Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 167

03 de outubro de 2022


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças. 


LANÇAMENTOS

Por Bruno Leo Ribeiro

O FIM, ATÉ AGORA

Quando apareceu no movimento ali do Nu Metal, o Slipknot não me emocionava tanto. Sempre fui mais admirador do Korn, Deftones e até de certa forma do Disturbed. Mas depois que o tempo foi passando o Slipknot foi crescendo em mim.

A primeira vez que realmente abri o coração pra banda foi no Guitar Hero 3 quando tinha Before I Forget pra tocar. O clipe eu já curtia demais, mostrando a banda sem máscaras, mas sem mostrar nada.

Depois disso, fui acompanhando a banda e tive a oportunidade de ver ao vivo o show deles em Helsinki… e não tem uma alma que goste de metal que não veja o show deles e não fique impressionado. Ao vivo eles são impecáveis. A molecada vai a loucura mesmo.

Aí que fui entender que a banda desperta um sentimento de raiva que de vez em sempre precisamos colocar pra fora e um show deles é quase um culto ao caos.

Com todas as mudanças, tretas internas e tragédias que a banda já passou, parece que eles mesmos evoluíram. No disco mais recente que saiu na sexta-feira passada, o álbum abre com um Rock quase Indie, com piano, vocal limpo e um loop de baixo que deixaria o Sonic Youth orgulhoso.

O “The End, So Far” é um disco de maturidade do Slipknot. É como se eles tivessem fazendo o seu próprio Load do Metallica. É um disco que acho que vai fazer muita gente torcer o nariz. Ainda tem aquele peso, velocidade, mas não o tempo todo. O que faz os outros discos da banda serem um pouco exaustivos.

O The End, So Far, achou um equilíbrio bacana. Tem peso, tem melodias, tem momentos mais acessíveis e momentos de raiva. É um disco de pessoas que meio que cansaram de fazer a mesma coisa e tão expandindo seu som.

A tentativa de mudança, mesmo ainda parecendo com o Slipknot de sempre, é admirável. Vale o play.

Ouça aqui o The End, So Far


Por Vinícius Cabral

O MELHOR DISCO DO AMBÍGUO ALEX G

O que me impede de amar Alex G incondicionalmente para o resto da minha vida é a dificuldade que eu tenho em decifrar suas intenções. Gênio despretensioso e experimental, ou um amante inveterado da ironia “pastichenta” noventista? Não sei.

Fato é que seu último disco, God Save The Animals, colabora muito pouco para sanar minhas dúvidas. A partir do clipe de Blessing, por exemplo, dá pra apostar nas duas hipóteses. A música por si só é sensacional, com um riff de guitarra que soa entre algo como Sonic Youth (circa Goo), Nada Surf, ou Pixies (em The Happening). O riff é seguido por um vocal sussurrado e a música nunca “explode”, como seria de se esperar em uma construção tão marcada pelas referências identificadas (o que acaba sendo inusitado é muito divertido). O clipe, porém, já nos leva a uma sátira quase descarada do grunge-alternativo-pré-emo dos anos 90, o que nos faz atribuir às referências estritamente sonoras novos sentidos. Tudo começa a parecer irônico.

Mas qual o problema em ser irônico? Sendo curto e grosso: acabou a ironia. Os melhores momentos deste disco, como em tantos outros do ano de 2022, estão nas canções que Alex parece apresentar de forma mais confiante e genuinamente descontraída. Como na incrível Immunity, na belíssima Miracles, e em Runner. Essa última me causa um desconforto de outra ordem: é quase um plágio descarado de Runaway Train, hit absoluto do Soul Asylum. Mas a energia da canção e a performance do artista quase me fazem relevar o deslize.

O que mais se destaca neste álbum para mim, apesar de todas as ressalvas apresentadas acima, é o caráter inventivo de sua produção. Alex já havia, pelo menos desde Sportstar, do seu disco de 2017, Rocket, mostrado ser praticamente o único artista do indie contemporâneo a usar o auto-tune de forma criativa. Agregando as modulações vocais, inclusive, a uma estética propriamente indie, de forma bastante inédita. Se ele teve esse insight ao participar do histórico Blonde, de Frank Ocean, ou não, aí já são outros quinhentos. Fato é que em músicas como Immunity e Cross The Sea, fica clara a enorme potência estética do uso das modulações em canções de rock alternativo. E não são só as modulações claras, “robóticas” típicas do rap. Alex também usa efeitos de pitch, alterando as oitavas de sua voz, naturalmente trêmula e desafinada (como na ótima canção de abertura, After All). 

Para não ser injusto com o artista, é importante que se diga mais uma coisa. O cara é responsável por clássicos absolutos, como Sportstar, Bobby, Mary, Sarah, Proud, e diversas outras canções espalhadas por seus muitos álbuns anteriores. Pode não ser um artista perfeitamente coeso nos longplays, mas ele definitivamente consegue entregar um som que é ao mesmo tempo indie lo-fi clássico, e perfeitamente moderno (por atualizar sonoridades clássicas de uma maneira bastante livre e inventiva).

God Save The Animals é, no fim das contas, provavelmente o melhor disco cheio de Alex, do início ao fim. E não o é sem algumas contradições. O disco soa ao mesmo tempo original e velho. Estranho e familiar. É um amálgama pautado por ambiguidades e contradições permanentes. Eu, que adoro contradições, estou amando o processo de tentar decifrar (ainda sem muito sucesso) o novo disco do artista. Alex G pode ser muita coisa, afinal, menos entediante.

Bonus Track: a perfeita Nilufer Yanya aparentemente nunca erra. Do nada, a artista me lança uma versão simplesmente ma-ra-vi-lho-sa de Rid Of Me, clássico eterno da PJ Harvey. Até eu que geralmente não gosto de covers fiquei me babando todo. Ouçam só, que pedrada

Ouça God Save The Animals aqui 


Por Márcio Viana

SE UM DIA EU CHEGAR MUITO ESTRANHO

Uma lição que eu devo levar para o resto da vida é a de não deixar para escrever um texto no final de um domingo decepcionante.

Dito isso, o lançamento nacional que me impressionou nos últimos tempos foi o novo do Molho Negro, ESTRANHO (assim mesmo, em caixa-alta, como na grafia de todas as 11 faixas).

O trio paraense veio desta vez com canções muito inspiradas, como DEIXE SEU CORAÇÃO PRA LÁ, NÃO ME FAÇA DUVIDAR e a minha preferida, NÃO NASCEU PARA BRILHAR, com os versos-soco-na-cara do tipo “Eu acordo e o algoritmo me avisa que eu passo muito tempo implorando a atenção de um monte de gente que eu mal conheço, que eu me acostumei a ter que dar satisfação”. Resume bem a nossa vida em redes sociais, e é isso aí.

E vamos em frente, que tem mais luta.

Ouça ESTRANHO aqui 


Por Brunno Lopez

NOVAS ROSAS 

O quinto álbum de estúdio do The New Roses só chega no dia 21 desse mês mas o single “1st Time For Everything” já mostra que teremos um disco com potencial para encantar até os fãs mais fervorosos do Bon Jovi.

Os alemães que, com seu trabalho anterior, alcançaram o top 10 das paradas de seu país, hoje já convivem com a deliciosa realidade de dividir palcos com Scorpions, Saxon, Accept e Kiss.

Sweet Poison certamente fará com que o nome da banda cresça exponencialmente, assim como a qualidade desse Hard Rock contemporâneo.

Ouça aqui 


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana