Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 71

30 de Novembro  de 2020


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças. 


LANÇAMENTOS

Bruno Leo Ribeiro

ASSASSINO SENDO MORTO

Eu sou meio contra os famosos “super grupos”. Quando uma galera de várias bandas se juntam pra fazer alguma coisa pra formar um super time e tentar algum sucesso comercial. Claro que existem alguns grupos que fogem do clichê de bandas fracas com músicos excelentes.

Cream, Temple of the Dog, Black Country Communion, Asia e Velvet Revolver são algumas bandas que fazem parte do time de super bandas que recomendo dar uma conferida. 

Nada melhor que entrar nesse time de super bandas fazendo uma mistura incrível de Mastodon com Sepultura / Cavalera Conspiracy. Sim. Temos essa banda e ela se chama Killer Be Killed.

O Killer Be Killed é um supergrupo fundado pelo Greg Puciato do The Dillinger Escape Plan, pelo Max Cavalera, que dispensa apresentações, e a banda também conta com o baixista e co-vocalista Troy Sanders do Mastodon e o baterista Ben Koller do Converge.

O primeiro disco da banda foi excelente e a banda melhorou ainda mais a qualidade no segundo disco Reluctant Hero.

O disco é cheio de riffs no estilo Sepultura, misturando o som melódico e nebuloso do vocal do Troy Sanders, com a agressividade do vocal gutural do Max Cavalera junto com o Greg Puciato, enquanto o ritmo pra bater cabeça vem da precisão do Ben Koller. Valeu demais ouvir esse disco e saber que a minha lista dos melhores do ano só acaba quando termina. Todo dia isso. Quando acho que já fechei a ordem… me vem mais um disco sensacional.

Ouça aqui o Reluctant Hero do Killer be Killed


Vinícius Cabral

O SOM AO REDOR

Já me parece bem claro como tendência nesse ano de isolamento(s), a concepção de obras intimistas, que além revelar seus autores em diferentes estados de vulnerabilidade, também são gravadas de modo a captar essa essência de forma orgânica.

Não poderia ser diferente em uma obra da frontwoman do Big Thief, banda que mandou em 2019. Mandou lançando dois álbuns impecáveis em um só ano, preenchendo uma discografia curta, mas já bastante robusta. Para seu novo trabalho solo, Adrienne Lenker (já figurinha carimbada por aqui) repete o feito, agora praticamente sozinha: lança dois discos de uma vez, mas que cabem em um único conjunto orgânico: songs/instrumentals.

O que se ouve nesses dois discos é exatamente o som de lugares (internos e externos). Gravado em uma choupana no meio do mato, de forma direta, simples, crua e com um clima assumidamente naturalista (que capta desde o chão rangendo até os suspiros mais profundos da artista), a obra estabelece o espaço de forma acentuada – e exacerbada no volume instrumentals. No que tange os espaços internos, é quase possível ouvir a mente dessa mulher (de história tão turbulenta), a partir de melodias e letras tão profundas e íntimas que chegam a nos iludir, achando que somos próximos da autora. Adrienne tem essa capacidade.

Com destaques óbvios (como Two Reverse, Anything e Zombie Girl), o volume songs mostra a artista no auge de suas habilidades como compositora, nos convidando para um universo único de canções urgentes, sutis e profundas. Enquanto isso, em instrumentals ela nos “mostra” os arredores, como o faz também nos visualizers para YouTube, compostos por imagens de câmeras na mão de árvores, mato, casa. Imagens amadoras que ilustram muito bem aquilo que ouvimos nas músicas: os espaços que Adrienne habitou em seu processo de criação.

Em um ano em que a percepção do tempo foi profundamente alterada, parece que realmente ficamos restritos aos espaços que ocupamos (no caso dos mais privilegiados, suas próprias casas). Adrienne vem nos mostrar, porém, que mesmo confinados, o que não falta (dentro da gente ou ao imediato redor) são espaços para habitar. E sua música nos habita, invadindo nossos cômodos e preenchendo os vazios que 2020 tem deixado em nós.

Ouça songs/instrumentals aqui


Márcio Viana

UM INSTANTE É O QUE BASTA ENTÃO, PRA REALIZAR UMA REVOLUÇÃO

Faz algumas semanas que estou ouvindo o primeiro álbum solo de Vanessa Krongold, do Ludov. A cantora, que assegurou que a banda continuará e em breve deve lançar algo novo, iniciou os trabalhos individuais há cinco anos, quando resolveu lançar alguns singles e seus respectivos videoclipes, um por mês.

Singular, o disco, inclui então as quatro faixas lançadas em 2015, Hoje, Concreto, Instante e Paciência, e junta a elas mais cinco, À Queima Roupa, Dois e Dois, Xeque-mate, Menú del día e Recomeço, em sons que, se não representam uma grande ruptura com a sonoridade do Ludov, carregam um pouco mais na sonoridade pop, com metais, teclados e até violino (tocado por Fernanda Kostchak, do Vanguart).

Curioso é que, aos meus ouvidos, o material lançado em 2015 foi o que soou melhor, em termos de letra e música. Quanto mais tenho certeza, mas eu sei que é ilusão, frase presente em Instante, é um dos grandes momentos do disco, e poderia muito bem estar nas paradas de sucesso, se ainda tivéssemos paradas relevantes. Que saudade do Disk MTV!

Ouça Singular aqui


Brunno Lopez

ATALHOS

Eu sempre gosto de escolher as trilhas completas, sem cortar caminho para justamente aproveitar melhor o trajeto.

Porém, quando se trata de 2020, atalhos se fazem mais do que necessários. E melhor ainda quando quem mostra essa possibilidade é uma voz que sentia falta há tempos: Meg Stock.

Em seu canal do Youtube, ela publicou um B-side inesperado e ao mesmo tempo reconfortante. Claro que um álbum inteiro aqueceria melhor os corações sedentos por novidades irresistíveis dela, mas esses “Atalhos” já contribuem para a formação de sorrisos antes de 2021.

Ouça aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana