Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 145

02 de maio de 2022


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.  


RECENT PLAYS

Por Bruno Leo Ribeiro

FUTURO NUNCA

Fazia muito tempo que eu não parava pra prestar atenção no trabalho do Daniel Johns e do Silverchair. Até que veio a ideia de fazer o Hinos da Música sobre Tomorrow do disco de estreia do Silverchair, o Frogstomp. Acho que a última vez que tinha dado play num disco completo do Silverchair tinha uns 10 anos. 

Mas com a pesquisa sobre a carreira da banda e vida do Daniel Johns, me deparei com o podcast da vida dele, que pela primeira vez, se abriu pra contar seus sentimentos. Muita coisa fez mais sentido e comecei a admirar mais ainda a inteligência do queridinho da Austrália.

No dia 22 de Abril, ele soltou o seu segundo disco solo chamado FutureNever e não decepcionou. Não tem absolutamente nada a ver com o Silverchair e isso é bom. O que o Silverchair fez tá feito. Deixa lá paradinho.

O disco começa com uma música épica com piano e arranjos grandiosos. Reclaim Your Heart é quase um convite a esse novo momento da vida do Daniel. Uma música poderosa e cheia de emoção.

Depois vem uma sequência matadora com Mansion, Where Do We Go? (minha favorita do disco) e Cocaine Killa. Cada música no seu estilo e cada uma com o seu valor.

O grande destaque fica pra música FreakNever, com participação da purplegirl. Com aquele Riff memorável de Freak do Silverchair, Daniel Johns, faz uma releitura de sua própria música, trazendo um novo ponto de vista, mostrando quem ele foi e quem ele é agora.

O disco é sensacional. Um dos que mais gostei no ano. Tem um toque de Prince, junto com Pixies e uma modernidade de muito bom gosto de um cara cheio de referências e uma talento acima da média.

Ouça aqui o FutureNever


Por Vinícius Cabral

A MAIS JOVEM MÃE DO INDIE

Sophie Regina Allison, a Soccer Mommy, é definitivamente uma das forças mais promissoras do indie gringo atual. Eu comi mosca no seu álbum de 2018, o perfeito Clean, e me decepcionei um pouco com o Color Theory, de 2020, que apesar de ter singles perfeitos (como Circle The Drain, sobre o qual já falei aqui na nossa newsletter), falhou um pouco no conjunto. 

No entanto, bastou pintar o novo single do próximo disco da compositora, que está para sair, para eu voltar ao estado de empolgação. Shotgun mostra um amadurecimento incrível da artista, que concilia suas maiores influências (certamente o indie noventista) com texturas e paredes bem contemporâneas. O que Sophie parece capturar até melhor do que cantoras-compositoras atuais como Mitski, Snail Mail e diversas outras, é a melancolia e a auto-depreciação profundamente dolorosas e autênticas, tantas vezes rasgadas e vomitadas pelas almas mais atormentadas do rock alternativo, como Jeff Mangum, Phil Elverum e Rivers Cuomo (na “era Pinkerton”, porque depois desandou). 

E é isso que se ouve nas melhores canções da artista, como Cool, Your Dog, Royal Screw Up e esta nova, Shotgun. Sophie, que só é mamãe no nome artístico, por ora, tem tudo para se consolidar como a artista que melhor representará o indie rock de sua geração. Sem exagero. 

Para não indicar nada específico, linko abaixo o Topic da artista no YouTube, aí vocês escolhem por onde começar!

Ouça Soccer Mommy aqui


Por Márcio Viana

TUDO ERRADO, MAS TUDO BEM

Devo admitir que a rotina maluca de São Paulo tem tirado de mim algumas atitudes que me ajudaram a consumir arte. Eu sempre gostei de ouvir música caminhando, mas o aumento da violência urbana exige que tenhamos mais cuidado e evitemos distrações na rua. 

Compartilhado este dado triste, tenho que dizer que precisei me adaptar e tentar ouvir alguma coisa enquanto trabalho, apesar de não achar a melhor coisa, dada a distração que isso envolve. Resta tentar unir a experiência a práticas que não requerem tanto que a gente pense demais. Uma dessas práticas é a de lavar a louça, e acredite: não são todos os sons que combinam com esta atividade.

Resolvi testar a realização desta tarefa ouvindo o novo da Band Of Horses, uma banda que na realidade nunca me atraiu muito, mas nunca me incomodou.

Things Are Great, o disco novo, aliás, não traz uma inovação no som do grupo, e por isso continua não me incomodando, mas avançou para a sensação de ser uma audição agradável em suas dez faixas. Warning Signs, a faixa de abertura, entrega com eficiência o que espera quem é fã da banda, certamente.

Mas o destaque mesmo fica para a balada In the Hard Times, com seu certeiro refrão “you deserve me in the hard times” e sonoridade cativante.

Tem uma tirinha que eu nem sei se é original do Charles M. Schultz ou se é recriação de alguém, que mostra o Charlie Brown contando a uma menina algo do tipo “eu adoro lindas melodias me contando coisas horríveis”. Pois bem, a “banda dos cavalos” faz isso, principalmente em Lights, relato sobre uma cena de crime, cantada com leveza agridoce.

No geral, posso dizer que – apesar de ter feito com que eu demorasse muito mais para lavar a louça – o disco cumpriu a missão para a qual o designei. E haja detergente!

Ouça Things are Great


Por Brunno Lopez

O PERIGOSO FAVORITE DA SEMANA

Vocês sabem, não anda tão fácil cair de amores por músicas novas. A gente abre os ouvidos na maior boa vontade, esperando aquele resquício de surpresa e quase sempre o que se vê é o mais do mesmo com produções de qualidade mas a inspiração de um funcionário do mês que trabalha sozinho.

Felizmente, em temporadas esporádicas de notável raridade, somos expostos ao que gosto de chamar de “favorite perigoso”. Aquela música que você automaticamente curte e fica tentando balancear o número de vezes que ouve pra não cair no perigo de se tornar enjoativa. É uma tarefa insalubre pois o repeat se mostra inevitável e o cérebro quer consumir aquilo o máximo que puder, como se estivesse num rodízio de massas, só que de uma música só.

Aconteceu comigo com “Chariot”, uma canção absolutamente deliciosa que veio embalada num EP igualmente surpreendente chamado Melodies For The Outsiders. A banda? Nunca tinha ouvido falar antes desses dias e, desde então, decidi acompanhar os lançamentos do pessoal do Burn The Ballroom. 

Passeando pela discografia, me deparei com algumas mudanças de estilo, que vão até mesmo para o punk contemporâneo. Porém, tudo me fez voltar com mais efusividade pra este EP, que soa como arte vitoriana em forma de som. Acessível, mas com personalidade. Pop, mas com um certo requinte vistoso.

Estou ouvindo com cuidado, pra não desgastar. Uma verdadeira apreciação, nesse museu de streamings com exposições duvidosas.

Ouça aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana