é que isso tudo tenha se dissolvido totalmente. na canção de abertura, Rockstar Made, e no single Meh, por exemplo, Carti mostra que ainda sabe apelar para aqueles recursos enquanto olha pra frente. Mas o disco é, realmente, um exercício impossível. Há canções aqui tão mal mixadas que parece que nossas caixas de som diminuem de tamanho quando entram os 808s. É tanta compressão que as canções abaixam de volume abruptamente para comportar o grave mal regulado. É o famoso excesso, que acaba fazendo um projeto inteiro naufragar por pura preguiça. Sim, a melhor definição para esse disco é realmente essa: é um trabalho preguiçoso. A impressão que dá é que o artista sentiu que “tinha que” lançar algo logo, dados os vazamentos ininterruptos e especulações constantes. Não faz sentido, porém, gastar muita energia com um trabalho que, evidentemente, foi acelerado para ser entregue de qualquer jeito ao público.

Nesse debate constante que travamos sobre os dilemas do formato álbum nos dias atuais, é terrível pensar que para a indústria o álbum realmente não é mais uma necessidade. Basta o artista lançar um conjunto de canções para se manter nas paradas e pronto, resolvido. Playboi Carti, no entanto, é capaz de fazer muito mais do que isso.

Ouça Whole Lotta Red aqui


Márcio Viana

SAIBA QUE AINDA ESTÃO ROLANDO OS DADOS*

*Lançamento

É engraçado: quando eu penso em discos de isolamento, se me permitem uma classificação assim, dada a nossa situação atual, eu raramente penso em algum disco de Paul McCartney, embora três deles tenham sido concebidos nesta condição e finalmente encaixados numa trilogia, com a chegada do incensado McCartney III, se é que ainda se pode incensar ainda mais a obra do velho Macca.

Quando penso em isolamento, penso mais em Nebraska, de Bruce Springsteen, e mais recentemente no grande Fetch the Bolt Cutters, de Fiona Apple, um dos melhores discos do ano do caos.

Mas a real é que os três álbuns de Paul McCartney trancado consigo próprio foram gravados com sua pompa e circunstância para representarem algo em cada um de seus propósitos: McCartney surgiu como a ruptura que alguém tinha que fazer com o legado dos Beatles e segurar toda a bronca por ser o primeiro a fazê-lo. McCartney II veio como o respiro após alguns anos brincando de ser líder de mais uma banda, os Wings, que a bem da verdade eram uma continuação da carreira-solo de Paul, vai. Ainda assim, foi uma ruptura, já que o ponto em comum entre os dois (e agora com o novo álbum) era o fato do artista gravar sozinho todos os instrumentos.

Porém, a bem da verdade, em McCartney III o dado já estava viciado e só poderia ter parado no número que ele queria. Afinal, o que significa se isolar hoje em dia, com aparato tecnológico, equipamentos melhores e uma distância mais curta para o mundo lá fora?

Dito isso, McCartney III não entrega uma Maybe i’m Amazed, sequer uma Coming Up, e isso não é necessariamente ruim. Pelo contrário, talvez seja melhor não criar essa expectativa e contentar-se com o entretenimento tranquilo que este senhor de seus setenta e oito anos nos oferece.

Também vale apontar que o repertório do disco é bastante coeso e criativo: eu fui me lembrar que Paul já foi um beatle lá pela oitava faixa, The Kiss of Venus. O encerramento, que remete aos acordes iniciais, com Winter Birds/When Winter Comes, também traz um pouco do talento do cantor com os temas acústicos, como bem sabemos desde Yesterday e mais tarde em Blackbird.

No balanço final, o que temos é novamente Paul McCartney procurando um abrigo para encerrar um ciclo com a segurança que precisa. Desta vez, porém, não está tão claro assim o que seria o objetivo do ex-beatle, já que antes da pandemia ele estava excursionando a todo vapor.

McCartney III foi lançado em 18 de dezembro, portanto não figurou nas nossas escolhas de melhores discos, tampouco nas menções honrosas, devido à escassez de tempo hábil para tal. Mas é provável que ganhe boas notas em publicações que façam seus rankings no início de 2021. 

Ouça McCartney III aqui


Brunno Lopez

PES 2021

O tradicional recesso de fim de ano proporciona não apenas aquele descanso merecido mas também o usual entretenimento eletrônico como o bom e velho futebolzinho virtual.

As trilhas sempre são uma atração, geralmente trazendo excelentes músicas enquanto estamos ali escolhendo qual time vamos jogar ou mesmo preparando a melhor estratégia pré-partida.

No caso do PES 2021, não foi diferente. Uma sequência bem variada de canções que, invariavelmente, empolgam e nos faz querer procurar as favoritas pra ouvir o tempo todo.

Minha favorita até agora é do grupo londrino The Big Moon, com a viciante “Your Light”. 

Ouça aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana