Newsletter Silêncio no Estúdio Vol. 186

13  de fevereiro de 2023


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana, nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música ou, simplesmente, alguma curiosidade ou indicação. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção.  


NOTÍCIAS & VARIEDADES

Por Bruno Leo Ribeiro

ESSE É O MOTIVO

Nada melhor que não ser super fã de uma banda e criar expectativas sobre um novo trabalho. A gente vai de peito aberto. Como se tivesse começando num trabalho novo. Tudo é uma lua de mel. Foi assim que me senti ouvindo “This is Why”, novo do disco do Paramore lançado na última sexta-feira dia 10 de fevereiro. 

Pra mim, ouvir esse disco foi como ouvir uma banda nova. Tirei da minha cabeça todas as lembranças de trabalhos anteriores e me joguei. O curioso de tudo é que tudo me parecia familiar, mas de um jeito legal.

Existem homenagens por aí que ficam escondidas em falta de criatividade, mas não foi o caso aqui. Muitas bandas fazem músicas novas disfarçadas de covers. É como se fosse um robô fazendo música com os comandos: “Crie uma música estilo rockzinho anos 2000, com um baterista que toque tipo The Breeders, com uns solinhos de guitarra meio Coldplay na época do X&Y”. Um dia o AI irá fazer desse jeitinho, mas pra se ter uma coisa pra copiar, é preciso ter algo novo.

A produção do This is Why é impecável. Som sequinho, bateria que parece tirada dos anos 70 e guitarras com timbres lindíssimos. A criatividade das músicas fica em evidência se a gente pensar que esse disco estaria numa lista de top discos bacanas de bandas como Bloc Party e Arctic Monkeys dos anos 2000. Mas tem um tempero moderno em cima disso tudo.

Fazer um som parecido com o que foi feito por essas bandas nos anos 2000, faz parte da formação de caráter. Se Beyoncé faz um disco com cara de Dance Music dos anos 90 e o Harry Styles faz um disco com o Minneapolis Sound, é porque a música é cíclica. 

Paramore quebrou todos os conceitos que eu tinha com a banda e provavelmente fizeram o disco que vou mais ouvir na carreira deles. This is Why é um destaque pro que se pode fazer com criatividade baseada em familiaridades. É quase uma novidade baseada em fatos reais. É uma adaptação de um livro pra TV. É um cover que vira a versão definitiva. É apontar pra frente e fazer o som que está afim de fazer. Tomara que eles continuem fazendo o som que estão afim. E se toda banda fizer isso, sempre vou ouvir um disco novo como se fosse de uma nova banda, sem pensar no que foi feito antes.

Ouça aqui o This is Why


Por Vinícius Cabral

A BÊNÇÃO DO TRIO INDIE

A internet é um lugar horrível. Mas se você gastar tempo suficiente na pesquisa certa, talvez os algoritmos te abençoem. 

A minha bênção essa semana veio em dose dupla. Não lembro onde a pesquisa começou, mas sei que passou por Le Tigre, e foi parar numa apresentação maluca da banda em um programa de televisão. Foi aí que descobri um canal absolutamente imprescindível para a minha vida (e para a de vocês, espero), chamado 90s Bands On TV. E ele é exatamente o que o nome denuncia: um canal de bandas dos anos 90 se apresentando nestes programas de entrevistas que os Estados Unidos (e agora o Brasil, infelizmente) reproduzem igual lojas do Subway

Foi aí que veio a segunda parte da bênção. Uma apresentação digna de emoji lacrimejando do Yo La Tengo, com uma de suas melhores canções, You Can Have It All. A performance é uma delícia completa, com a Georgia Hubley sussurrando os versos, enquanto o Ira Kaplan vocaliza o backing percussivo da canção. O Yo La Tengo é uma das minhas bandas queridinhas do coração, para a qual eu sempre corro quando quero alternar guitarras alucinadas em fuzz com momentos de catarse lisérgica e teclados lânguidos. Uma banda de diversas fases em um só disco e, às vezes, em uma só canção. 

Assistam à performance e, se gostarem, não esqueçam de dar uma atenção ao álbum de onde a música saiu: o magnífico And Then Nothing Turned Itself Inside-Out, de 2000. Certamente, um dos trabalhos mais coesos e impressionantes da banda. 

*Em tempo: a banda lançou essa semana um disco novo, que já está sendo considerado seu melhor em muitos anos. Ou seja: o trio será pauta por aqui novamente em breve. 

Ouça And Then Nothing Turned Itself Inside-Out aqui 


Por Márcio Viana

O DEPECHE MODE LIDA COM SEUS FANTASMAS

Saiu esta semana o primeiro single do novo trabalho do agora duo Depeche Mode, o primeiro após a perda do tecladista Andrew Fletcher, falecido em maio de 2022. Ghosts Again é uma prévia do próximo álbum, intitulado Memento Mori (uma expressão em latim que significa algo como “lembre-se de que você é mortal”).

Sim, é um disco sobre a morte, ainda que aparentemente não seja exclusivamente sobre a perda do colega de banda. Mas em entrevistas recentes, os integrantes remanescentes do grupo (que ainda teve as saídas de outros integrantes – Vince Clarke, que saiu após o primeiro disco e que mais tarde formaria o Erasure com o cantor Andy Bell; e seu substituto, Alan Wilder, que deixou o grupo em 1995) disseram que Fletcher não chegou a ouvir as composições que farão parte do disco, mas certamente as aprovaria, ainda que talvez questionasse o fato de todas as canções lidarem com o tema “morte”.

O álbum completo sai em 24 de março, mas Ghosts Again vem como um belo cartão de visitas, incluindo um clipe dirigido pelo frequente colaborador da banda, Anton Corbijn.

Por falar em morte, não podemos deixar passar a menção ao hitmaker Burt Bacharach, que partiu aos 94 anos. Responsável por sucessos como Raindrops Keep Falling on My Head, Walk on By, I’ll Never Fall in Love Again e Say a Little Prayer, entre outras, em frutífera parceria com o letrista Hal David (falecido em 2012), Bacharach conquistou seis prêmios Grammy e três Oscar em sua carreira, e suas composições são referência para muitos artistas pop e compositores de trilhas sonoras.

Ouça Ghosts Again aqui 


Por Brunno Lopez

MADMAN’S EYES

O primeiro ato do novo álbum da banda mais apaixonada por discos ao vivo, o Dave Matthews Band, chega com a imponência e extravagância que marcam o grupo desde a sua formação. 

Por mais que a linha própria criada por eles na dinâmica das canções seja imediatamente identificada logo nos primeiros acordes, algumas surpresas adoráveis também se apresentam em “Madman’s Eyes”, o single que precede Walk Around The Moon.

De todas elas, a que mais me chamou a atenção foi a pegada mais pesada no refrão, adicionando um tempero de rock solidificado que combinou bem demais com o groove da música. É interessante observar o Dave Matthews sobre esse prisma, explorando novas fronteiras dentro do som que os posicionou.

2023 tá prometendo e entregando tudo até agora. Vamos ver se em maio – mês marcado para o lançamento oficial – isso se comprova.

Ouça aqui 


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana