Newsletter- Silêncio no Estúdio Vol. 154

4  de julho de 2022


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana, nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música ou, simplesmente, alguma curiosidade ou indicação. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção.  


NOTÍCIAS & VARIEDADES

Por Bruno Leo Ribeiro

LUTO

Depois da notícia de ontem sobre a morte da esposa do Andreas Kisser, perdi totalmente a vibe de falar ou indicar alguma coisa. Essa notícia me derrubou demais. Fica aqui meu micro texto apenas como registro dos meus sentimentos ao Andreas e seus 3 filhos que agora tem que seguir a vida sem a esposa e sem a mãe. 

Muita força pra ele, pros amigos e pra família nesse momento terrível. É dia de refletir sobre a vida e mandar energia boa pra ele.


Por Vinícius Cabral

A HISTÓRIA NÃO TERMINOU

Existe uma cena indie na américa latina. Uma cena fortíssima, e maravilhosa.

Por indie, me refiro nos dois parâmetros: em relação ao modus operandi de pequenas bandas independentes, e em relação à sonoridade. É claro que os padrões estéticos do que eu chamo “oficialmente” de rock alternativo sempre entram em disputa, mas há, como tentamos revelar inúmeras vezes em nosso podcast, pilares que definem mais ou menos bem um conceito de indie (ou rock alternativo, vai). Em lugares como Argentina, Uruguai, Chile e Peru, a turma leva esses dois parâmetros bastante a sério. É o que vemos neste maravilhoso documentário La Bitácora Del Sur, de Omar Díaz, que acompanha algumas bandas dos países citados.

Cobrindo mais de uma dezena de bandas e viajando pelas capitais, o filme explora os elementos que marcaram a explosão contracultural indie décadas atrás: os inferninhos, com públicos reduzidos e altamente apaixonados, a precariedade material das bandas, a paixão de seus integrantes pelo som que fazem, os zines, CDs, adesivos e demais produtos físicos, feitos para bancar minimamente os artistas … o documentário revela, em suma, um universo magnífico de resistência, sonho, viagem e união através da música. Uma essência que eu, sinceramente, achei que tinha sido perdida em algum momento das últimas décadas.

O fato disso ser notado tão nitidamente em países da periferia do capitalismo hegemônico não é um sinal de nosso atraso em relação às tendências estéticas modernas ocidentais (até porque a internet fechou bastante esse gap). É um sinal, simplesmente, que o indie segue sendo altamente relevante por existir, sempre, às margens – nos dois parâmetros. No contextual/comercial, nem preciso dizer, mas no estético também. Isso porque o indie, assim como o reggae, o dub e outras tendências eletrônicas, é altamente universal, mas incorpora muito bem regionalidades em termos de métricas e padrões melódicos, rompendo as padronizações do mainstream (na velha dialética “universal-particular”). É este o fenômeno que explica, talvez, uma banda uruguaia (como a genial Carmen Sandiego) lembrar tanto Yo La Tengo ou Belle And Sebastian, enquanto te envolve em letras e harmonias que só poderiam ser concebidas por herdeiros de Charly García, La Vela Puerca, entre outros.

O filme mostra também o quanto a cena argentina, com El Mató A Un Policía Motorizado, Bestia Bebé e Las Ligas Menores à frente, reverbera nos países vizinhos, gerando verdadeiras ondas que beiram o fanatismo. As bandas argentinas sempre penetraram muito bem em toda a américa latina, e é espetacular ver isso sendo perpetuado por bandas que, apesar de já esbarrarem no mainstream, ainda guardam um incontestável espírito indie. Outra beleza do filme é mostrar, a partir dos depoimentos dos membros das bandas, o quanto há o desejo – facilitado hoje pela internet- de conexão entre os artistas. Um desejo que, no caso deste pequeno circuito latino, pode ser realizado com relativa facilidade. É só imaginarmos que é mais barato e rápido para uma banda do Peru se apresentar no Chile, do que uma banda do Rio Grande Do Sul tocar em, digamos, Salvador.

O Brasil, este gigante continental que não tem a menor ideia de sua potência, deveria se agregar minimamente a esta cena e, principalmente, consolidar suas próprias cenas regionais com o intercâmbio entre artistas. Entre a falta de algo neste sentido e uma certa vergonha de assumir a estética indie (em um universo tomado pelos supostamente inovadores hibridismos pop), nosso país ainda está um pouco afastado deste contexto tão rico, humano e transformador. Que o exemplo de nossos vizinhos nos contamine, urgentemente!

Enquanto isso, posso apenas indicar o filme, que está inteiramente disponível no YouTube. É uma obra também independente e escandalosamente simples, mas que aqueceu o meu coração por dias a fio. É muito bonito ver que a história não acabou. O mundo para nós, terceiro-mundistas, anda cada vez mais bruto, inconsequente e irracional, mas o indie rock, com sua energia inesgotável e sua relevância atemporal, pode muito bem abrir caminhos importantes.

Assista o documentário La Bitácora Del Sur aqui 


Por Márcio Viana

METALLICA EM UMA NOITE DE COVERS

Em 2014, o Metallica tocou um set acústico no MusiCares MAP Fund Benefit Concert no Club Nokia em Los Angeles, evento organizado pela instituição que promove o acesso à comunidade musical ao tratamento de recuperação de vícios e realizado em tributo a Ozzy Osbourne. Na ocasião, a banda tocou covers de Rare Earth, Deep Purple, Beatles e do próprio Ozzy.

Agora, a banda disponibilizou esta apresentação para download pago pela plataforma Nugs, em formato de EP, com a renda revertida para o MusiCares Fund.

O setlist foi composto por:

I Just Want To Celebrate – Rare Earth

When A Blind Man Cries – Deep Purple

In My Life – The Beatles

Diary Of A Madman – Ozzy Osbourne

No link abaixo, é possível ver uma gravação amadora da cover dos Beatles interpretada pelo Metallica:

Veja o Metallica tocando “In My Life”


Por Brunno Lopez

MIND REVERSE

Quem disse que não se faz rock na própria vizinhança?

Diretamente do meu quintal paranaense na Cidade Canção, o som da banda de Maringá ecoa com muita personalidade e qualidade. 

Numa pegada setentista com vislumbres de contemporaneidade, o Mind Reverse traz um álbum consistente e impressiona pelo alto nível das canções.

Vale a pena tirar os olhos dos grandes centros e escutar a cena que pulsa no interior. “Beautiful Lies” é um excelente aperitivo.

Assista aqui 


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana