Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 42

11  de Maio  de 2020


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção. 


NOTÍCIAS

Bruno Leo Ribeiro

O RICARDINHO QUE MUDOU O MUNDO
Mudar o mundo é relativo. Podemos mudar o mundo sendo gentil com uma pessoa aleatória na rua, trabalhando bem em alguma coisa que ninguém liga, guardando um lixo no bolso até achar uma lixeira, dando um sorriso simpático na rua, dizendo “bom dia” pra um desconhecido, tendo um amor, tendo um filho e por aí vai. Vocês entenderam. Mudar o mundo é relativo. Podemos mudar o nosso mundo. Nossa vida. Quem estamos por perto. 

Mas existem aquelas pessoas fora da curva. Pessoas especiais e visionárias que estavam preparadas pra quando a oportunidade apareceu (muitos chamam de sorte). Esses são poucos e não precisamos nos comparar com eles. Eles aparecem, fazem algo fantástico e mudam a vida de muita gente. 

O Little Richard foi um desses. Sem ele não teríamos o Rock como conhecemos, não teríamos os Beatles, os Rolling Stones, o Led Zeppelin e por aí. 

Imagine-se pegando uma máquina do tempo e esbarrando com o Little Richard criança e dizendo pra ele que música não tem futuro. Quando você volta pra 2020, não existe Rock no mundo. Imagina que tristeza.

Ele é um desses. Sem ele nada seria igual. Então fica aqui minha homenagem e agradecimento pela sua existência. Foi uma passagem incrível. Que ele descanse em paz.

O mundo nunca mais foi o mesmo depois que ele cantou com toda a energia do mundo “Awopbopaloobop alopbamboom!”.

Ouça essa playlist do Little Richard pra animar seu dia


Vinícius Cabral

10/10
Pois é, não se fala de outra coisa. 

COVID-19? 

Não, do disco novo da Fiona Apple

Nem ouço falar tanto da obra em si, mas o fato de ter “tirado” nota 10 na Pitchfork acabou sendo uma notícia à parte. Também pudera: o último felizardo a realizar a façanha havia sido o maldito Kanye West, em 2010 com sua obra prima My Beautiful Dark Twisted Fantasy. Eu mesmo, por ora, não falarei sobre o álbum da Fiona (que ainda estou digerindo, e bem lentamente como a própria obra pede), mas entrarei no assunto sobre o 10/10, porque afinal de contas, me intriga muito os critérios que os seres humanos (e publicações especializadas) utilizam para caracterizar objetivamente o que seria um “álbum perfeito”. 

Portanto, pra começar a entender, fiz abaixo uma lista de todos os 129 (ou algo assim) discos “premiados” com um 10/10 pela Pitchfork, em lançamentos “da época” e em reviews retrospectivos (a revista é de 1996, então imagino que esteja, aos poucos, ampliando seu catálogo de reviews de discos históricos, por exemplo). Logo abaixo dou a minha própria nota a cada álbum que eu conheço o suficiente para pontuar e me abstenho de pontuar os que não gosto ou os que ainda não digeri o suficiente. 

Antes que vocês achem que eu sou um vagabundo e não tenho o que fazer, vale um disclaimer: eu sou maluco … ponho algo na cabeça e não sossego até conseguir abrir um debate bacana sobre. No fim das contas, o mínimo que tô fazendo aqui é compartilhar uma baita lista de discos. 

Sem mais delongas, seguem os álbuns de nota perfeita da Pitchfork (por ordem de lançamento do disco, não do release):

Glenn Gould – The Goldberg Variations

– Não posso opinar

James Brown – Live at the Apollo

– Não posso opinar

Nina Simone – Nina Simone in Concert

– Não posso opinar

Otis Redding – Otis Blue

– Não posso opinar

The Beatles – Rubber Soul

– Minha nota: 9

The Beatles – Revolver

– Minha nota: 10

The Velvet Underground & Nico – The Velvet Underground & Nico

– Minha nota: 10

The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band

– Minha nota: 8,8

The Beatles – Magical Mystery Tour

– Minha nota: 6

The Velvet Underground – White Light / White Heat

– Minha nota: 8

The Beatles – The Beatles

– Minha nota: 9

Van Morrison – Astral Weeks

– Minha nota: 8,5

The Velvet Underground – The Velvet Underground

– Minha nota: 8,5

Neil Young & Crazy Horse – Everybody Knows This Is Nowhere

– Minha nota: 10

Captain Beefheart & His Magic Band – Trout Mask Replica

– Minha nota: 10

The Band – The Band

– Não posso opinar

The Beatles – Abbey Road

– Minha nota: 7

Led Zeppelin – Led Zeppelin II

– Não quero opinar

The Velvet Underground – Loaded

– Não posso opinar

Neil Young – After the Gold Rush

– Minha nota: 9

Alice Coltrane – Journey in Satchidananda

– Não posso opinar

Serge Gainsbourg – Histoire de Melody Nelson

– Minha nota: 10

The Rolling Stones – Sticky Fingers

– Não posso opinar

Joni Mitchell – Blue

– Minha nota: 10

Carole King – Tapestry

– Minha nota: 10

Can – Tago Mago

– Minha nota: 10, 11, 1.000…essa porra não dá nem pra botar nota!

David Bowie – Hunky Dory

– Não posso opinar

Nick Drake – Pink Moon

– Não posso opinar

The Rolling Stones – Exile on Main St.

– Não posso opinar (não quero, tbm…)

David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars

– Minha nota: 8,8

Roxy Music – For Your Pleasure

– Não posso opinar

Joni Mitchell – Court and Spark

– Minha nota: 9

Brian Eno – Taking Tiger Mountain

– Não posso opinar (mas quero muito)

Bob Dylan – Blood on the Tracks

– Não posso opinar

Led Zeppelin – Physical Graffiti

– Não posso opinar (nem nunca opinarei, talvez)

Neil Young – Tonight’s the Night

– Não posso opinar

Bruce Springsteen – Born to Run

– Não posso opinar

Brian Eno – Another Green World

– Não posso opinar (mas quero muito)

Joni Mitchell – The Hissing of Summer Lawns

– Não posso opinar

Stevie Wonder – Songs in the Key of Life

– Não posso opinar (mas preciso, eu sei)

David Bowie – Low

– Minha nota: 10

Pink Floyd – Animals

– Não posso opinar

Fleetwood Mac – Rumours

– Não posso opinar

Television – Marquee Moon

– Minha nota: 10

David Bowie – “Heroes”

– Não posso opinar

Brian Eno – Before and After Science

– Não posso opinar (mas quero!)

Wire – Pink Flag

– Não posso opinar

Elvis Costello – This Year’s Model

– Minha nota: 10

Steve Reich – Music for 18 Musicians

– Não posso opinar (claro que é um 10, mas sei lá…)

Wire – Chairs Missing

– Não posso opinar

X-Ray Spex – Germfree Adolescents

– Não posso opinar

The Philip Glass Ensemble – Einstein on the Beach

– Não posso opinar (claro que é um 10, mas sei lá…)

Joy Division – Unknown Pleasures

– Minha nota: 8, mas daria um 2,5 feliz, feliz… (entendo a influência, mas detesto esse disco, fazer o quê??)

Michael Jackson – Off the Wall

– Não posso opinar

Public Image Ltd – Metal Box

– Não posso opinar

Throbbing Gristle – 20 Jazz Funk Greats

– Não posso opinar

The Clash – London Calling

– Minha nota: 10

Joy Division – Closer

– Minha nota: 9, mas daria um 5,5 (só pela influência mesmo…continuo odiando)

Prince – Dirty Mind

– Não posso opinar

Talking Heads – Remain in Light

– Minha nota: 10

Glenn Branca – The Ascension

– Minha nota: 10, 11, 1.000…essa porra não dá nem pra botar nota!

XTC – English Settlement

– Não posso opinar

Bruce Springsteen – Nebraska

– Não posso opinar

Prince – 1999

– Não posso opinar

Liquid Liquid – Optimo

– Não posso opinar

R.E.M. – Murmur

– Não posso opinar (pra mim é polêmico…)

R.E.M. – Reckoning

– Não posso opinar (idem)

Prince and The Revolution – Purple Rain

– Não posso opinar

Metallica – Ride the Lightning

– Não posso opinar

The Replacements – Let It Be

– Não posso opinar

The Smiths – Hatful of Hollow

– Não posso opinar

Kate Bush – Hounds of Love

– Não posso opinar (mas quero!)

Metallica – Master of Puppets

– Não posso opinar

The Smiths – The Queen Is Dead

– Minha nota: 10, mas um 6 se fosse só gosto pessoal (entra na categoria do Joy Division…não gosto, MAAAAAS)

Prince – Sign “☮” the Times

– Minha nota: 10

Guns n’ Roses – Appetite for Destruction

– Não posso opinar

Pixies – Surfer Rosa

– Minha nota: 10

Public Enemy – It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back

– Minha nota: 10

Talk Talk – Spirit of Eden

– Não posso opinar

Sonic Youth – Daydream Nation

– Minha nota: 10

My Bloody Valentine – Isn’t Anything

– Minha nota: 7,5

De La Soul – 3 Feet High and Rising

– Minha nota: 9

The Stone Roses – The Stone Roses

– Minha nota: 9

Pixies – Doolittle

– Minha nota: 10, 11, 1.000…essa porra não dá nem pra botar nota!

The Cure – Disintegration

– Não posso opinar

Beastie Boys – Paul’s Boutique

– Minha nota: 10

Galaxie 500 – On Fire

– Não posso opinar (mas deverei em breve)

Public Enemy – Fear of a Black Planet

– Minha nota: 10

A Tribe Called Quest – People’s Instinctive Travels and the Paths of Rhythm

– Não posso opinar (mas deverei em breve)

Cocteau Twins – Heaven or Las Vegas

– Não posso opinar

Slint – Spiderland

– Minha nota: 8,5

Nirvana – Nevermind

– Minha nota: 8,5

My Bloody Valentine – Loveless

– Minha nota: 10, 11, 1.000…essa porra não dá nem pra botar nota!

Talk Talk – Laughing Stock

– Não posso opinar

Pavement – Slanted & Enchanted

– Minha nota: 10, 11, 1.000…essa porra não dá nem pra botar nota!

PJ Harvey – Rid of Me

– Minha nota: 10

The Smashing Pumpkins – Siamese Dream

– Minha nota: 8,6

Liz Phair – Exile in Guyville

– Não posso opinar

Nirvana – In Utero

– Minha nota: 10

Pavement – Crooked Rain, Crooked Rain

– Minha nota: 10, 11, 1.000…essa porra não dá nem pra botar nota!

Hole – Live Through This

– Minha nota: 9,3

Nas – Illmatic

– Minha nota: 10

Weezer – Weezer

– Minha nota: 9

Björk – Post

– Minha nota: 10

The Notorious B.I.G. – Ready to Die

– Minha nota: 10

Radiohead – The Bends

– Minha nota: 6,5

Mobb Deep – The Infamous Mobb Deep

– Não posso opinar

Genius/GZA – Liquid Swords

– Não posso opinar

Weezer – Pinkerton

– Minha nota: 9,5

DJ Shadow – Endtroducing…..

– Minha nota: 10

Elliott Smith – Either / Or

– Minha nota: 10

Radiohead – OK Computer

– Minha nota: 8,9

Spiritualized® – Ladies and Gentlemen We Are Floating in Space

– Minha nota: 10

Björk – Homogenic

– Minha nota: 10

Modest Mouse – The Lonesome Crowded West

– Não posso opinar

Neutral Milk Hotel – In the Aeroplane Over the Sea

– Minha nota: 10, 11, 1.000…essa porra não dá nem pra botar nota!

Boards of Canada – Music Has the Right to Children

– Minha nota: 10

Bikini Kill – The Singles

– Minha nota: 10

The Dismemberment Plan – Emergency & I

– Não posso opinar

D’Angelo – Voodoo

– Não posso opinar

Ghostface Killah – Supreme Clientele

– Não posso opinar

Radiohead – Kid A

– Minha nota: 9,5

John Coltrane – The Olatunji Concert: The Last Live Recording

– Não posso opinar

…And You Will Know Us by the Trail of Dead – Source Tags & Codes

– Não posso opinar

Wilco – Yankee Hotel Foxtrot

– Minha nota: 10

J Dilla – Donuts

– Não posso opinar

Kanye West – My Beautiful Dark Twisted Fantasy

– Minha nota: 9

The Beach Boys – The Smile Sessions

– Minha nota: 10

William Basinski – The Disintegration Loops

– Não posso opinar

Fiona Apple- Fetch the Bolt Cutters 

– Não posso opinar (é claro que é um 10, gente…eu só preciso conseguir concatenar as coisas)

Me desculpem por isso!


Márcio Viana

O SHOW DE TODO ARTISTA TEM QUE CONTINUAR
No episódio n.° 56, sobre Censura na Música, uma de nossas lembranças foi da música O Bêbado e a Equilibrista, composição de Aldir Blanc e João Bosco, brilhantemente interpretada e imortalizada por Elis Regina. Aquela poesia em forma de canção acabou por se tornar um hino da anistia e da luta pela liberdade, uma vez que sua letra esperançosa por melhores tempos falava do sonho do retorno ao país dos exilados pela ditadura militar, e inevitavelmente tornou-se também o trabalho mais conhecido da dupla.

Eis que 2020 e seu monotema, a pandemia da covid-19, escolheu levar, entre tantos outros inesquecíveis, nosso Aldir Blanc, autor de cerca de 500 músicas, das quais podemos destacar, além da citada, maravilhas como Amigo é para essas Coisas, Resposta ao Tempo e Dois pra lá, Dois pra cá.

E foi assim, com a perda e com a constatação de que eu não conheço 1% de sua obra, que eu resolvi pegar o atalho das playlists prontas para tentar entender um pouco mais sobre tão importante figura de nossa música. A princípio, numa busca rápida no Spotify, não encontrei uma lista This is Aldir Blanc. Procurei então pelo nome do artista, e encontrei um álbum dele próprio, tardiamente introduzido a uma carreira-solo, além de uma coletânea da série Disco de Ouro, compilando sucessos de sua parceria com João Bosco.

Hoje, a tal lista This is Aldir Blanc já existe oficialmente pelo Spotify, mas não sei se ajuda muito: não vejo ali um trabalho de curadoria, é só um apanhado de canções tagueadas com seu nome, um trabalho de inteligência artificial não muito inteligente, uma vez que despreza a interpretação de artistas como Elis Regina, Beth Carvalho e Martinho da Vila para suas composições, já que as gravações não explicitam diretamente quem é o autor no título, informação restrita às fichas técnicas.

Por fim, isso me leva a pensar em duas coisas: 1) ainda é muito difícil conhecer a obra específica de um compositor, por conta dessa ausência de um curador que ajude a mapeá-la. E 2) há muito a se fazer em relação à indexação de títulos dentro das plataformas de streaming para garantir uma experiência completa. Enquanto confiarmos essa tarefa a robôs, não vejo evolução. Prefiro que haja, por trás de cada escolha e catalogação, um coração batendo. De preferência, ao ritmo das canções que Aldir nos deixou.

Veja aqui Elis Regina interpretando O Bêbado e a Equilibrista


Brunno Lopez

I WANNA STAY HOME
Por mais que pareça um título referente ao momento monotemático que vivemos, posso afirmar que talvez não seja 100% sobre isso. Na verdade até é, se formos considerar que o material do qual discorrerei foi criado unicamente em razão da quarentena.

É fato que a reclusão contribuiu na produtividade de diversos artistas – pro bem ou pro mal, claro.
Mas aqui, acredito que estejamos do lado positivo da força fique em casa.

Os motivos? Vários.
Mas só darei 2 pois o nosso querido companheiro Vinícius Cabral já utilizou brilhantemente o espaço dessa news. (LOL)

1º: Um cover.
Todos vocês sabem que sou um admirador de versões criativas de músicas que, na maioria das vezes, soam mais interessantes que as originais.

2º: Mike Portnoy.
Pois é.
É quase impossível não apreciar os milhares de projetos do eterno ex-baterista do Dream Theater. Já citei vários por aqui e muitos deles conseguiram entrar na minha lista de favoritos.

E assim, preso no seu lar com muito tempo e equipamentos disponíveis, o ilustre estudante de Berklee juntou umas pessoas – incluindo sua filha Melody Portnoy – e gravou um cover interessantíssimo de uma banda bem peculiar de power pop que obteve relativa popularidade no circuito de clubes de Los Angeles nos anos 90: o Jellyfish.

São tempos pesados sim mas esse vídeo me deixou leve.
Espero que deixem vocês também.

Assista ao vídeo aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana