25 de julho de 2022
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.
RECENT PLAYS
Por Bruno Leo Ribeiro
LOBOS NO PORTÃO
Estou ouvindo bem menos lançamentos esse ano do que em 2021. No ano passado eu fiquei um pouco obsessivo com tudo que saía e queria ouvir tudo que desse. Não foi prazeroso. Fiquei cansado e realmente não dá pra acompanhar tudo que sai.
Esse ano decidi ser mais pontual e ouvir com mais curadoria. Entre alguns dos poucos discos lançados em 2022 que quero recomendar é de uma banda que não conhecia até esse lançamento.
A banda se chama Wolves At The Gate e o disco é o Eulogies.
Pra quem gosta de imaginar uma mistura de Periphery com Killswitch Engage, essa banda é pra você. Produção impecável, gravação e mixagem de primeira e músicas cheias de peso, energia e melodias interessantes e catchy. Vale demais o play 🙂
Por Vinícius Cabral
5 DISCOS ARGENTINOS PARA ARREPIAR 2022*
Vocês vão achar que eu devo ter enlouquecido de vez, mas tudo que eu vou falar aqui é a mais pura verdade. Eu passei as últimas semanas dando uma filtrada em uma lista do portal Indie Hoy dos melhores álbuns argentinos de 2022 até este momento. Sem muito esforço (ainda não ouvi nem a metade dos discos), já dá pra dizer: se vocês desistirem de acompanhar os lançamentos de todos os países do mundo, e quiserem se dedicar somente aos argentinos, não vai faltar absolutamente nada.
Bom, para ser totalmente honesto, talvez faltem bons discos de metal, de soul ou de jazz, mas eu não tenho autoridade nestes gêneros para avaliar. No que tange a minha limitada verve musical, talvez eu já tenha mais discos preferidos de 2022 vindos da Argentina do que vindos dos EUA e da Europa (somados). Nesta edição, vou indicar 5 álbuns que me tiraram totalmente do eixo.
Entidad Animada- Conductor Áurico No-lineal
Uma verdadeira ópera de guitarras em delay. Inicialmente, parece um exercício estendido de post-rock, mas lá pela segunda faixa o trabalho já nos envolve em um outro tipo de construção. Trata-se de um delírio etéreo, totalmente hipnótico e mágico. O projeto solo de Marcos Díaz, integrante de outras duas bandas argentinas da cena, é um respiro em tempos turbulentos. Relaxante, sofisticado e denso (sem soar pretensioso ou chato). O disco sai pelo importante selo Fuego Amigo, que parece ter um dos catálogos mais interessantes do indie hermano.
O duo chileno-argentino de techno pop é responsável por um dos discos eletrônicos mais sutis e memoráveis que eu ouço em muitos anos. Com beats e sintetizadores leves (às vezes caminhando para um house-pop) o disco lembra os melhores momentos de Everything But The Girl, Boards Of Canada, Four Tet, entre outros. As sofisticadíssimas camadas eletrônicas servem de cama para os vocais celestiais de Antonia Navarro, vocalista, letrista e multi instrumentista. A outra parte do duo, Benjamín Riderelli (um cara super acessível, com quem eu cheguei a trocar uma ideia) me contou que os dois são chilenos, que se encontraram na universidade de La Plata, em Buenos Aires. Em uma conversa rápida, deu para perceber que temos em comum um deleite pela música latina atual. Nas palavras dele: “…en Latinoamérica se cocina una música increíble”. Quem sou eu para discordar.
Ainda no eletrônico, mas dessa vez em um eletropop matador e mais “tradicional”, lhes apresento Juan Baro, também figurinha carimbada da cena em outras bandas. Seu disco parece uma homenagem à incorporação dos padrões melódicos “tangueros” a um som eletrônico moderno, em uma atualização daquilo que Charly García se acostumou a fazer a partir dos anos 80. Por falar em Charly, é impossível ouvir canções como Vivir Más, deste belo disco de Baro, e não nos lembramos do mestre do cancioneiro argentino. Há outras pérolas incríveis aqui, como 10% (com uma estrofe profundamente “tanguera”), Amo e Secreto a Voces. Belo disco.
Lucas Martí & Tulio Álzaga- Torga – EP
O universo meio surrealista-onírico deste pequeno disco (revelado até pela bela capa, que remete a Magritte) esconde o conjunto de canções mais tipicamente argentino-pop que você irá ouvir fora de um disco de Pedro Aznar & Charly García. E há semelhanças profundas entre os dois duos, como podemos notar na bela Caín, canção que acontece naquela cruza inusitada entre tango, folk argentino, clube da esquina e Flávio Venturini (cruza, obviamente, inaugurada por Charly nos anos 70). O disco tem espaços para canções oníricas e potentes, com refrões super melódicos (Escondemos Música, Cementerio) e outras alucinações “charlyanas”, como Falsos Marineros. O disco é tão curtinho, que dá para ouvir umas três vezes na sequência, sem arrependimentos.
Sem em 2021 meu álbum de hip hop favorito do planeta foi a obra-prima de Don L, este ano o grande favorito para ocupar o posto é este Sucia Estrella, da “rapera” veterana, Sara Hebe. Além das letras impecáveis (críticas e políticas até a medula), o disco traz um mix estético muito mais impressionante do que qualquer manifesto hyperpop cozinhado em um macbook com muitos plugins por alguns garotos (com poucas ideias). A cruza que Sara produz entre trap, eletro, techno, funk carioca (sim!), dancehall e outras batidas variantes do onipresente reggaeton, é algo de cair o queixo. E é o que vemos no single La Bronca: com um refrão tradicional de rap, a música se transforma em um pseudo-trance digno de uma rave, acompanhado por uma performance vocal brutal da rapper. Estou submetendo a canção a especialistas porque, depois de ouvi-la atentamente diversas vezes, eu tenho a nítida impressão de nunca ter ouvido nada parecido. É em uma parceria com a chilena Ana Tijoux, porém, que o conceito da obra se explicita, em uma das músicas mais inacreditáveis que eu ouvi este ano: Almacen de Datos. Ao invés de ficar babando em trechos isolados, vou simplesmente recomendar que ouçam a música, acompanhando bem a letra. Trata-se, provavelmente, do maior manifesto contra tudo o que temos vivido na indústria musical atualmente, interpretado de uma forma tão visceral, que é difícil ignorar a potência – ainda mais em uma canção adornada por uma base de dancehall-ragga, totalmente alheia, realmente, às tendências dos últimos modismos. Afinal, a própria Sara dá a letra sobre o estado das coisas: Al final esto no es arte, mami. its branding.
Foda-se o branding.
(E, por favor, ouçam a Sara Hebe).
*Links para os álbuns nos títulos.
Por Márcio Viana
ENERGIA LÁ EM CIMA
Estive ouvindo o episódio mais recente do podcast dos amigos do Troca Fitas, e nele há um quadro de lançamentos, em que artistas enviam seus sons para serem tocados no programa.
E foi por lá que tomei conhecimento da Aramà, cantora italiana radicada no Brasil, que acabou de lançar Adrenalina, single meio dance, meio tecnobrega/guitarrada e com toques de funk. Com produção de Felipe Cordeiro e participação da cantora paraense Aíla, a canção é contagiante e com refrão grudento.
A ideia da canção é falar sobre renascer depois do isolamento, e podemos concluir que Aramà entrega o que promete no refrão, já que sim, a adrenalina sobe enquanto a gente ouve essa canção deliciosa.
Faça o teste:
Por Brunno Lopez
O RECENT PLAYED QUE PODERIA SER UM CLÁSSICO
Quase sempre estamos por aqui indicando músicas e discos de diferentes nacionalidades, entretanto, é comum a predominância do inglês e, evidentemente, da nossa própria língua, com os sempre bem-vindos artistas nacionais. Vinny e Márcio também contribuem elegantemente com os artistas latinos, fazendo o espanhol soar marcante nessas intermináveis trilhas sonoras desse espaço tão agradável que compartilhamos juntos.
Aproveitando nossa CVC sonora, me concentrei na Itália durante essa semana, mais especificamente por um lançamento da talentosíssima cantora Nina Zilli. E, imediatamente após escutá-lo, segui reouvindo seus trabalhos do mais recente ao mais antigo até parar com enorme orgulho e repeat em seu debute de 2009.
Já conhecia as faixas e tinha minhas favoritas, mas dessa vez a revisitação trouxe um novo single fabuloso que ressoa até o momento que escrevo essa news. “L’Amore Verrà” é um elixir de sorrisos involuntários em meio à sua batida moderna e a interpretação poderosa de Nina.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana