30 de Dezembro de 2019
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças.
LANÇAMENTOS
Bruno Leo Ribeiro
AO VIVÁÇO
Não é segredo pra ninguém que adoro Pearl Jam. Um das primeiras bandas “não-metal” que escutei com 10 pra 11 anos de idade. Lembro bem quando ouvi na rádio pelo primeira vez Alive. Fiquei impressionado com a qualidade da música. Lembro que juntei uns trocados e comprei o Ten em Vinil. Fui de música em música me apaixonando pela banda. Depois desse disco, fui atrás do que era o tal do Grunge. Descobri o Soundgarden e o Alice in Chains e o resto é história. Mas vamos seguir…
O Pearl Jam é dessas bandas que adoro, nunca fui fã número 1, mas conheço tudo. Escutei todos os discos várias vezes e acho o Eddie Vedder um homão da porra. Mas acreditem se quiser, nunca vi um show do Pearl Jam.
Eles demoraram demais pra terem um show no Brasil, lembro que foi na Apoteose no Rio de Janeiro e não pude ir. Eles voltaram algumas vezes ao Brasil, mas eu já não estava morando mais lá. Encontros e desencontros, tive que me contentar em ouvir os discos ao vivo da banda e etc.
E não é que eles lançaram mais um disco ao vivo, mas dessa vez não é um show recente, mas sim da época que mais gostava deles? Poisé. O novo disco, lançado agora dia 13 de Dezembro é de uma gravação de um show na terra natal deles em 1993. Fiquei impressionado com a qualidade da gravação e de como a mixagem ficou bacana tantos anos depois. Destaque pro baterista Dave Abbruzzese, que foi um dos melhores bateras que a banda já teve. Sempre bom relembrar e ouvir ele tocando novamente.
O disco conta com 24 músicas! Deve ter sido um showzáço! Então eu, que nunca consegui ver o Pearl Jam ao vivo, fecho os olhos e me imagino ali no meio daquela galera em Seattle em 1993. Vem pro show comigo.
Vinícius Cabral
TOQUE COMO UMA KIM GORDON
Como nenhum álbum lançado esse mês me chamou tanto a atenção (tem um brasileiro, mas preciso ouvir mais algumas vezes para indicar com um texto à altura), me voltei aos álbuns lançados nos últimos meses que fizeram a minha cabeça e que, infelizmente, por um recorte muito específico, não entraram nas minhas listas. E o primeiríssimo dessa lista de “sobras” é, sem a menor dúvida, No Home Record, disco solo da Kim Gordon. Na verdade, o primeiro disco totalmente solo desta lenda do rock, na ativa desde o inicinho dos anos 80 com o Sonic Youth, como baixista, letrista e cantora. Na altura de seus 66 anos, Kim nos traz uma obra moderníssima, deixando qualquer millennial pseudo-descolado “Faria Limer” no chinelo. A artista une ao seu tradicional estilo “declamatório” de cantar uma miscelânea de elementos: graves, chimbais de trap (na incrível Paprika Pony), drones experimentais em meio à construções minimalistas (Cookie Butter), o tradicional punk-noise que já se esperaria dela, mas com presença muito mais central do baixo nas composições (como no single Air BnB e em Hungry Baby), e por aí vai. Pra quem esperava de um disco solo da Kim simplesmente um Sonic Youth sem tanta guitarra (confesso que foi o meu caso até eu dar o play) esse disco é um tapa na cara. É óbvio que o legado está ali, armazenado no estilo vocal, nas paredes e na estrutura de composição, mas o que Kim Gordon está buscando, ao invés de se aposentar, é seguir explorando linguagens e quebrando barreiras de gêneros e limitações estilísticas. Me deixa muito feliz acompanhar uma artista tão veterana e com uma carreira tão extensa em uma busca inquieta e criativa por novidades. Vale destacar o show/performance feito no Louvre (ainda não encontrei o vídeo da apresentação, mas arrepiei só com as fotos que vi do momento). No mais, sempre que penso na potência de Kim Gordon me lembro do que disse a um baixista que tocava em uma banda comigo e relutava em “soltar a mão”: “cara, simplesmente, toque como uma Kim Gordon“. Funcionou. A partir dali, começamos a sentir que a banda tinha um baixista.
Márcio Viana
LEVEZA PARA O ENCERRAMENTO DE DOIS MIL E DEZENOVE
Eu não sei bem se nossos apoiadores se lembram da Maria Bacana, trio baiano surgido na década de 90 e um dos primeiros lançamentos do selo Rock It!, de Dado Villa Lobos. Provavelmente alguns se lembrarão do semi-hit Repeat, Please! e sua célebre estrofe tem dias que a vida parece Coca-Cola sem gás, música posteriormente regravada pelos Inocentes.
A banda lançou seu disco de estreia, homônimo, em 1997, e entre idas e vindas, lançou 20 anos depois o segundo disco, A Vida Boa Que Tem Os Dias Que Brincam Leves, meio como uma forma de completar a obra até se separar novamente.
Fato é que seu líder, guitarrista e vocalista, Andre L.R. Mendes, entre esses hiatos, lançou alguns discos solo e sempre se manteve em atividade.
Para 2020, Andre planeja um novo disco, O Rei dos Animais. Enquanto o álbum não sai, o cantautor resolveu nos brindar com um inusitado EP chamado Casas Brasileiras, em que repassa, na voz e na guitarra (com exceção da faixa-título, em que toca violão), sem nenhum outro acompanhamento, músicas solo e da Maria Bacana, com produção mínima, algumas saturações até, mas que entrega o que promete: canções ensolaradas, como alguém tocando descontraidamente, na varanda de casa, uma casa brasileira.
Brunno Lopez
ALCOHOLIDAY
Não pensem que eu estou sugerindo um comportamento etílico neste final de ano para você e seus familiares. Longe disso. Mas, claro, se quiserem, pode. Porém, este ‘trocadilho-título’ sequer é uma obra deste que vos redige em ritmo de festa que balança o coração – como diz naquele refrão de uma das trilhas animadas do quase senil programa Sílvio Santos -, trata-se aqui do nome da primeira faixa de um álbum estranhamente maravilhoso lançado nos últimos minutos do mês passado por uma banda finlandesa chamada Somehow Jo!
Não estranhem a exclamação. Por mais eufórico que eu esteja com o trabalho, a interjeição gráfica faz parte do nome do grupo, igual artistas como Panic! At The Disco e P!nk. Entretanto, o som é completamente diferente dos exemplos de grafia mencionados.
Pesquisando sobre o quarteto de Tampere, eles chegam a classificar sua sonoridade como uma versão alternativa finlandesa de Spice Girls (certamente tomados por um humor peculiar de sua região, imagino).
O fato é que, ao ouvir o disco TUSK – e ler informações atualizadas nos poucos canais informativos que a banda disponibiliza – descobrimos um gênero conhecido como Prog Alternative Moose Slappin’.
Minha sugestão é: não leve tão a sério as denominações que o próprio conjunto faz de si mesmo e dê uma chance para conhecer o que a banda traz de frescor sonoro ainda em 2019.
A produção é de ótima qualidade, os músicos surpreendem na construção das canções e, em algum momento você se pegará cantando a irretocável “And The Oscar Goes To”.
Ah, antes de ir, uma curiosidade: O primeiro disco deles se chama Satan’s of Swing.
Será que Mark Knopfler era um tio do pavê?
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana