Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 121

15  de novembro de 2021


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.  


RECENT PLAYS

Por Bruno Leo Ribeiro

MELHOR VERSÃO DE VERMELHO

Virei um “Swiftie” há menos de 2 anos. Me transformei num fã da Taylor Swift quando o disco folklore de 2020 foi tatuado na minha alma pra nunca mais sair. Quando fico fã de um artista já estabelecido, eu vou lá no comecinho da carreira e vou ouvir tudo, mas com a Taylor tá sendo diferente.

Depois que ela tentou comprar os direitos das gravações dos seus discos, do primeiro até o Reputation (6 álbums) e não conseguiu, ela resolveu regravar as músicas exatamente como eram com alguns bônus de músicas não aproveitadas. Nessa brincadeira ela já relançou 2 só esse ano, o Fearless e agora o Red, lançado na sexta-feira passada (12 de Novembro).

Estou aproveitando esses relançamentos pra ouvir os discos como se fosse a primeira vez. Minhas lembranças são bem vagas, lembro mais dos hits e singles. Nessa brincadeira de relançamentos, estou acompanhando bem de perto e ouvindo tudo com muito carinho. O Fearless veio com 27 músicas e agora o Red veio com 30. É muita coisa pra processar.

Mas nada como um bom fim de semana ouvindo o disco quase em loop pra entender toda a grandiosidade dele. Lá na época do Red, Taylor tinha 22 anos, mas ela já mostrava o que mais adoro nela… suas letras.

Com uma base de country pop e se inspirando em Joni Mitchell e Carole King, Taylor começou a se arriscar num folk pop e em alguns momentos Pop, Pop mesmo. Entre as músicas originais da primeira parte do álbum, só duas não me emocionam. “I Knew You Were Trouble” e “We Are Never Ever Getting Back Together”, ambas feitas com o mestre do Pop Max Martin, que não me pegaram. Acho as duas bombinhas demais. Já a música “22” feita também com o Max Martin é um pouco melhor, mas no contexto todo do disco, acho músicas um pouco fora. Não precisavam. 

Nas outras faixas, tudo tem coisa boa. Nas músicas não aproveitadas e agora gravadas, tem uma belíssima parceria com a Phoebe Bridges. A Phoebe, que declarou que quando recebeu a mensagem disse, “esperei por esse SMS a vida inteira!”.

Já versão extendida da música All Too Well com 10 minutos, na verdade era a versão original, mas foi editada na época do lançamento pra “caber nos padrões” da indústria. Agora com 10 minutos, ficou bem claro alguns aspectos da letra e a Taylor ainda escreveu e dirigiu um curta metragem pra mostrar a história da música.

Esse meu texto tá ficando gigante, mas vamos lá. Quem não acompanhou, essa música foi feita por uma Taylor Swift de 22 anos com o coração partido. Milhares de músicas são feitas assim. Não é um Big Deal. Mas All Too Well, que nunca foi single, acabou virando a favorita dos fãs. Onde tem fandom, tem meme, piada e claro, exagero. Mas vamos focar nos memes. 

Ficou claro que a música foi feita para o ator Jake Gyllenhaal, e que na versão extendida, mostra um pouco mais da personalidade dele e com isso vieram as piadas e memes como esse.

Agora é aguardar os próximos re-lançamentos e ver as novas piadas. Provavelmente o John Mayer está bem preocupado… deve vir aí “Dear John (40 minutes Taylor’ Versions). Enquanto isso, tem mais de 2 horas de Red pra ir aproveitando até lá. 🙂

Ouça o Red (Taylor’s Version) aqui


Por Vinícius Cabral

ESQUEÇA-ME SE FOR CAPAZ

Eu nunca entenderei como que eu, que mal consigo atravessar um álbum do Chitãozinho e Xororó, por exemplo, sem me contorcer, consigo gostar tanto (e genuinamente) de Marília Mendonça (e do “feminejo” em geral). Talvez seja por causa das letras, que trazem a perspectiva feminina para o gênero … mas tem mais coisa aí. 

Da Marília, pelo menos, posso dizer que suas métricas – a forma como ela canta, e vai “encaixando” as palavras – e o controle de um vibrato milimétrico, quase sempre sem excessos, é o que me chama mais atenção e desperta uma espécie de conforto. Marília foi uma revolução total. Mudou esteticamente o gênero em diversos sentidos. 

E ainda estava fazendo isso. Seu último lançamento antes do trágico acidente, o disco Patroas 35%, com Maiara e Maraisa, traz inúmeras pequenas inovações. E tem o clipe do single Esqueça-me Se For Capaz … bom, esse clipe é de arrepiar, por bem ou por mal. Em primeiro lugar, porque as artistas se colocam – literalmente – como porta-vozes da emancipação feminina (observem a locução de programa de notícias fictício que introduz e encerra a narrativa). Em segundo lugar, porque a música é bem legal (embora o maior destaque do disco pra mim seja a canção Presepada). Por último, o mais chocante: por uma dessas trágicas ironias da vida, as cantoras – com Marília no meio, altiva – se vestem de pilotas de avião, prestes a entrar em um jatinho. O clipe foi lançado dia 15 de outubro, poucos dias antes da tragédia. É uma daquelas coincidências inexplicáveis, tão fortes que chegam a arrepiar. 

Foi, artisticamente, a última sobrevoada de nossa eterna Marília Mendonça. O Brasil não será capaz de te esquecer, Marília. 

Assista o clipe de Esqueça-me se for capaz aqui


Por Márcio Viana

A CHAMA QUE ARDE SEM FERIR

Descobri muito recentemente a música de Carolina Donati. Ainda que nós do Silêncio no Estúdio tenhamos tentado ao longo destes anos manter sempre o ouvido atento ao que está tão perto de nós, nos países vizinhos, é impressionante como as coisas chegam fragmentadas por aqui. Mas dessa vez o universo conspirou, e trouxe até mim um dos discos do ano.

Arde é o segundo disco da argentina, onde a cantora retoma o que iniciou em seu álbum de 2019, Lo Que Quedó, também com oito faixas.

Aqui, no entanto, Carolina vai mais além do indie-pop iniciado na jornada anterior, incorporando elementos de pop-rock que lembram os anos 80, umas guitarras com fuzz agradabilíssimas e traz até algumas referências à sonoridade dos Beatles,  principalmente no encerramento, com Lo Que Viene Después, canção que não faria feio no repertório do Skank ou até mesmo no de Erasmo Carlos, já que – até um pouco por eu ter mergulhado na discografia do Gigante Gentil recentemente – é possível detectar na canção aquela simplicidade que é característica marcante na obra de Erasmo.

Mas não quero me prender tanto a comparações: a obra da artista vence por si só, tanto pela riqueza das composições quanto pela beleza dos vocais. A audição de Arde me levou a buscar o trabalho anterior, e isso representa muito no meu modo de lidar com a música. Carolina Donati veio para ficar entre minhas artistas favoritas, e eu espero que entre as suas também.

Ouça Arde


Por Brunno Lopez

MUITO MAIS QUE UMA MUDANÇA DE NOME

Escutas recentes costumam ser como chuvas de verão, na maioria das vezes. Aparecem como um acalento breve, fazem sentido como novidade mas nem sempre permanecem por muito tempo. Porém, dessa vez as coisas foram diferentes por aqui. Bem diferentes.

Este texto poderia ser sobre Juliet Simms. E, de certa forma, é. Ainda que, se ela estivesse com esse nome, talvez não tivesse figurado aqui, num status até muito maior que apenas uma sugestão de últimos plays. O fato é que esta cantora não é mais conhecida assim. Hoje, ela é Lilith Czar e seu mais recente trabalho Created From Filth and Dust é simplesmente transformador – tal qual sua metamorfose artística.

Ainda é cedo pra mergulhar profundamente nos detalhes desse álbum, mas posso dizer apenas para não se impressionarem se eu aparecer por aqui com essa cantora no pódio tão improvável de melhores de 2021.

E se isso parecer muito forçado ou até falso, experimente ouvir a faixa “Lola” e concordar comigo.

De verdade. Esse disco é um absurdo gigantesco, daqueles que você já pensa no repeat antes mesmo de ouvir a primeira vez.

Ouça aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana