Newsletter Silêncio no Estúdio Vol. 179

26 de dezembro de 2022


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças. Neste período, entre dezembro e fevereiro, deixaremos o espaço de lançamentos em aberto para que nossos colaboradores possam trazer pautas livres, caso o ritmo de lançamentos não seja satisfatório. 


LANÇAMENTOS/PAUTA LIVRE

Por Bruno Leo Ribeiro

SEMPRE

Depois que fechei minha lista de melhores do ano, resolvi ouvir aos poucos os discos indicados pelo Brunno Lopez, pelo Márcio e pelo Vini Cabral. O primeiro que chamou minha atenção e que vou reforçar aqui a indicação é o disco “Blue Rev” da banda canadense de Indie Pop “Alvvays”. 

O som deles é uma delícia e realmente tem todos os méritos de estar em segundo lugar na lista do Vini. A banda soa como um Blondie com guitarras do Suede. Tem aquela veia New Wave, inspirada em Punk, que se misturou com um monte de coisas e ficou mais descolado e agradável. O disco Blue Rev é um disco que não dá pra pular nada e a jornada deixa um gostinho de quero mais. 

Dá pra ouvir o Blue Rev em loop durante um dia inteiro e a cada audição, uma nova surpresa é descoberta.

Uma das coisas mais legais de se ouvir bandas novas é conseguir perceber as suas misturas e influências. Virar um vira-lata caramelo com seu som, é uma das maiores qualidades de novas bandas que gostam de juntar influências e gostos, pra se criar um som novo.

Alvvays é uma banda que não conhecia e agora está no meu radar pra todo sempre e com certeza, num próximo lançamento, não vou deixar passar pra ficar de fora da minha lista.

Posso dizer que é um disco que poderia facilmente estar na minha lista de Top 20.

Ouça aqui 


Por Vinícius Cabral

FORA DAS LISTAS, TALVEZ OS VERDADEIRAMENTE MELHORES

Dezembro é o mês das listas. Queria ignorá-las, mas quem estou enganando aqui? Não consigo. 

Após inúmeros desaforos desferidos contra mim pela finada Pitchfork, resolvi voltar minha atenção a outros veículos. Mas até o Indie Hoy, portal que eu mais acessei em 2022, me decepcionou com uma lista safadinha

Muito pop, muito mainstream e pouquíssimo espaço para artistas underground (fora da Argentina). Mesmo assim, deu para catar na lista alguns lançamentos espetaculares do ano que eu perdi, ou que dei pouca atenção e que, por isso, não entraram na minha lista de melhores do ano (que já está no ar aqui). 

Vou indicar alguns destaques, então, um por um:

Lucas Martí – La Memoria de un Kiss

Já falei do Martí neste espaço, divulgando seu maravilhoso EP (também deste ano) com Túlio Alzarga. Mas não sabia que o mestre argentino estava para lançar um disco solo cheio. E o disco é um escândalo. Começa com a brilhante La Memoria de un Beso, na tradição spinettiana do artista. Também tem clássicos como Basta de Berlín e Feto, canção charlyana que termina com um solo de hard rock, numa mistura absurda. Brilhante. 

Ex-Colorado – Lo Bueno Del Tiempo y Las Decisiones

Um pecado este não ter passado pelo nosso radar antes. Se tivesse passado, estaria em meu top 10 do ano, certamente ao lado do FAZI. Trata-se de um disco argentino de kraut-dream-pop incrível. Omni acerta em cheio em Kraftwerk, enquanto Páginas en Blanco lembra diretamente um Spacemen 3. O disco é todo espetacular, mas destaco a brilhante faixa de encerramento, La Última Frontera. A canção começa como um kraut e vai evoluindo para levar o estilo para o século XXI, com texturas modernas em um beat meio trap. Espetacular. 

Los Subtítulos – Espectador Entra A Escena

O mais irregular da lista, de outra banda argentina que parece ser sazonal, formada por integrantes de outros projetos. Ainda assim, um disco imperdível, com singles perfeitos e grudentos como Domingo Negro, Muerto e Ojos Delineados

Fin Del Mundo – La Ciudad que Dejamos – EP

Fin Del Mundo compôs a invasão hermana (que eu já destaquei neste espaço) na KEXP. De início, achei que o grupo era um subproduto de Las Ligas Menores, mas o EP de estreia da banda porteña formada só por mulheres me fez morder a língua. Já na faixa de abertura fica clara a tendência a uma espécie de kraut argentino. Na sequência, o clássico El Próximo Verano nos arrebata totalmente. Belíssima canção que aponta a banda como uma das melhores do indie argentino atual. 

Julieta Venegas – Tu Historia

Nunca imaginei que amaria um disco inteiro da veterana mexicana Julieta Venegas. Outra vez mordi a língua. Tu Historia é super coeso, e bebe das fontes do pop internacional (acenando à disco music, por exemplo, com o hit Mismo Amor) para entregar um trabalho que é mais coerente e bem trabalhado do que a média dos álbuns nessa linha. Canções perfeitas em termos de composição, como Te Encontré, Caminar Sola e Tu Historia se destacam, em um disco impecável. Uma bela surpresa para encerrar essa lista dos “melhores que não foram”. 

*Vale destacar que a Argentina não é apenas campeã do mundo no futebol. Tenho achado assustadora, mesmo após imersões relativamente superficiais, a quantidade de obras musicais de extrema qualidade vindas do país. Isso porque, nas minhas dicas, evito alguns consensos pop dos hermanos do último ano, como Lara91k, Trueno, Babeblade, Defensa 7 e SixSex. Eles estão com tudo mesmo! 


Por Márcio Viana

A HORA É AGORA

Embora eu não seja um cinéfilo sequer mediano, gosto de aproveitar ao máximo a experiência de estar em uma sala de cinema e não saio até o final dos créditos. Especialmente quando algo me chama a atenção na trilha sonora. Foi assim que, ouvindo o som vazado de uma sala ao lado da qual esperava por um filme, ouvi o encerramento de outro, e descobri um som impressionante (na semana seguinte foi assistir o tal filme, era Contra a Parede, e a música era uma versão de Life’s What You Make It, do Talk Talk, feita por um artista chamado Zinoba).

Assistindo a um monótono filme canadense (deste eu não me lembro nem o nome, infelizmente), conheci também o Timber Timbre, com Black Water.

Mas provavelmente minha descoberta preferida foi quando, assistindo a O Clã, dirigido por Pablo Trapero e protagonizado pelo grande Guillermo Francella, conheci a obra de Sebastian Escofet, compositor de grande parte das trilhas de filmes argentinos, e também colaborador de Gustavo Santaolalla em filmes como Biutiful e 21 Gramas, de Alejandro González Iñarritu.

Em uma época pré-popularização do streaming, descobri que Scofet mantinha em seu site o link para download gratuito de seus discos, e por meio dele conheci um pouco mais de suas obras para além das trilhas. Meu disco favorito dele é Ahora, de 2003, que indico abaixo como uma boa maneira de iniciar a audição de seus trabalhos.

Ouça Ahora aqui 


Por Brunno Lopez

REPORTS

O Angra está a todo vapor em seu canal do YouTube mostrando os bastidores da pré-produção do novo álbum. Esse processo acontece em Campos do Jordão e vale muito a pena observar como a banda lida em cada etapa de composição e criação. Um retrato bem-humorado e ao mesmo tempo muito didático de uma banda de heavy metal do Brasil tentando encontrar seu próprio som, sem perder as origens e ao mesmo tempo trazendo algo refrescante.

Assista aqui 


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana