Newsletter Vol. 265

Na newsletter desta semana, nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música ou, simplesmente, alguma curiosidade ou indicação. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção.  


NOTÍCIAS & VARIEDADES

Por Bruno Leo Ribeiro

WE’RE SO BACK!

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Nesse fim de semana, começaram alguns rumores sobre o cumprimento da promessa dos irmãos Gallagher de voltarem com o Oasis caso o Manchester City fosse campeão da Champions League. Quem anunciou o rumor com mais afinco foi o jornal The Sun (já peço desculpas por citar).

Meme aqui, meme ali. Nada confirmado. Eu sou cético. Só acredito vendo Noel e Liam em cima de um palco tocando o primeiro acorde da música de abertura do show.

No domingo, tivemos mais uma pista (*mas também pode não ser nada). A conta oficial do Oasis postou que no dia 27 de agosto de 2024, às 8 da manhã, algo vai acontecer, e Liam e Noel também postaram a mesma coisa nas redes. Acho que agora a coisa é séria (talvez seja só um anúncio especial pelos 30 anos do Definitely Maybe, que foi lançado no dia 29 de agosto de 1994).

Tenho uma opinião impopular: não sou fã de nostalgia por nostalgia. A coisa precisa ter um propósito. Essas voltas que só fazem os fãs perderem a saúde nas filas de ingresso da Ticketmaster, não sou fã. O tempo já passou. A magia já passou. Acho mais emocionante ir a um show do Liam e ele tocar 3 músicas do Oasis, mas ok… Quem sou eu pra julgar?

Se eu tiver a possibilidade de ir a um desses shows, irei e cantarei todas as músicas até ficar rouco. Que fã não quer cantar “Sunshiáaaine” junto com o Oasis ao vivo?

Mas a verdade é que acho que eles vão fazer tipo 2 shows. Um em Londres, em algum parque grande, e outro em Manchester, e é isso. Não acho que eles vão fazer uma turnê mundial (EUA e Europa) e tocar no The Town ou Rock In Rio. Posso estar errado? Posso, mas não me importo em estar errado dessa vez.

PS: Já posso pedir uma turnê com a banda tocando todas as músicas do The Masterplan? (Outro dia faço um post sobre o motivo pelo qual acho esse o melhor disco da banda.)”

Ouça aqui o Masterplan aqui


Por Vinícius Cabral

A PATOLOGIZAÇÃO DA NERDICE

Aconteceu algo incrível em nosso grupo de zap nas últimas semanas. Mas eu quero começar pelo começo;

eu, assim como quase todos que se somam a nós nessa empreitada do SNE, tenho algo que sempre chamei de “ideia fixa”. Que sempre chamaram, aliás; “o Vinicius está com ideia fixa em A, ou B”. Ouvi isso a minha vida inteira. Elas se alternam e se renovam. Só este ano já enfrentei a ideia fixa no futebol feminino de seleções (que vai e volta) e em alguns cineastas, como no finlandês Kaurismäki e no senegalês Ousmane Sembène – assisti a filmografia completa de ambos. A do último, em menos de um mês.

Em relação à música não preciso nem dizer como funciona. Encaro discografias completas, isso quando não fico (como este ano) tão obcecado com a minha própria criação que sou capaz de passar meses a fio sem ouvir um lançamento. É assim que eu funciono. Aliás, eu não, né? Nós. Outro dia li que o nosso Bruno Leo resolveu ouvir toda a discografia da Lady Gaga cronologicamente (sabe-se lá porque, coitado). Fato é que a gente têm dessas coisas.

Isso é o que nos alimenta, e que sempre chamei de nerdice, ou ideia fixa mesmo. Hoje esse tipo de “mania” ganhou um nome queridinho, ligado a um conjunto diagnóstico: hiperfoco. Sai a espontaneidade da descoberta, entra um sintoma de transtornos. E, vejam, não estou dizendo que, em alguns casos, a vulgo “ideia fixa” não possa ser, realmente, sintoma de um transtorno mais grave, que produz comorbidades no sujeito. É o que acontece comigo – quando o que seria uma ideia fixa “inocente” vira hiperfoco, de fato, e me distrai da vida prática. Isso já está no campo da psiquiatria e da neuropsicologia, e não preciso aprofundar aqui. O ponto é perceber que isso que estou chamando de ideia fixa é uma das bases do avanço cultural. É ser engajado o suficiente na pesquisa para praticamente esgotar um assunto, ir a fundo, não sossegar enquanto não se obtém uma resposta.

Foi precisamente isso que aconteceu em nosso grupo esses dias. Nosso apoiador Marcus Vinicius apresentou uma descrição super genérica de um videoclipe que tinha visto, sem ver o nome do grupo ou da música. Ele lançou o desafio em um sábado, e os dias que se seguiram foram de uma caça obcecada à resposta. Fizemos de tudo. Recorremos à memória, ao Google, ao ChatGPT, aos arquivos mortos de videoclipes da MTV. Até que o Márcio, em um desses lapsos inspirados de memória que ele tem, buscando fundo em seu catálogo mental, apareceu segunda-feira com a resposta. Tratava-se de um clipe do duo Banderas – uma das descrições mais fortes que tínhamos era que uma das cantoras era careca, e tudo acabou convergindo quando o Márcio lembrou de uma frase da música. É sobre isso, sabe?

A caçada virtual acabou virando um dos momentos mais icônicos e mobilizadores do nosso grupo e um exemplo daquilo que defendo nesse texto. Vejo hoje uma tentativa muito pouco sutil de se constranger a busca incessante por conhecimentos novos – essa heurística espontânea, que a internet tanto permite, mas que ao mesmo tempo tanto tenta atacar. Isso tudo que descrevo no texto são ações de um grupo apaixonado de nerds musicais, que seguirão suas caçadas a qualquer custo. Isso é conhecimento, descoberta, paixão. Nunca um sintoma a ser tratado à base de remédio e constrangimento.

Tenhamos orgulho destes momentos! E, enquanto vocês ainda estão aqui:

Ouçam Banderas – This is Your Life aqui


Por Brunno Lopez

O RENASCIMENTO DO RENASCIMENTO

Chove em Little London, os vendedores de capas se aproximam da fila em frente ao teatro Marista e empurram seus produtos de plástico a R$50,00 para os fãs desavisados que molham suas camisetas do Fireworks, Angels Cry e até do OMNI.

O cenário de 2024 é bem diferente da primeira vez que vi a banda no interior de São Paulo – que naquela época não votava com a cabeça do órgão genital -, uma noite quente em Bauru apresentando Edu Falaschi, Felipe Andreoli e Aquiles Priester para o mundo.

Vencendo a organização ruim do evento e cento e vinte reais mais pobre após adquirir a camisa oficial do grupo de qualidade duvidosa, adentro ao espaço do show no setor indicado pelo ingresso – se bem que, por comportar no máximo 1000 pessoas, toda cadeira era praticamente VIP, os músicos podiam ser vistos bem de perto sem aquela coisa jovem de colar em grade e desenvolver varizes na meia idade.

Pela demora em liberar as pessoas da fila, já estava rolando a primeira banda de abertura, o Santa Cora. Metal agradável de vocal feminino e boa presença de palco, principalmente da baixista Desirée Nóbrega. As canções foram bem recebidas pelo público, deixando espaço para a maior surpresa daquela sexta-feira.

Quando o Alley Key abriu sua sessão e o timbre poderoso de Karina Manascé invadiu as caixas de som, a atmosfera do local ganhou um vigor diferente. Era o Hard Rock de volta aos holofotes, com uma leve influência de Halestorm, porém, com uma pegada que transita entre o AOR e Metal. Desafio qualquer um aqui a não favoritar a excelente ‘Sleepless’ ou a viciante ‘Illusionism’.

Sobre aplausos efusivos, o grupo paulistano deixou o palco para Fábio Lione e sua turma encerrarem os trabalhos.

‘Nothing to Say’, com os bumbos dobrados e o condução no contratempo (criado por Confessori e reproduzido com perfeição por Bruno Valverde) explodiu os ouvidos e fez as pessoas finalmente levantarem de seus assentos – sim, o pessoal tava assistindo sentado às duas apresentações anteriores.

Essa formação está em sua melhor fase e é impossível não notar o quanto eles curtem tocar juntos. Felipe se reveza em interagir com Bruno em partes intrínsecas de batera e baixo, atravessar o palco pra ficar de frente com Marcelo Barbosa e também ir ao centro para exibir seu virtuosismo.

Rafael Bittencourt segue carismático e energético, tal qual na primeira vez que o assisti. Dessa vez ele não cantou Reaching Horizons nem qualquer outra música solo, mas fez a vez de Lenine em ‘Vida Seca’. É sempre bom ouvir as pessoas cantando em português alto e pleno.

Quando Lione anunciou que tocaria uma música do Fireworks, todos já imaginavam ‘Gentle Change’, mas eles vieram com ‘Lisbon’ e aquilo aqueceu os corações. O vocalista italiano é um frontman absurdo com um carisma que tira sorrisos involuntários.

As incursões pelas músicas do Cycles of Pain deixaram muito claro o quanto esse direcionamento atual da banda funciona. ‘Dead Man on Display’, ‘Tide of Changes’, ‘Ride Into the Storm’ e, em especial, a faixa que dá nome ao disco, realmente conectam os fãs para a aura nova que eles criaram após tantas mudanças.

Em ‘Bleeding Heart’, Fábio pede para o teatro ligar a luz de seus celulares mas antes faz uma crítica muito comum nos eventos hoje em dia, dizendo “tem um cara aqui que filmou o show inteirinho. Ele vai chegar na casa dele, assistir e descobrir que não aproveitou o show que ele mesmo estava”.

Errado ele não está.

Enfim, ainda deu tempo pra ‘Rebirth’ e a finalização com o medley ‘Carry On’/‘Nova Era’.

Com mais de 20 anos de diferença de um show pro outro, o sentimento é tão bom quanto o primeiro. Assistir Rafael e Felipe com novos companheiros, fazendo músicas tão poderosas quanto aquelas de 2001, é revigorante.
Não se vira referência num estilo por acaso e eles conseguiram não apenas manter o anjo vivo mas deram a ele novas asas.


Por Márcio Viana

VOCÊ DEVE ESTAR SE PERGUNTANDO COMO EU VIM PARAR AQUI

Olá, pessoal! Estou de férias e tenho tido pouco contato com as novidades do mundo da música, mas quero indicar este minidocumentário que assisti esta semana, feito pelo canal do YouTube Trash Teory, sobre o álbum Daydream Nation, mas passando pelo início da carreira do Sonic Youth e pela produção posterior, além da influência do disco sobre outros artistas. É quase como um Raio-X do Silêncio no Estúdio.

Vale também assistir aos outros vídeos do canal, parecem todos incríveis (devo fazer isso até o final das férias).

Assista aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana

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