Newsletter Silêncio no Estúdio Vol. 181

09  de janeiro de 2023


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.  


RECENT PLAYS

Por Bruno Leo Ribeiro

OLHOS DE DIAMANTE

Já comentei várias vezes que o Deftones nos anos que terminam em 0, lança seus melhores discos. Em 2000 foi o White Pony, em 2020 foi o Ohms e em 2010 o melhor disco da carreira da banda (e meu favorito), o Diamond Eyes.

Na minha busca pela discografia do Deftones em vinil, finalmente consegui uma cópia do Diamond Eyes e rodou bastante na vitrola aqui na última semana. Foi o meu presente de Natal mais do que especial.

Se for analisar friamente, o White Pony foi o disco mais importante e mais pretensioso da banda, que acabou dando certo e furou bolhas. O pessoal que gostava de metal, acabou curtindo e quem gosta de Indie também gostou. Foi o disco que uniu tribos e mostrou o quanto a banda é criativa, visceral e etérea. Pra muita gente pode ser o melhor por ser o primeiro grande importante disco ali dos anos 2000, mas pra mim a banda ainda tinha muito o que mostrar.

Nos discos seguintes a banda acabou lançando discos muito bons, mas nada que virasse meme ou tatuagens inspiradas pela sua capa, assim como foi com o White Pony. Falamos bastante disso no episódio especial Deftones com o meu amigo André Motta, confere lá o papo completo sobre a discografia da banda. Mas em 2010, o Diamond Eyes se mostrou um disco mais sexy, mais sedutor, mais melódico e mais versátil.

O disco tem uma jornada única que funciona muito bem em sua sequência de músicas. Começa com pedradas, fica mais espacial e as interpretações do Chino Moreno só confirmam o que sempre achei, ele tem a voz masculina mais sexy do Rock.

O repertório é impecável e não tem nenhuma música fraca. Todas tem sua beleza e sua personalidade. Diamond Eyes, Beauty School, Rocket Skates e Sextape são os grandes destaques pra mim, mas tudo é sublime.

É desses discos que vou ouvir pelo resto da vida e vai me levar pra 2010. Foi na turnê desse disco que vi a banda pela primeira vez e me marcou pra sempre. É um disco que escuto praticamente sempre e não só recentemente. Casou que particularmente, ouvi mais vezes na última semana.

Ouça aqui 


Por Vinícius Cabral

A FEBRE DE MANEL

Por puro acidente, passamos o ano novo com uma família portuguesa. O encontro reacendeu toda a minha paixão pelo rock português, já bastante explorada em nosso episódio sobre o tema. Mas claro que, dada a riqueza da música de além-mar, há artistas e bandas que merecem uma imersão mais detida. 

Um dos maiores é, sem dúvida, Manel Cruz. Poeta, compositor e frontman, Manel tem inúmeros projetos solo. Mas foi projetado a partir do final dos anos 90 à frente da mítica Ornatos Violeta, banda com uma discografia curta, mas profundamente influente. Com dois álbuns de estúdio (Cão!, de 1997 e O Monstro Precisa de Amigos, de 1999), a banda se reuniu em 2022 para concertos em diversos festivais do país. O que torna o timing desta retrospectiva bastante pertinente. 

O primeiro disco, Cão! (meu preferido), é mais cru e direto. Apresenta aquelas fusões noventistas clássicas de rock alternativo, ska, funk e demais gêneros. O trabalho tem clássicos absolutos, como O Amor é Isto, Mata-me Outra Vez, Punk Moda Funk e Dama do Sinal, e ainda apresenta o melhor do humor e do senso melódico do genial Manel por todo álbum, e em interlúdios como Letra S (partes I e II). 

Mas foi com O Monstro Precisa de Amigos, segundo álbum, que a banda se consagrou definitivamente. Apesar de ser um trabalho com produção mais grandiloquente (e por isso me agradar menos), o disco definitivamente nos captura com clássicos como Chaga, Dia Mau, Coisas, Para Nunca Mais Mentir, Capitão Romance (a maior!) e Ouvi Dizer, provavelmente o maior hit do grupo. 

Mais tarde foi editada uma coletânea de lados B e canções inéditas “perdidas” do grupo (com pelo menos um clássico inesquecível, Devagar, que linko aqui em uma versão ao vivo emocionante). Mas é a partir dos discos oficiais de estúdio que a banda se define, e ajuda a definir e consagrar Manel Cruz como uma das vozes (e canetas) mais habilidosas da história da música portuguesa. O enorme talento do artista teve seguimento nos projetos solo Pluto, Supernada e Foge Foge Bandido

Com esta última, Manel lançou, inclusive, um dos melhores discos portugueses que já ouvi, o O Amor Dá-Me Tesão/Não Fui Eu Que Estraguei. Duplo, o álbum é uma coleção de clássicos, que inclui a perfeita Borboleta – primeira música do artista que ouvi, e que resume bem o gênio de Manel em letra e melodia. Inesquecível. 

Como são várias dicas de uma vez só, recomendo o percurso que eu mesmo encarei: comecem por Borboleta (link acima) e depois corram para os álbuns de estúdio abaixo. Que este seja só o princípio de uma imersão longeva na obra do brilhante Manel Cruz. Artista que encarna o humor, a acidez e a inconformidade dos grandes poetas, e que demonstra seu longo e versátil arsenal de linguagens ao longo desta notável discografia. 

Que começa, claro, pelos geniais Ornatos Violeta

Ouça Cão! aqui 

Ouça O Monstro Precisa de Amigos aqui 


Por Márcio Viana

SE ESTAS PAREDES CANTASSEM

O play desta semana foi no streaming, mas não o de áudio, e sim na plataforma Disney +, onde estreou esta semana o documentário Se Estas Paredes Cantassem, de Mary McCartney.

Como o próprio sobrenome avisa, Mary teve uma ligação muito forte com o estúdio da EMI, frequentado regularmente pelo pai, Paul McCartney, com e sem os Beatles, que aliás foram os responsáveis diretos pelo batismo do local com o mesmo nome da rua, a partir da última gravação da banda (lançada antes do derradeiro Let it Be, cujas gravações foram deixadas de lado, com o lançamento realizado já com a banda encerrando as atividades). Após o lançamento de Abbey Road, o lendário estúdio passou a ser chamado desta forma.

Catapultado pelo depoimento de Paul e pelas lembranças da rotina da família McCartney, que morava a poucos passos do local, o documentário segue com relatos de nomes como Elton John, Roger Waters, David Gilmour, Jimmy Page, Noel e Liam Gallagher (em depoimentos individuais, é claro), o nosso grande mestre Nile Rodgers e o filho do produtor George Martin, Giles Martin (também produtor e responsável por alguns trabalhos de recuperação de discos dos Beatles).

Com pouco mais de uma hora e meia, o documentário equilibra a parte histórica com a dose emocional, que traz nos relatos dos entrevistados algumas lembranças de momentos mágicos proporcionados em gravações (destaque para o Oasis fazendo uma festa de arromba no local e sendo convidado a se retirar – fato confirmado por Noel e refutado por Liam).

Para quem gosta de histórias sobre gravações de discos, o documentário – embora não se apegue tanto a questões técnicas – entrega bom entretenimento. Se você não estiver saturado de tanta informação sobre os Beatles, vale dar uma olhada.

Assista ao trailer


Por Brunno Lopez

MONSTRO

Acasos do acaso trouxeram uma descoberta dupla e igualmente prazerosa. De um lado, mais uma vez, o timbre marcante do vocalista do Taboo (que já falei aqui) só que dessa vez com sua outra banda, o H.E.R.O. Do outro lado, uma voz inédita em meus ouvidos que explodiu como um hecatombe necessário e irreversível: Melissa Bonny, por onde é que você andou esse tempo todo? Essa mulher é absolutamente incrível e não apenas nessa canção. Alguns segundos depois já estava ouvindo todo o seu trabalho no Ad Infinitum. Até gutural a moça faz. E eu nem gosto desse estilo, mas o dela eu achei interessante. Tanto que é bem possível que o futuro disco deles esteja em minhas análises.

Porém, por enquanto, vale muito esse play em “Monster”, com esse dueto adorável.

Ouça aqui 


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana