10 de janeiro de 2021
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.
RECENT PLAYS
Por Bruno Leo Ribeiro
UM HOMÃO QUE COMPLETARIA 60 ANOS
Peter Steele, incrível ex-líder, baixista, compositor e vocalista do Type O Negative, completaria 60 anos na semana passada. Difícil demais pensar que já tem 12 anos que ele nos deixou por um problema no coração. O Peter tinha aquele deboche que eu gosto muito. Suas letras são sarcásticas e cheias de alfinetadas e críticas sociais foda e claro, muita sedução e sofrimento. Ele escrevia sobre tudo que sentia e via.
Inspirado em Black Sabbath, Black Sabbath e Black Sabbath, o Type O Negative veio adicionou a voz super grave do Peter e teclados inspirados em trilhas de filmes de Halloween do Danny Elfman e fez um dos discos mais legais dos anos 90, o October Rust.
Escutei esse disco por esses dias e realmente ele é um dos grandes discos de metal daquele período da minha adolescência. Lembro do hype que tinha na época por causa do hit “My Girlfriend ‘s Girlfriend”. Além desse super hit, o disco ainda conta com as ótimas Love You To Death, Green Man, Cinnamon Girl e o hino deprê Red Water (Christmas Mourning), que fala de um luto de Natal.
Mas o bom mesmo do disco é que já de cara se vê o deboche e o sarcasmo da banda e de Peter Steele. Na versão do vinil, quando se coloca a primeira música, fica fazendo barulho de mal contato da caixa de som por alguns segundos. Do nada entra a banda dando gargalhada e falando que aquilo era apenas uma trolagem e agradecem o ouvinte por comprar o disco.
Eu gosto demais de personagens que não se levam a sério, mas quando fazem uma música, colocam aquele temperinho de deboche na sua arte super bem feita. Isso o Peter Steele fazia como ninguém. Um músico gigante (literalmente) e que faz falta demais. Foi com esse disco que resolvi homenagear ele na semana que ele completaria 60 anos.
Ouça aqui o October Rust na sua plataforma favorita
Por Vinícius Cabral
FELIZ … 2002?
A primeira façanha do ano pra mim, foi ter conseguido ficar desde o dia em que ganhei esse station aí da minha querida esposa, sem ouvir um único disco sequer em plataformas de streaming.
Saudade nenhuma, na verdade. Foi uma oportunidade ótima para fugir da angústia dos lançamentos incessantes e me dedicar a um catálogo bastante compreensivo que, de uma forma ou de outra, eu mantenho desde, pelo menos, 1996.
É claro que sobrou algumas coisas para o vinil também, como cópias que arrumei no fim do ano por uma bagatela, como Matita Perê, de Tom Jobim, Big Bang, dos Paralamas do Sucesso, o Clics Modernos, do Charly, e A Página do Relâmpago Elétrico, do Beto Guedes. Nos CD ‘s, a seleção é mais voltada para os anos 90, por se tratar de um catálogo que eu iniciei lá atrás, como falado. Alguns destaques que não saíram dos plays aqui:
Stereolab – Peng ! e Switched On: o primeiro LP e a primeira coletânea da banda. Muita gente ainda tem dificuldades com essa fase inicial do grupo (1992-1993), e uma imersão tem sido bacana para compreender melhor algumas coisas. Em breve falarei mais a respeito.
Björk – Post e Homonegic: as obras primas, de 1995 e 1997, respectivamente, ainda carentes de muito, mas muito destaque…
Elastica – Elastica: o primeiro e melhor disco da banda britânica de Justine Frischmann, já bastante citada em nosso episódio sobre o Brit Pop. Esse CD, de 1995, é até meio difícil de achar, e era um que faltava na minha coleção, mas acabei catando em um sebo aqui por um preço legal.
Blur – Modern Life is Rubbish: da Justine, já fui direto para a banda de seu ex-namorado, Damon Albarn. O segundo disco do Blur, de 1993, é um dos meus favoritos, disparado.
Almendra – Almendra: a versão em CD que tenho do debut de 1970 da banda argentina inclui todos os singles que precederam o lançamento do disco. É um escândalo ouvir isso tudo na sequência. Um dos CDs melhor peneirados dessa biblioteca em constante revisão.
Bom, é claro que com um catálogo legal a gente consegue ir peneirando coisas, aqui e ali, revisitando etapas da vida e formas alternativas de se ouvir música, tentando dar o tempo devido às audições e envolvendo-as em algo mais. É especialmente reconfortante ouvir os álbuns com acesso aos encartes, especialmente quando estes trazem as letras e fichas técnicas. Mas, bom, isso não é novidade para nenhum de vocês certamente.
Para registro, começo o ano com esse desejo: de que a música leve um pouco mais de tempo em nossos corações e ouvidos. Por aqui anda dando certo.
Por Márcio Viana
ROCK AND ROLL NAS ALTURAS
Não sei bem como cheguei ao som do power trio boliviano Climax. Acredito que tenha sido compartilhado em alguma rede social por alguém conhecido. Ouvi rapidamente no ano passado, mas deixei de lado e só fui retomar agora em janeiro.
O grupo foi formado no final dos anos 60, e em 1974 lançou o disco Gusano Mecánico, com 6 faixas que passeiam pela psicodelia, o jazz rock, o hard rock e – principalmente – o rock progressivo. Posteriormente, o álbum foi relançado com algumas faixas bônus, de gravações feitas anteriormente pela banda, nas quais fazem releituras de clássicos como Born to Be Wild, Sunshine of Your Love, Fire, entre outros.
As covers são tocadas com bastante personalidade pelo trio, ainda que conservem muitas das características originais de cada uma. Quanto às seis faixas autorais do trabalho, dá pra notar a influência marcante de elementos do jazz, como andamentos fora do tradicional, partes mais aceleradas e muitos solos, num clima de jam session. A isso, soma-se o vocal com algumas influências da música andina e temos um clássico.
Do pouco que descobri pesquisando, me parece que o grupo não seguiu em frente para além dos anos 70, mas chegou a se reunir esporadicamente.
Por Brunno Lopez
SOUNDS OF SILENCE
Não. Eu não estou numa vibe nostálgica embalada pelo clássico de Simon&Garfunkel.
Os sons do silêncio são realmente correspondentes ao seu imediato significado.
Depois de um ano de intensa audição intermitente, cometi a ousadia de descansar os ouvidos por alguns dias numa tentativa breve de purificar cada um deles para as novidades que 2022 promete entregar.
Mais uma vez, começamos um ano em torno da pandemia, e provavelmente esse cenário continuará sendo o pano de fundo para muitas das produções. Do ponto de vista de transformação, é um pouco decepcionante perceber que as pessoas não se tornaram mais preocupadas em valorizar os momentos de proximidade, pelo contrário, a reclusão armazenou mais ódio do que qualquer outro sentimento.
Nem todos parecem capazes de perceber a restauração que uma pausa pode fazer, pois a maioria se acostumou ao cenário autofágico da modernidade, com suas engrenagens se movendo 24 horas por dia sem necessariamente se preocupar com a qualidade do que se produz. Saúde então, nem se fala.
De qualquer forma, qualquer segundo sem música é doloroso, ainda que seja apenas um curto hiato para respirar. Os fones de ouvido continuam convidativos e logo menos estarão em alto volume.
Por enquanto, tenho absoluta certeza que as dicas dos meus adoráveis companheiros de podcast são mais do que suficientes para embalar os dias de cada um de vocês.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana