Newsletter Silêncio no Estúdio Vol. 178

19  de dezembro de 2022


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana, nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música ou, simplesmente, alguma curiosidade ou indicação. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção.  


NOTÍCIAS & VARIEDADES

Por Bruno Leo Ribeiro

A.I. CRÍTICO CHATO

Na semana passada, a revista Classic Rock, resolveu fazer um teste usando Inteligência Artificial para analisar o disco Master of Puppets do Metallica. O disco, considerado um dos melhores discos de Metal de todos os tempos, recebeu algumas análises da ferramenta ChatGPT e foi bastante cruel com o Lars Ulrich.

O ChatGPT é um sistema de chatbot de IA que a OpenAI lançou em novembro para mostrar e testar o que um sistema de IA pode realizar. Você pode fazer perguntas e pode ter respostas úteis. Você pode fazer perguntas de enciclopédia como “Explique as leis de Newton”, “Escreva um poema para mim”, depois pode pedir “Faça esse texto mais emocionante” e etc…

Só que tem um plot twist, o ChatGPT não sabe exatamente de nada. É um chabot treinado para reconhecer padrões de textos coletados na Internet e depois é  treinado com assistência humana para fornecer um diálogo melhor e mais útil.

Talvez por isso o ChatGPT foi tão cruel com o Lars Ulrich do Metallica. O que mais tem na internet por aí, são textos falando mal dele e da sua habilidade como baterista.

Segue alguns trechos do texto gerado pelo chatbot analisando a bateria do Master of Puppets:

“Enquanto o Master of Puppets é considerado um álbum clássico para muitos fãs do Metallica, não é um disco sem defeitos. A bateria do Lars Ulrich é simplista e sem inspiração, com falta de complexidade e habilidades como baterista de Thrash Metal. Sua performance em Battery e Leper Messiah, são particularmente fracas e repetitivas, com repetições e padrões que atrapalham a elevação da composição musical. O Lars Ulrich puxa pra baixo a qualidade de um disco que poderia ser bem melhor”.

Quando eu li esse texto, parece que foi feito da soma de todos os haters e chatos, que gostam de falar mal do Lars. Claro que ele é limitado, mas dentro do Metal, ele é um dos caras mais criativos. Quando você escuta 3 segundos de um groove de bateria, já se sabe que é ele. E isso, pouquíssimos bateristas conseguem fazer.

Agora com o ChatGPT, vai ficar bem mais fácil ser um chato que basicamente copia os reviews petulantes dos críticos musicais por aí. Pra quem já usa grandes sites e apenas traduz seus textos para português e se vendem como grandes mentes da crítica nacional, o ChatGPT será bem útil. A petulância de escrever o que todo mundo fala por aí o chatbot já tem. Agora é só perguntar pro ChatGPT, “Faça um review do disco novo da Beyoncé” e pronto.


Por Vinícius Cabral

COINCIDÊNCIAS?

Pedro Aznar e seu honesto “Vamos, Carajo!” no comercial da Quilmes

Este ano o futebol nos permitiu analisar com mais atenção a rivalidade entre Brasil e Argentina (por vezes doentia).

Se o sociólogo que se manifesta neste vídeo estiver certo, um dos motores do ódio mútuo é uma inveja velada. Os hermanos invejam nossa “malemolência”, a dança, a negritude, a grandiosidade. Em contrapartida, é possível que tenhamos inveja da tenacidade, da garra, e da vaidade cultural dos argentinos. Eu certamente tenho. 

Neste comercial da Quilmes, lançado um mês antes da Copa do Catar, os argentinos exploram, com humor, as coincidências (reais ou absolutamente fantasiosas) entre as copas 1986 e 2022. A coincidência maior confirmou-se no dia 18 de dezembro de 2022, com requintes de crueldade. Por alguns instantes parecia que o roteiro da final de 1986 ia se repetir: na ocasião, Argentina abriu dois a zero, cedeu o empate e desempatou no finalzinho com gol de Burruchaga. Em 2022 foi exatamente a mesma coisa até Messi desempatar na prorrogação. Mas ninguém previu o Mbappé, que levou a decisão para os pênaltis. Apesar das coincidências que se confirmaram na vida real, é óbvio que os detalhes apontados pelo comercial são absurdos – Júpiter estava em peixes na final de 1986, e estaria em peixes na final de 2022. Pura superstição. 

O traço mais marcante do comercial, além do tom premonitório, é a homenagem que faz à Hablando a Tu Corazón (o maior synthpop já feito), de Charly e Pedro Aznar, lançado em 1986. O próprio mestre Aznar apresenta um grupo contemporâneo revisitando a canção. Genial que este clássico absoluto seja uma das trilhas da vitória dos hermanos

Outra trilha que caiu como uma luva na campanha argentina foi Déjà Vu, de Gustavo Cerati, brilhantemente editada em um corte que destaca os versos finais da canção diante da classificação do time para a grande final: “Cerca del final. Sólo falta un paso más. Siento un déjà vu. Déjà vu”. De arrepiar.  

A vitória veio, e os hermanos têm muito a comemorar. Junto a seus ídolos, que embalaram tantos momentos marcantes. É hora de celebrarmos Messi, Charly, Dieguito, Che Guevara … tantos heróis de um país que os trata tão bem. 

Que aprendamos um pouquinho com isso. 

Ouça Hablando a Tu Corazón aqui

Ouça Deja Vu aqui


Por Márcio Viana

A NOVA ONDA (E O NOVO DRAMA) DE TIM COMMEFORD

Tim Commerford, baixista do Rage Against The Machine, uniu forças com Mathias Wakrat e Jonny Polonsky para formar um novo trio, o 7D7D.

A notícia deveria ser apenas esta, com a indicação dos dois primeiros singles do trio, no qual além do baixo, Commeford também assume os vocais.

Porém, em entrevista à revista Spin, o baixista do Rage Against the Machine, revelou que está com câncer de próstata.

Na conversa com a revista, o músico revelou que teve a próstata removida por conta da doença, e que o tratamento ainda está em andamento. O Rage Against the Machine acabou por cancelar algumas datas de sua turnê por conta de uma lesão (rompimento de tendão de Aquiles) sofrida por Zach de La Rocha, mas o baixista havia sido operado antes de seu início e resolveu encarar os palcos.

Nos resta desejar a pronta e total recuperação de Commeford, para continuidade dos trabalhos com o Rage Against the Machine e o 7D7D.

Sobre o trio, o som é um pouco mais pop e melódico do que os trabalhos anteriores do baixista, porém já dá pra sacar que a temática continua sendo a social e de protesto. Vale conferir.

Ouça Capitalism aqui

Ouça Misinformed aqui


Por Brunno Lopez

ATEU

Mauro Henrique é um ponto fora da curva na música. E não apenas na cristã, mas na forma geral de manifestação sonora. Suas contribuições sempre causam admiração pela forma disruptiva de agrupar elementos em sua arte, tornando-o de uma versatilidade e bom gosto únicos.

Seu mais recente lançamento comprova tais atributos facilmente. Além do título forte, a canção oferece influências encorpadas para a cena, sendo tranquilamente compreensível a percepção de Muse, Queens of The Stone Age e demais camadas dessa vertente do rock. Tudo isso amarrado numa letra arrasadora e reflexiva tornam Ateu um dos singles mais brutais para encerrar o ano.

Esse cara é um fenômeno além dos rótulos.

“E a gente berra, mas o ídolo não liga
E os seus servos sabem que ele é de mentira
E a ilusão que roubou minha paz
Ficou pra trás com a religião pra onde eu não quero voltar nunca mais”

Assista aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana