Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 34

16  de Março  de 2019


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção. 


NOTÍCIAS

Bruno Leo Ribeiro

ACONTECENDO MUITA COISA
Tá rolando tanta coisa em 2020 que tá difícil até de acompanhar. Mas como aqui o trabalho não para, vamos para o que achei de destaque nas últimas semanas pra você ficar ligado nas novidades do mundo da música – pelo menos pro meu gosto 😄 .

Depois de Led Zeppelin, agora Dio – Em Thor: Ragnarok, tivemos Led Zeppelin na trilha durante o filme e agora no próximo filme da franquia da Disney, teremos “Rainbow In The Dark” do nosso querido Dio. A esposa do Dio, Wendy Dio, disse que a Disney entrou em contato com ela para pedir o licenciamento da música para o filme. Não sabemos qual cena será, mas com certeza vai adicionar bastante no filme do herói mais Heavy Metal da Marvel. O filme está previsto pra estrear no dia 5 de novembro de 2021.

Assistindo em tempo real uma obra de arte ser feita – O nosso grande baterista Danny Carey do Tool, finalmente, depois de muitos anos, soltou junto com a marca de baquetas Fic Firth, um Drum Cam, tocando a música Pneuma num show em Boston. A qualidade está maravilhosa e ver o Danny Carey tocando é como se estivéssemos vendo o Michelangelo pintando a Capela Sistina. Assista aqui essa maravilha.

Clube de Assinantes de Vinil – do Metallica! – Uma das coisas que estão ajudando nas vendas de vinil são os clubes de assinatura. Você paga uma mensalidade e recebe vinis recomendados pelo correio todo mês pra aumentar sua coleção. Existem várias empresas fazendo esse serviço nos EUA e Europa como: “Vnyl“, “Turntable Kitchen“, “Feedbands“, “Stylus Vinyl“, “Vinyl Me, Please” e muitos outros. Mas agora quem entrou neste seleto clube foi o Metallica. A assinatura custa 50 dólares por mês e inclui tiragens exclusivas da banda, colecionáveis, cartão de membership e muito mais. Nesse teste, apenas 50 pessoas vão poder assinar e ano que vem, novas vagas para esse clube serão abertas. Olha o Metallica testando um novo movimento pra salvar o formato físico da música. Queira ou não, eles estão certíssimos de novo :).


Vinícius Cabral

COMO RATINHOS DE LABORATÓRIO…
A grande novidade da indústria musical parece ser o lançamento de álbuns em etapas. Não se trata mais de lançar teasers ou singles prévios, o que já é bastante comum e institucionalizado, mas de disponibilizar boas partes dos discos (às vezes a metade) antes da data de lançamento.

Não pode se dizer (ainda) que se trata de uma tendência, mas é algo que tem sido experimentado por artistas consagrados. Grimes, Moses Sumney e até BTS são exemplos hiper recentes. No caso do BTS, antes de seu último disco, Map Of The Soul: 7, a banda havia lançado um EP em abril de 2019 (!!!) que é basicamente a metade do disco lançado recentemente (o EP se chamava Map Of The Soul: Persona). Os dois trabalhos estão online nas plataformas, apesar do Map Of The Soul: Persona ser, basicamente, um EP extraído de um disco maior que só seria lançado muitos meses depois.

No caso da Grimes a coisa é menos estranha, mas não menos preocupante: aos pouquinhos as canções foram sendo liberadas até que quase metade de seu disco novo, Miss Anthropocene, estivesse no ar antes da data de lançamento. E a estratégia vem sendo repetida por diversos artistas, quase sempre nos mesmos moldes. Com Moses Sumney a coisa é complexa; com data de lançamento prevista para maio, seu próximo álbum, o disco duplo grae, já teve sua primeira metade inteira liberada nas plataformas, com direito a review e tudo.

Bizarro, não?

A estratégia é clara. Trata-se de tentar prolongar ao máximo o interesse e a atenção dos fãs. Não é à toa, claro, que alguns identificam nos modelos de mercado virtuais dos nossos tempos a expressão auto explicativa “economia da atenção”. Quanto mais tempo a gente gastar em torno de um álbum, menos risco ele correrá de ter os plays concentrados nas semanas (quiçá meses) seguintes ao lançamento e descartado assim que hype passar. Mas será que isso é uma tentativa de tornar o álbum mais relevante na “era das playlists” ou mais um tiro no pé da indústria musical?

Para mim, como já tenho deixado bem claro por aqui, é preocupante lidar com música (e especificamente com o formato álbum) utilizando a lógica imediatista e guiada por injeções de dopamina da internet atual. Foi nessa ratoeira biotecnológica que decidi ouvir a primeira parte do disco do Moses … e não bateu! Será que quando a obra completa estiver entre nós eu já não estarei inclinado a não gostar?

Não dá pra afirmar nada ainda. A única coisa que eu sei, com certeza, é que nada consegue substituir (ainda) a recepção completa de um disco, seja ele qual for. Quando os artistas os estruturam, com todos os detalhes, pensando na ordem das faixas, na arte gráfica etc, me parece evidente que todos eles esperam que a recepção seja integral, e não “picada” em vários teasers que, no fim das contas, podem até contar contra o trabalho. Um álbum é uma obra, e mesmo que carros passem a voar e habitações sejam erguidas em Marte, não vejo nada que possa mudar essa realidade.


Márcio Viana

NOBODY TOLD ME THERE’D BE DAYS LIKE THESE

Compareci nesta última sexta-feira (13) à inauguração da exposição John Lennon em Nova York por Bob Gruen, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo.

A mostra, que teve no sábado a presença do fotógrafo Bob Gruen, retrata o artista, em boa parte do tempo acompanhado da esposa Yoko Ono, no período em que este fixou residência nos Estados Unidos, de 1971 até o fatídico dia em que foi assassinado pelo fanático Mark Chapman. Lennon completaria 80 anos este ano. Passaram-se quase 40 anos de sua morte, o mesmo tempo de vida que teve até que ela fosse interrompida.

Ocorre, porém, que vivemos momentos complexos, como poderemos notar nas demais notícias, e uma exposição que normalmente estaria lotada dessa vez tinha pouquíssimas pessoas presentes, ao menos no horário em que passei por lá (oito da noite). Não duvido que o MIS, a exemplo de outros complexos culturais, se veja obrigado a suspender atividades, o que me parece o mais lógico a se fazer neste período em que o contágio do coronavírus acelera.

Do que pude ver e fotografar da exposição, identifiquei um trabalho fantástico de curadoria, com a escolha de fotos que retratam não apenas a intimidade do casal John & Yoko, mas também uma época bastante produtiva, sozinho ou em companhia de artistas como Mick Jagger, David Bowie, Harry Nilsson (um dos melhores amigos do ex-beatle no período) e Elton John, entre outros.

Nunca pensei que diria algo parecido, mas neste momento o que posso aconselhar é: não vá a esta exposição, ao menos não por agora. A previsão é de que ela fique no MIS até 07/06, porém o mais provável é que fechem por um período e estendam sua duração.

Por hora, deixo aqui alguns registros que fiz e recomendo a audição da carreira-solo de Lennon, que tem coisas incríveis, como esta Nobody Told Me, lançada no álbum póstumo Milk And Honey.

Lavem as mãos, hidratem-se e cuidem dos seus. Estamos todos juntos nessa.

Ouça Nobody Told Me, de John Lennon


Brunno Lopez

O HALL DA FAMA PODE ESPERAR

Em meio a uma legião de investidores descontrolados, tentando mudar suas aplicações de ouro para álcool gel 70, o cenário musical busca alternativas para o vírus que tem ameaçado a sociedade com mais intensidade que o grunge nos anos 90.

Adiamentos e cancelamentos de shows são acontecimentos frequentes nesses tempos, levando pessoas a temporariamente serem obrigadas a mudar seus planos de ver aquele artista performando em suas terras natais.

É claro que com a edição de 2020 do Rock n’ Roll Hall Of Fame não foi diferente.
O lendário evento sediado na cidade de Cleveland, Ohio, aconteceria no dia 2 de maio mas acabou postergado e ainda não tem uma data oficial de acontecer.

O prêmio sempre gera uma polêmica pelas indicações, afinal, bandas como Whitesnake e Jethro Tull ficaram de fora da curadoria. Neste ano, os artistas que entraram para o seleto grupo não são todos necessariamente rock.

Temos duas indicações póstumas de outros estilos, com Whitney Houston e o rapper The Notorious B.I.G. Na sequência, o Depeche Mode com seu, digamos, synthpop.
Completando a lista, o grupo Doobie Brothers, o T-Rex e finalizando com o Nine Inch Nails, sendo que o único membro constante da banda é o vocalista Trent Reznor.

As indicações podem ou não serem assertivas para alguns, mas o que soa sempre coerente é a preocupação com a minimização de pessoas infectadas com o Corona Virus.
Num mundo com tanta gente preocupada em cancelamento de pessoas, talvez seja um bom momento de cancelarmos coisas efetivamente mais substanciais e de caráter de sobrevivência.


É isso pessoal! Espero que tenham gostado das nossas notícias e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana