30 de maio de 2022
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.
RECENT PLAYS
Por Bruno Leo Ribeiro
OLHANDO PRO SOL
Que eu tenho uma queda por Pop, todo mundo sabe e já foi falado aqui nesse podcast e newsletters que o Pop mais inovador e criativo da atualidade vem lá da Coreia do Sul.
Essa semana fez 4 anos que visitei Seoul pela primeira vez por causa do trabalho e eu fiquei encantando com a cidade e toda a parte cultural depois da minha visita. Mas eu ainda não tinha sido fisgado pelo bichinho do K-Pop.
Na minha lista de melhores discos do ano passado, coloquei dois discos de K-Pop no meu Top 20, o Atlantis do SHINee e o BAD LOVE do Key.
Desde então, tento acompanhar alguns lançamentos de K-Pop que são recomendados principalmente pela minha amiga Ana Clara (que gravou o episódio de Hinos da Música da Taylor Swift comigo). Geralmente o que ela recomenda, eu dou pelo menos um play pra conferir e na sexta-feira da semana passada foi lançado o Face the Sun do SEVENTEEN.
É um disco de Pop, com aquele toque de K-Pop com transições de ritmos, experimentações e refrões explosivos, mas esse me chamou atenção pelos arranjos. Em algumas músicas, temos riffs de guitarra meio Hard Rock que mostram que a música pode se misturar.
Influências podem vir de todos os lados e os compositores e produtores da Coreia do Sul não têm medo de testar, até porque são tantos lançamentos que fica difícil de se diferenciar.
O Face The Sun é com certeza um dos lançamentos mais interessantes de Pop do ano e ficou rodando aqui no meu Tidal durante o fim de semana de arrumação de caixas pra minha mudança. Ajudou bastante. Me animou e fiquei 5% menos desesperado com a mudança. Isso já é muita coisa.
Por Vinícius Cabral
ELES NÃO ESTÃO DE BRINCADEIRA
Dois dos lançamentos mais interessantes que descobri de 2022 vêm da China.
O primeiro, da banda FAZI (法兹, foto acima), é um disco de krautrock/post rock para ninguém botar defeito. Inspirada nos clássicos (Mogwai, Boredoms) e lembrando contemporâneas ocidentais como a britânica Squid, a banda da província de Xi’an (西安) é uma das principais da cena chinesa hoje, e interpreta de forma muito particular o legado dos gêneros citados. Folding Story (折疊故事) é um disco conceitual sutil e marcante, com uma alternância de moods em sua tracklist que produz uma dinâmica sensacional. O trabalho é acompanhado por um álbum visual bem interessante.
O segundo trabalho é da veterana Wen Jun (文君) com sua nova banda, Absolute Purity (绝对纯洁)), com o disco We Fought Over The Moon (專輯上架文案, capa abaixo). A banda faz uma espécie de riot grrrl que lembra bastante projetos como Le Tigre, misturando timbres eletrônicos a uma atmosfera eletro-punk bem interessante.
Como eu tenho dito, o indie chinês tem algo de muito interessante. Mescla as referências claras de sonoridades noventintas com algo novo, que ainda não consigo identificar muito bem. Provavelmente, trata-se de uma liberdade estética que já perdemos por aqui em algum momento. Uma espécie de desembaraço em se inspirar nas bandas ocidentais que pavimentaram o rock alternativo. Afinal, ao menos na música, os chineses parecem não se contentar com a cópia, traduzindo para o seu próprio contexto as referências de forma natural.
Ouça Absolute Purity- We Fought Over The Moon aqui
Por Márcio Viana
IMPOSTO DO CORAÇÃO
Mal tive tempo para digerir o novo álbum do Warpaint, Radiate Like This, e eis que me surgiu Heart Tax, segundo disco solo de Jenny Lee Lindberg, baixista do grupo. Apresentando-se com o nome JennyLee, a musicista traz em Heart Tax os singles que lançou nos últimos anos e mais algumas canções novas, todas elas inevitavelmente conduzidas por seu estilo cativante com o instrumento de quatro cordas graves, e recebendo alguns convidados como Dave Gahan, o próprio Warpaint, Goldensuns, Belief, Trentemøller e sua colega de banda, a baterista Stella Mozgawa.
Inevitável que o destaque seja grande para o dueto com Dave Gahan do Depeche Mode em Stop Speaking, mas não dá para desprezar a harmonia simples de In Awe Of, ou o ritmo cativante de I’m So Tired, cover do clássico do Fugazi. Há também momentos em que o baixo fica mais discreto, dando espaço a outros instrumentos, como o piano de I Love You.
O disco foi lançado no Record Store Day, em abril, e acaba de chegar nas plataformas de streaming.
Por Brunno Lopez
QUERIDO SHERLOCK
É sabido que o melhor detetive da história é belga e atende pelo nome de Hercule Poirot. Mas em termos de banda, como ignorar o som teatral vestido de rock moderno feito pelo Dear Sherlock?
No EP ‘II’, ainda que muitos se sintam confortáveis em compará-los com Muse, o grupo mostra que tem muita originalidade em sua sonoridade, com estruturas criativas que se descolam levemente do convencional e proporcionam uma experiência deliciosa.
“Hell” exemplifica muito bem todas as atmosferas que os jovens portugueses procuram dentro de suas composições. Lançado em 2019, o material traz excelentes arranjos e um vocal que se encaixa demais na proposta dark rock/symphonic sound.
Aqui, o crime não precisa ser desvendado. Com Dear Sherlock, crime mesmo é não ouvir. E nem precisa de um Watson pra dizer isso.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana