Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 137

07  de março de 2022


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.  


RECENT PLAYS

Por Bruno Leo Ribeiro

NAÇÃO DALTÔNICA

No episódio dessa próxima quarta-feira, tive uma conversa muito bacana com meu amigo e fundador da Plebe Rude, o André “X” Mueller. Na conversa nesse primeiro episódio dessa nova série chamada “No Holofote”, vamos conversar com integrantes das bandas nacionais pra falarmos sobre suas histórias e sobre a discografia completa.

Como acabei crescendo em Brasília e por lá existem apenas 3 pessoas, eu, você e um amigo em comum, acabei conhecendo muita gente da cena e o André acabou virando meu amigo porque a esposa dele foi minha amiga na faculdade.

No estudo pra falar sobre a Plebe Rude, fui ouvir a discografia novamente e realmente a banda é excelente e nunca deixou de fazer coisa bacana. Entre os discos que revisitei e acabei voltando pra continuar ouvindo foi o Nação Daltônica de 2015.

O disco mostra claramente porque a Plebe sempre foi diferente das outras bandas de Brasília. Os acordes diferentes do Philippe Seabra, a bateria energética do Marcelo Capucci, o baixo criativo do André X e a guitarra e segunda voz do Clemente que complementa tudo perfeitamente.

Acho que ouvi tanto esse disco esses dias que se eu fosse fazer um ranking de melhores discos da banda, ele estaria certamente no top 3, junto com o R ao Contrário e o Concreto já Rachou.

Ouça o Nação Daltônica e vá entrando no clima pro episódio dessa semana. 🙂 

Ouça aqui


Por Vinícius Cabral

O SINO-INDIE

Demorou, mas aconteceu. 

Vinícius descobriu o indie rock Chinês.

Me parecia evidente intuir que um dos líderes mundiais em tantos quesitos hoje (do PIB per capita à computação quântica) tivesse uma cena musical independente bastante desenvolvida. Mas, claro, dadas as proporções de tudo o que vem da China, eu sempre tive muito receio de sair cutucando esse tigre. Depois de uma imersão no cinema contemporâneo do país, no entanto, algumas portas se abriram. 

Claro que estou indo devagar. Por ora, descobri uma cena bastante prolífica baseada em Beijing, reunida pelo selo Maybe Mars (兵马司唱片), um dos maiores selos independentes do país. A partir daí, já catei uns destaques óbvios: Carsick Cars, Hiperson, Nouvelle, P.K. 14, FAZI, Backspace, Chui Wan, dentre muitas outras. Para quem quiser mergulhar de cabeça, recomendo demais o Bandcamp do selo, onde está tudo bem organizadinho, e com os nomes em caracteres ocidentais. 

Mas, claro, para não deixar vocês chupando o dedo vou indicar dois discos dos que mais me marcaram em toda a pesquisa até aqui. O primeiro é o Bildungsroman, da banda de Chengdu, Hiperson (海朋森). Eu brinquei que, à primeira vista, parece uma espécie de Dry Cleaning Chinês. É bem mais que isso, na verdade. A banda tem sua própria identidade, apesar de lembrar os britânicos por algumas declamações e pelo (belo) uso da poesia narrada. Com um vocal inspirado de Chen Shijiang, a cozinha passeia por um indie post rock de respeito, esbarrando até no Asian Pop, como na magnífica Found It. Um baita disco!

A segunda dica fica para o quarteto de Beijing, Chuí Wan (吹万), com seu disco homônimo de 2015. Chui Wan é mais calcado ainda no post rock, chegando a lembrar Tortoise em alguns momentos. Mas a banda tem uma base percussiva e instrumental tão criativa que a comparação soa injusta, especialmente se considerada uma obra prima como Beijing Is Sinking, faixa que fecha esse belo disco.  

Claro que eu ouvi mais coisas, e tenho diversas impressões imediatas. Mas o que é seguro já afirmar de cara é que o rock chinês parece passar por cima dos gêneros atuais como um trator, produzindo hibridismos ricos, incentivos e que soam bastante “frescos”. 

Espero que gostem das dicas! Certamente uma porta de entrada segura e certeira para a cena do rock independente do país asiático. 


Por Márcio Viana

O FAB DUO DE LIVERPOOL

Estou mentindo com esse título: ainda que a dupla formada por Hannah Merrick e Craig Whittle tenha se conhecido quando ambos trabalharam juntos em um pub de Liverpool, seria limitador demais defini-los como uma banda de Liverpool. Até porque Hannah, a cantora principal do duo, é galesa. Aliás, estou mentindo novamente: ainda que tenham se unido no momento em que dividiram um emprego, a verdade é que Craig viu a cantora se apresentar cerca de um ano antes, em uma noite de microfone aberto em uma casa noturna, e desde então soube que gostaria de produzir algo com ela. O resto foi com o acaso.

O álbum de estreia completo do duo tem uma sonoridade muito interessante, que lembra bons momentos de The Kills, Portishead, Yo La Tengo e outros sons alternativos, mas que também bebe em outras fontes, como a psicodelia, o folk e até um quê de progressivo.

Para além do som, que rodou a semana inteira nos meus fones, os títulos das músicas são geniais, a começar pela que dá nome ao disco, I’m Not Sorry, I Was Just Being Me, passando por Foolius Caesar e The Death of House Phone.

Já tá adicionado na minha listinha de potenciais discos do ano, vamos ver como fica até dezembro.

Ouça I’m Not Sorry, I Was Just Being Me


Por Brunno Lopez

REVERBERANDO 1999

Ainda sob os efeitos do episódio que gravei ao lado do grande Vinicius Cabral – quando revisitamos o universo musical do fim dos anos 90 – um disco em questão ficou muito forte nessa revisitação: o Mi Casa, Su Casa. Na realidade, não foi exatamente ele, mas a canção “Namorinho de Portão”, um cover de Tom Zé feito com um arranjo brilhante que casou perfeitamente para o debute da banda Penélope.

Mas quando nos aprofundamos na audição, ficamos até um pouco impressionados desse álbum não ter vendido mais do que 50 mil cópias. Mesmo se tratando de um grupo em sua estreia, eles traziam um frescor cheio de personalidade ao rock daquele fim de década, muito em função do timbre e interpretação peculiares da vocalista Erica Martins.

Quando passamos pelo Youtube e observamos um pouco dos comentários nos clipes da Penélope, percebemos a grandiosidade do som que faziam e a brutal vontade das pessoas de querer que aquilo efetivamente continuasse. De fato, não tivemos tantos lançamentos com a mesma vibe de rock alternativo da banda baiana.

Fica o registro de um pequeno grande clássico da discografia nacional, que certamente foi muito mais do que uma participação na canção “A Mais Pedida” do Raimundos.

Ouça aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana