Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 130

17 de janeiro de 2022


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana, nosso time destaca as principais notícias, curiosidades, acontecimentos relevantes e/ou inusitados do mundo da música ou, simplesmente, alguma curiosidade ou indicação. Claro que, cada um à sua maneira, e abordando sempre o universo musical de sua predileção.  


NOTÍCIAS & VARIEDADES

Por Bruno Leo Ribeiro

AGORA VAI?

Algumas bandas são como aquelas séries que começam avassaladoras e depois perdem a mão. Claro que isso pode até ser meio pessoal e tem gente que não desceu da van, mas o Muse pra mim foi isso.

Depois de 4 discos mostrando uma bela expansão, o Muse me perdeu quando saiu o The Resistance em 2009. Desde então dou aquele play no disco lançado e ainda não consegui curtir. Até agora.

Quando vi os rumores que o Muse faria um disco mais “metal” eu não botei muita fé, mas agora com o primeiro Single “Won’t Stand Down”, parece que o negócio ficou bom de novo.

Claro que ainda é muito cedo pra dizer que o novo disco da banda será num nível “Black Holes and Revelations” (no nível “Absolution” acho impossível), mas parece promissor. 

A nova música tem um refrão 100% Muse, com sintetizadores e aquele vocal meio distorcido e riffs muito pesados com pitadas de Deftones e Stone Sour nas transições. O Matt Bellamy é muito talentoso e é muito bom ver ele se soltando.

Talvez o Muse caiu naquele problema de virar uma banda grande demais com pressão de expandir o público e ficar mais popular, mas isso acabou não dando tanto certo. Fechou várias portas e abriu outras.

Resta saber se os fãs novos vão gostar desse Muse com cara de Muse mais antigo. Eu to bem feliz.

Ouçam Won’s Stand Down aqui


Por Vinícius Cabral

O DESAFIO DO POP NACIONAL

Estão circulando pelas redes alguns clipes interessantes da entrevista da empresária musical Kamila Fialho para o podcast Corredor 5, do produtor Clemente Magalhães. Para além dos relatos sobre o  imenso desafio de ser uma produtora profissional dentro da indústria cultural brasileira, a entrevista traz pontos que eu acho que, de certa forma, dizem respeito a todos nós, profissionais e fãs de música. Destaco alguns:

1. Existe mesmo um estado das coisas na cultura pop nacional contemporânea que não deixa de ser bizarro. Os artistas já representados por Kamila (Naldo, Anitta, Kevin o Chris) não são propriamente “funkeiros” (o termo é complicado e vago). Tratam-se de artistas popKamila faz, inclusive, uma defesa de um lyfestyle pop, simplesmente. E deveria ser simples assim: nosso pop incorpora o funk carioca hoje em dia como uma de suas bases. Não há nada de errado nisso (muito pelo contrário). 

2. Ainda sobre esse estado de coisas, não me canso de me espantar com o tamanho da indústria da música sertaneja. Reflexo de nossa tragédia econômica monocultora, monopolista e excludente, o segmento impera soberano. Os rios de dinheiro que mantêm essa indústria não secarão tão cedo. Em outros momentos de nossa história, o desenvolvimento de setores urbanos justificava o incentivo em outros contextos. Vamos ver se algo muda nos próximos anos, para que voltemos a ter um mainstream musical minimamente diversificado. Como a própria Kamila diz: música urbana no brasil é o pop. Se o país fosse só campo, tudo bem, mas longe disso, né? 

3. A forma da indústria atual também é algo que preocupa. Com a derrocada do modelo gravadora + televisão (visando a venda de discos e shows), a promoção musical quase que exclusivamente se voltou às mídias da Big Tech (visando, agora, plays em plataformas e, em menor escala, shows). Chegamos ao ponto de Kamila falar, como um exemplo da “inevitabilidade” deste processo, que “até o Roberto Carlos tem Instagram atualizado diariamente”. Quer dizer então que, se de um um dia pro outro o Zuckerberg deletar as redes sociais do nosso “rei”, de repente ninguém mais vai saber de quem se trata? O público brasileiro vai, simplesmente, esquecê-lo? Me parece algo completamente absurdo esse prospecto. É como se há 20 anos atrás os produtores e empresários dissessem para os artistas: para as pessoas te ouvirem você vai precisar aparecer todos os dias na televisão. Como não tínhamos redes sociais, o que poderia ser feito? Cada artista criaria um canal de TV pra ficar inventando conteúdo em uma programação diária? Essa lógica de “produção de conteúdo” para além da música é algo completamente insustentável, e não dura mais nem 10 anos (anotem). E, vejam, eu estou falando que não é um processo sustentável não é pra artista underground não. É pros grandes, até. Todos já sabem que eu defendo muito enfaticamente para o underground que, inclusive, saia logo correndo dessas plataformas. 

4. Não estou negando, com isso, a necessidade de profissionalização do setor cultural. Muito pelo contrário. Apenas me preocupo quando todas as fichas se voltam para um único processo que se mostra muito frágil. Bom, basta dizer que ano passado passamos um dia sem Facebook e Instagram e teve gente perdendo dinheiro. E muito. 

5. É chocante o nível da falta de respeito dos artistas com certos empresários. Existe uma cultura na música que nos faz meter o pau em empresários e gravadoras, mas isso é algo muito mal direcionado (porque quem realmente deveria apanhar aí não é a empresária/produtora, que tirou dinheiro do próprio bolso para promover artistas). Kamila construiu uma empresa séria, com comprometimento e paixão, para a Anitta fazer as contas e perceber que ganharia mais dinheiro sozinha. Não vou entrar nos detalhes (polêmicos) da relação entre as duas, mas o ponto central aqui é que, talvez por não termos uma indústria cultural consolidada, é muito comum os artistas de projeção meteórica simplesmente se voltarem contra quem tava lá no início de suas carreiras arrumando trocados pra pagar estúdio. 

6. Relacionado a isso, uma última constatação chocante da conversa: como é complicado a desconfiança com o sucesso no Brasil! Kamila se lamenta várias vezes por isso, mas acho que o próprio host, Clemente, toca na razão de forma bem clara: a gente tá tão acostumado a ver pessoas bem sucedidas neste país que “chegaram lá” em cima de golpe e falcatrua que, inconscientemente, vemos qualquer um em posição de sucesso com mil pés atrás. Outro sinal de uma cultura acostumada demais (lamentavelmente) com o atraso e o subdesenvolvimento.

Assista a entrevista aqui 


Por Márcio Viana

I’M NOT LOOKING BACK, BUT I WANT LOOK AROUND ME NOW

Quando se faz parte de uma banda tão longeva e icônica como foi o Rush, pode ser difícil congelar o momento final e iniciar algo totalmente novo. Esta dificuldade, porém, não parece existir para Alex Lifeson. Aos 68 e ainda tocando com virtuosismo, o guitarrista já tratou de dizer que não há possibilidade de o trio se reunir em uma nova formação sem Neil Peart, falecido em janeiro de 2020 (embora admita que há a possibilidade de voltar a compor – ou não – com Geddy Lee) e agora em 2022 nos apresenta seu novo projeto, o grupo Envy of None.

O grupo, formado também pelo baixista Andy Curran, o produtor e multiinstrumentista Alfio Annibalini e pela cantora Maiah Wynne, lançará seu disco de estreia em 8 de abril deste ano, e esta semana trouxe à tona Liar, o primeiro single.

Não espere, porém, encontrar resquícios do antigo grupo no novo trabalho. A sonoridade aqui traz elementos de industrial, eletrônico e efeitos bem diferentes dos que Lifeson entregava no trio.

De lembrança do Rush, Alex Lifeson promete uma homenagem ao saudoso baterista, na faixa de encerramento do álbum,  Western Sunset.

O álbum já está em pré-venda, em versões LP, CD e digital, além de uma versão limitada deluxe, com faixas-bônus e encarte de 28 páginas.

Ouça Liar


Por Brunno Lopez

JEZEBEL

O chicote está estralando lá para os lados da terra do nosso querido companheiro de podcast Bruno Leo Ribeiro. Afinal, já foram anunciados os 7 artistas que vão participar do UMK (Uuden Musiikin Kilpailu) e decidir qual deles vai representar a Finlândia no Eurovision 2022.

Meu clubismo me dá a liberdade de não ligar nem um pouco para os outros competidores pois quando temos The Rasmus no páreo, é impossível não pender para o lado dos criadores de “In The Shadows”.

A banda chega com dois reforços: o primeiro é ninguém mais ninguém menos que Desmond Child, o hitmaker que vai de Bon Jovi a Rick Martin, que, juntamente com o vocalista Lauri, participou da composição de “Jezebel’. 

O segundo foi a entrada da nova guitarrista Emilia ‘Emppu’ Suhonen, que veio para substituir o integrante original do grupo nas seis cordas, Pauli Rantasalmi. Ele deixou o quarteto para seguir em projetos pessoais.

Nessa loucura de acontecimentos, fica aqui a expectativa desse hit maravilhoso (já ouvi 56 vezes) ser a trilha da Finlândia para uma das competições mais tradicionais de música da Europa.

Deixe seu play. E se fossem finlandeses, eu pediria o voto também!

Ouça aqui 


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana