Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 25

13  de Janeiro  de 2020


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.  


RECENT PLAYS

Bruno Leo Ribeiro

40 ANOS QUE VAI DEIXAR SAUDADES
Semana passada foi mais uma dessas que me deixaram arrasado. Perder Bowie, Chris Cornell e agora o Neil Peart tá sendo cada vez mais doloroso. São artistas como esses que fazem parte da minha vida. Quando perdemos o Bowie fiquei chocado e nem sei como que o mundo ainda existe sem ele. Como Chris Cornell foi como perder uma voz que ficava no meu ouvido dizendo, “Segue em frente! Curta suas dores e vamos juntos!”. Agora com o Neil Peart, foi como perder um familiar. Um avô. Um professor. Um tutor. Boa parte da minha vida musical foi inspirada pelo Rush. Quem nunca fez uma virada de air drums na vida, não tem ideia que o Neil Peart foi praticamente o criador dessa faceta. Você vai em um show do Rush e tá todo mundo fazendo as viradas em sincronia. Não importa se você não sabe tocar bateria. O importante é que ele trouxe a bateria para a frente. Um instrumento mesmo e não só um criador de ritmo. Isso que fez ele ser um dos grandes. Ser quase as mãos de Deus fazendo música e escrevendo letras incríveis.

Além de ter entrado no Rush depois do primeiro disco, ele não só veio com seus ritmos e musicalidade, mas também com os temas das letras. Escreveu sobre filosofia, ficção científica, aprendizados e sobre a vida. E pra celebrar um pouco dessa carreira toda e em homenagem ao grande Neil Peart, nada melhor do que ouvir um disco ao vivo da comemoração de 40 anos da banda. O R40 é um show de mais de 3 horas com músicas da carreira toda da banda. Então se você não conhece tão bem o Rush, é um bom disco pra começar. Obrigado por tudo, Neil Peart. Te amo de verdade. Vou sentir a sua falta.

Ouça o R40 aqui


Vinícius Cabral

O PODER DA BOLACHA
Meus recent plays não vêm do streaming. Recentemente fui agraciado com uma verdadeira herança em vida (presente da minha avó): uma vitrola impecável da Panasonic que estimo ser do final da década de 70. Com isso consegui revitalizar minha pequena discoteca, numa verdadeira revolução na minha própria forma de consumir música. E não sabia que eu estava tão carente de me sentar, deixar um álbum tocar e ser simplesmente absorvido pela experiência. Eu estava…todos aqui em casa estavam. A música voltou a ocupar um espaço comum, ao invés de viver “enfiada” dentro da cabeça de cada um em fones. E, como não podia deixar de ser, iniciou-se uma nova garimpagem atrás de discos incríveis, além dos que eu já tenho. Dentre estes que consegui adquirir recentemente destaco dois, que prometo destrinchar em reviews próximos: o The Village Green Preservation Society dos The Kinks de 1968, e o clássico absoluto Tapestry, da perfeita Carole King. Pra melhorar a experiência, além dos discos antigos e novos, meu fiel escudeiro Christian Bravo esteve aqui em casa para comemoração de ano novo, trazendo consigo uma pequena seleção de sua própria discoteca, que inclui pérolas que não saem dos meus ouvidos. A primeira delas trago aqui como recomendação absoluta, também ensaiando um Raio X futuro: a alemã CAN, com seu Future Days, de 1973. O disco faz parte de uma trilogia perfeita que compreende Tago Mago (1971), Ege Bamyasi (1972) e este Future Days (1973). Trata-se de um dos maiores marcos do progressivo-pop ligado ao Krautrock dos anos 70. Neste período inicial da banda, com o vocalista japonês Damo Suzuki, acho que quebram-se todas as barreiras entre o experimental e o universo pop fonográfico. CAN é responsável por um legado que, infelizmente até hoje, apenas alguns críticos mais atentos apontam como fundamental para o florescimento do próprio conceito de Rock Alternativo. Future Days é daqueles álbuns que exigem imersão (daí ser tão perfeita sua audição em vinil). Com apenas 4 faixas (Bel Air ocupa todos os 20 minutos do Lado B), é uma obra de camadas, drones, experimentações rítmicas e melódicas e por aí vai. Pra completar a discografia improvisada em vinil que tem embalado meus dias, está no “bolo” dos discos selecionados pelo Christian o perfeito Revolver do saudoso e recém falecido Walter Franco. O mestre, que nos deixou em 2019 meses após nosso episódio de Raio X ter sido lançado, embalou nossa noite de réveillon exatamente no ponto da virada com a magnífica Mamãe D’água, que disseco com mais atenção no episódio citado. 

Não deixarei links, pra que a gente possa compartilhar nossas experiências analógicas. E as de vocês? Vamos trocar ideia!


Márcio Viana

O UNIVERSO PARALELO DE FLEA

Em meio às notícias de chegadas e despedidas, eu me propus a reescutar a obra do Red Hot Chili Peppers com os ouvidos de hoje. E assim eu me lembrei do trabalho solo de Flea, de 2012. E aí que esse disquinho voltou a rodar virtualmente no meu player, só que dessa vez sem precisar baixar nada, já que o disco está no streaming.

Flea não tem nada a perder. Consagrado como baixista dos Chili Peppers, o australiano Michael Peter Balzary também coleciona participações em projetos junto a nomes como Thom Yorke e Damon Albarn e até trabalhos como ator, em filmes como “De volta para o futuro” (II e III) e “O Grande Lebowski”, entre outros.

Pois bem: o homem dos slaps dos Chili Peppers é também o fundador do Silverlake Conservatory of Music, uma escola dedicada a promover o aprendizado da música em jovens estudantes de escolas públicas. Segundo ele, o motivo da criação da escola foi o fato de o governo ter cortado alguns programas de incentivo ao aprendizado musical, o que ele considera essencial para que garotos possam chegar aonde ele chegou.

Com o intuito de arrecadar fundos para serem revertidos à escola, e com este espírito de poder fazer o que quiser musicalmente falando, Flea lançou em agosto de 2012 o EP Helen Burns, num esquema em que o ouvinte escolhia quanto iria pagar pelo download individual das músicas ou pelo EP completo.

Helen Burns, em seus 27 minutos, não lembra em nada os Red Hot Chili Peppers. Além do baixo, Flea experimenta o trompete (instrumento com o qual fez uma participação no show do Nirvana no Hollywood Rock em 1993, lembram?), piano, sintetizador, entre outros instrumentos. As baterias ficam a cargo de Jack Irons e Chad Smith,  ex e atual companheiros de banda, respectivamente.

O disco não é de fácil audição, é bom notar. Muitas vezes tem uma sonoridade perturbadora, mas altamente inspirada. A coisa fica um pouco mais confortável quando aparecem os vocais de Patti Smith, na faixa-título, ou na faixa que encerra o EP, Lovelovelove, com o coral de crianças do Silverlake Conservatory e de adultos e um belo arranjo de guitarra com fuzz.

Ouça o EP Helen Burns aqui


Brunno Lopez

SPENDING MY TIME

2020 já é uma realidade e minhas novas indicações de covers também. Dessa vez, um trabalho mais do que especial pois estamos diante de uma banda da Suécia homenageando outra.

Como falamos no último episódio de 2019, perdemos personalidades grandiosas da música e uma delas foi a sublime Marie Fredriksson, do Roxette.

No mesmo ano, os conterrâneos do Degreed gravaram uma versão honestíssima de um dos milhares de hits do grupo sueco, a balada “Spending My Time”. Uma ótima performance de uma banda que já tem 3 discos lançados e segue fazendo um consistente Hard Rock, principalmente nessa faixa específica, de valor não apenas sonoro, mas também emocional e de caráter de tributo.

Vale a pena ‘desperdiçar o seu tempo’ num repeat dessa canção cada vez mais imortal.
Bom seria se a Marie também fosse.

Ouça em loop aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana