06 de março de 2023
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.
RECENT PLAYS
Por Bruno Leo Ribeiro
TAKES RÁPIDOS
Toro Y Moi – MAHAL (Álbum de 2022)
Dica do meu amigo Daniel Motta. Um Rockzão retrô bem bacanudo que me lembrou bastante a banda Galesa “Budgie”. Tem uma pegada de guitarras do Saara e som dos anos 70. Estética sequinha, numa psicodelia moderna e menos ácida. Gostei bastante e andou tocando bastante por aqui.
Extreme – RISE (Single)
Depois de muito tempo sem lançar nada desde o Saudades do Rock de 2008, a banda, com o guitarrista monstruoso Nuno Bettencourt, chegou com um novo single que tocou no repeat por aqui. O melhor do Hard Rock farofeira, mas com um peso a mais. Gary Cherone continua criando ótimas linhas de voz e seu timbre está ótimo como sempre. Sem contar os riffs de guitarras criativos e virtuosos e musicais do Nuno. O solo mais uma vez será conteúdo de vários guitarristas de apartamento fazendo covers no Instagram e TikTok.
Jessie Ware – Pearls (Single)
Ela está de volta e como sempre entregando tudo. O que todos nós gostamos (se você ainda não ouviu, vai amar) no What’s Your Pleasure de 2020, ela traz de novo. Música contagiante e dançante com melodias belíssimas e estética de disco retrô. Com um carisma e uma voz perfeita, Jessie vai chegar esse ano com um disco maravilhoso. Tenho certeza disso.
Metallica – If Darkness Had a Son (single)
Na parte instrumental, essa nova música do novo disco que está por vir me pegou. Achei o refrão meio bobo e a letra um pouco previsível e sem inspiração. Mas é uma música que certamente vai funcionar ao vivo. Tenho minhas críticas, principalmente pelo fato do Kirk Hammett estar fazendo Quiet Quitting e entregando apenas o básico. Sinto que ainda existe uma certa empolgação do Lars e do James pra criarem coisas novas, mas o Metallica está apenas jogando seguro no que já foi feito nos últimos lançamentos. A coisa boa é que a banda lança poucos discos, então dá pra curtir.
boygenius – Not Strong Enough (single)
Phoebe Bridgers, Lucy Docus e Julien Baker juntas? Sim, por favor. Só isso já basta. A música é uma delícia pra ouvir no repeat por algumas horas.
Por Vinícius Cabral
O POP ESTAVA MORTO
Sei que o destaque já passou por aqui recentemente, nas dicas do Bruno. Mas não posso deixar de dar meus dois centavos sobre o espetacular disco novo da Caroline Polachek, Desire, I Want To Turn Into You. Como a vida é curta, e eu sou grosso (parafraseando nossa mãe eterna Rita Lee – recupere rápido, rainha!), declaro: o pop parece ter morrido 50 vezes de formas irreversíveis até que você dê o play neste álbum.
É o pop em sua dimensão existencial e ideal. Se é que podemos chamar isso de pop. Com poucos momentos irrelevantes, aqui e ali, trata-se de um disco perfeito, com destaques altíssimos ali na meiúca, entre Fly To You (com Dido e Grimes), Blood And Butter (espetacular) e Hopedrunk Everasking. A metade final do álbum parece ganhar um fôlego sinistro até chegar no hit infalível, Billions. Claro que a primeira metade também não deixa a desejar, com pedradas como Welcome To My Island e Pretty In Possible. Tenho minhas ressalvas com Sunset e I Believe, mas nada que desabone tanto o conjunto.
Conjunto que, aliás, coloca à prova a efemeridade do pop ao jogar, no inicinho do disco, um dos maiores trunfos da carreira de Caroline: Bunny Is A Rider. A canção perfeita, que entrega um pop que simplesmente não morre, não cansa, não sai de moda. É pop, sim, mas num sentido diferente.
Art Pop?
Seja como for, é Kate Bush das ideias. Tendo ido de líder de bandinha indie irrelevante à compositora para gigantes como Beyoncé, Caroline já transitou o suficiente (passando pela PC Music) para nos entregar aquele pop que não se descarta depois de duas audições. A prova disso é que o hit maior (Bunny Is A Rider) foi lançado em 2021 e, dois anos depois, entra no disco como um verdadeiro torpedo. É a canção que amarra um trabalho espetacular, daquela que é, provavelmente, a maior compositora pop do nosso tempo.
Ouça Desire, I Want To Turn Into You aqui
Por Márcio Viana
MACALÉ, 80
Por ocasião dos 80 anos completados por Jards Macalé no último dia 03/03, e pela previsão de um show comemorativo de 50 (na verdade 51, mas a pandemia andou adiando efemérides) anos de seu disco de estreia, auto-intitulado, andei revisitando este clássico, que acabou por embalar minhas atividades que permitiam o uso de fones.
O disco – uma promessa do lendário empresário Guilherme Araújo, que à época assessorava a maioria dos artistas do movimento, incluindo Caetano, com o qual Macalé esteve envolvido à época, sendo responsável pelos arranjos do disco Transa – seria a estreia do cantor com um álbum completo, já que antes somente havia o compacto duplo Só Morto.
No disco, Jards se une ao baterista Tutty Moreno e ao guitarrista Lanny Gordin para criar mais do que um clássico: com letras de Torquato Neto, Capinam e Wally Salomão, Jards Macalé, o álbum, é uma referência de o que deveria ser o rock brasileiro. Não é para menos: Lanny Gordin é, sem exagero, um guitarrista tão proficiente e criativo quanto Jimi Hendrix, e não é absurdo a gente reconhecer isso, não.
Além das canções originais, Jards regrava, numa versão diferente, mas tão boa quanto a original, Farrapo Humano, de Luiz Melodia, que segundo ele, fazia jus ao nome, pelo talento melódico evidente.
Para quem está em São Paulo, Macalé faz apresentação com o repertório do disco no Sesc Pinheiros dia 24/03, e os ingressos começam a ser vendidos no próximo dia 14.
E viva Jards Macalé, 80!
Por Brunno Lopez
DALLAS GREEN, DE NOVO AND AGAIN
A cada nova pílula lançada pelo City and Colour daquilo que virá a ser o disco novo, o coração já começa a deixar de bater para se transformar numa espécie de máquina bombeadora de lágrimas. Dessa vez, podemos dizer com exatidão que a canção é de foder com tudo. “Fucked it up” é mais uma daquelas pancadas propositais do compositor em que o som fala pela vida e nos faz pensar em possíveis passagens complexas de nossa própria existência.
Arrisque ir para o vídeo da música. Isso mostrará que é possível construir algo triste e bonito no meio de um caos completo.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana