Newsletter Vol. 237

Na newsletter desta semana, nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música ou, simplesmente, alguma curiosidade ou indicação. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção.  


NOTÍCIAS & VARIEDADES

Por Vinícius Cabral

DAMO SUZUKI

Já tinha outro texto pronto para esta edição mas, neste sábado de carnaval, Damo Suzuki nos deixou, aos 74 anos. Ninguém menos do que o lendário vocalista da banda Can. Para mim, simplesmente a pedra fundamental do rock alternativo. É só cair a ficha de que, em 1971, os caras estavam fazendo isso:

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Suzuki emprestava sua performance inquietante e urgente (geralmente sem camisa) para a banda, cantando, gritando e criando melodias vocais fora do normal em inglês ou japonês. À frente de um dos melhores conjuntos instrumentais que já tocou música na face da terra, Suzuki encaixava como uma luva. Não se destacava como um frontman tradicional, mas também não era substituível (haja visto o quanto a banda piora com sua saída, em 1973).

Por aqui já prestamos as devidas homenagens à Suzuki e sua banda. Há muitas menções à eles em nosso episódio “O que é Rock Alternativo?“, e também, obviamente, no episódio “A Invenção do Krautrock“. Aproveito para celebrar a vida do gigante japonês com uma das performances mais brilhantes de uma banda de rock que já foram registradas (e que foi material de pesquisa para o especial sobre Krautrock que roteirizei cuidadosamente com o brother Fábio Correa).


Por Bruno Leo Ribeiro

METALEIROS PUTÁÇOS

Vamos começar com a paulada que o Ozzy deu na figura anteriormente conhecida como Kanye West.

Fazendo uma transcriação aqui, foi basicamente um, “num fode seu Kanye arrombado! Eu não deixei você usar um sample de um show meu tocando War Pigs e você usou assim mesmo, seu palhaço!” Como diria a Dona Florinda, “não se junte com essa gentalha”. Sempre estive do lado do Ozzy, ainda mais contra esse coisinha aí que ele citou.

Outro metaleiro que apareceu nos últimos dias bem puto foi o Kerry King, guitarrista da finada banda Slayer. Acho que ele tá querendo chamar a atenção falando mal do Tom Araya (vocal e baixista que era seu companheiro no Slayer) porque está pra lançar um disco novo e semana passada saiu o seu primeiro single.

(* Nem vou me extender aqui pra falar que a música nova do Kerry King soa como Slayer. Parece um cover de si mesmo. Ele não foi bobo nem nada e escolheu o vocalista Mark Osegueda do Death Angel, que canta meio parecido com o Tom Araya pra essa nova banda solo dele, mas mesmo assim amei!).

Saiu umas notícias aí que o Kerry King meio que despreza o Tom Araya. O motivo principal, inclusive um dos motivos da banda pegar ranço um do outro e acabar, é que o Tom Araya usou o Instagram oficial da banda em 2017 pra postar uma montagem da banda junto com o Trump! (Pausa pra gargalhada).

Slayer fans are not happy that the band support President Donald Trump |  Metro News

O Kerry King disparou na internet que ficou furioso com o Tom Araya, já que ele era o único da banda que apoiava o Laranjão na época. (O maior plot twist pra mim foi aprendido que o Kerry King não apoia o Trump!).

Aí o Kerry King seguiu alfinetando o ex-companheiro de banda e disse que ele que gravava todos os baixos da banda desde o começo dos anos 90. (História parecida com a maior banda de Metal do Brasil com relação ao seu baixista).

O Tuiteiro que não perde tempo, comentou que era por isso que o baixo nas músicas do disco eram uma bosta. (Pausa pra outra risada).

Ruim ou não. Eu AMO rinha de velho metaleiro cheio de ranço. O Metal fica muito melhor com a força do ódio. Que venha um discáço aí do Kerry King. Não vejo a hora de ver outra briga semana que vem.

Ouça o single do Kerry King aqui


Por Brunno Lopez

FIREKIND

Dando uma chance para o moribundo streaming, tive a sorte de encontrar os materiais mais recentes dessa banda que soa como um Snow Patrol que abusou da creatina. Entre os singles disponíveis, a música ‘Ego’ se destaca logo de cara, mostrando que o power trio veio pra ser mais do que apenas uma banda com boas canções e energia.

De Devon para o mundo, o vindouro álbum definitivamente estará entre os melhores de dois mil e vinte e quatro.

Além desse lançamento, vale explorar o disco deles lançado em 2020 também.


Por Márcio Viana

O SILÊNCIO DOS GROOVES, PT. 2

Há pouco mais de dois anos, escrevi na edição n.º 126 desta newsletter sobre a imensurável perda de um dos maiores baixistas da história do reggae, Robbie Shakespeare.

Repito agora o título para falar da recente passagem de quem foi justamente o mentor dele, o grande Aston Family Man Barrett, dos Wailers.

Barrett faleceu no último dia 3, aos 77 anos, depois de “uma longa batalha médica”, segundo seu filho Aston Barrett Jr.

Há cerca de pouco mais de 5 anos, a exposição Jamaica, Jamaica!, no Sesc 24 de Maio, me levou a conhecer algumas histórias sobre ambos os baixistas e sua relação, e o mais representativo disso são os instrumentos de ambos expostos na mostra.

A começar pelo baixo Hofner, cuja posse Barrett passou a Shakespeare como um mestre passa um cetro ou uma espada a seu pupilo. Se os baixos Hofner modelo Viola Bass são conhecidos por conta de um outro certo baixista na história da música, imagine só você o quanto esta versão reggaeira do instrumento guarda em si de histórias de palcos e gravações.

Havia ainda na exposição o Fender Jazz Bass de Family Man, igualmente icônico e cheio de outras figuras representativas no meio musical, mas é claro que o reggae tem sua própria estrada. Algumas das características do estilo foram analisadas no episódio #143 do Silêncio no Estúdio, com o Vinícius Cabral e o Txotxa, ex-Maskavo Roots e Natiruts.

Um dia antes de Aston Barrett, perdemos também o grande guitarrista Wayne Kramer, do seminal MC5, criado em 1963 e que foi um dos influenciadores para tudo o que veio a ser o punk a partir do final dos anos 70. Kramer tinha 75 anos e foi o único a seguir com o grupo em todas as suas formações. A banda vinha se preparando para lançar o primeiro disco de músicas inéditas desde 1971, com o título de Heavy Lifting, produzido por Bob Ezrin e com participações de nomes como Tom Morello, Don Was, Slash, entre outros.

Wayne Kramer faleceu no dia 02 de fevereiro, vítima de câncer no pâncreas.

Ouça Catch a Fire de Bob Marley & The Wailers aqui

Ouça Kick Out The Jams do MC5 aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana