Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 11

07 de Outubro  de 2019


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter dessa semana é especial apenas com clássicos que se destacam na discoteca dos nossos colaboradores. Muita coisa velha, outras nem tanto, mas sempre com algo em comum: aquele “gostinho” de clássico. Discos que não saem da nossa cabeça e dos nossos corações, independente da época em que foram lançados!


IT’S A CLASSIC

Bruno Leo Ribeiro

ALICE ACORRENTADA

Nunca escondi que na época que o Grunge apareceu, o Nirvana nunca me emocionou tanto na época. Aprendi a gostar muito de Nirvana depois de muito tempo. Talvez o motivo disso é porque na época eu era bem mais metal head do que hoje, então bandas como Soundgarden ou Alice In Chains sempre me chamaram bem mais atenção.

Em falar em Alice in Chains, minha dica de disco clássico dessa semana é o incrível maravilhosos Dirt de 1992. Eu lembro de ter escutado Them Bones nas rádios na época do lançamento. Esse disco foi bem difícil de arrumar a fitinha gravada dos amigos, mas demos um jeito. Quando finalmente ouvi o disco completo, minha cabeça explodiu!

As músicas foram melhorando e quando chegou no final do disco com a música Would?, aí meu amor pela banda só aumentou. Virei fã e desde de então amo tudo que eles fazem. Mesmo sentindo falta do Layne Staley, o William Duvall faz um ótimo papel e pra mim o Alice in Chains continua em alto nível. Palmas sempre para o gênio Jerry Cantrell.

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Vinícius Cabral

BELLE AND SEBASTIAN- IF YOU’RE FEELING SINISTER
Stuart Murdoch conheceu Isobel Campbell na fila do banheiro de uma festa. Ela, bêbada. Ele, talvez mais sóbrio, perguntou seu nome: “Isobel”, respondeu a moça. “Jura? Alguém te chama de Belle?”- Stuart ficou estupefato-. “Claro. Minha mãe, o tempo todo”, concluiu Isobel, ou agora, Belle. Na cabeça de Stuart, já havia a ideia de dois personagens: Belle e Sebastian (com nomes inspirados em um programa de TV que via na infância). Era muita coincidência. Belle e Sebastian eram agora esse casal ficcional de jovens hipsters que andavam pelas baladas de Glasgow. Belle e Sebastian eram também, porque não, o casal Stuart e Isobel. A essa altura, a banda já existia, incorporando a violoncelista Isobel para a formação que acompanharia seus primeiros anos. 

Em 1996, após o lançamento do debut Tigermilk por um selo independente chamado Jeesper, era a vez da banda gravar em apenas 5 dias aquele que seria certamente o álbum mais marcante de sua carreira. De mente fértil e cheia de histórias sobre “pessoas comuns”, o nada comum Stuart Murdoch já havia passado por maus bocados, após um tempo de reclusão em função de uma Síndrome da Fadiga Crônica. Em If You’re Feeling Sinister, todas as angústias de Stuart, mescladas a seu apurado senso de observação, digno de um cronista, vêm à tona em uma obra perfeita. Não há faixa para pular aqui. Não há letra para se ignorar, ou melodia para não grudar na cabeça (mesmo as mais sutis, sussurradas, emocionalmente intensas ou fora do convencional- ainda que ridiculamente simples-).  Do “quase hit” universal Seeing Other People à perfeita faixa de encerramento, Judy And The Dream Of Horses, o universo de ficções  e melodias desafiadoras deste álbum permanece fascinante e apaixonante, mais de 20 anos depois. 

Ainda em 1998, ao me apresentarem a banda, todos foram categóricos: “ou você vai amar, ou vai odiar”. Tanto tempo depois, não entendo quem odeia, e também não entendo como eu posso amar um álbum tanto assim.

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Márcio Viana

UM EMPÓRIO DE VERDADES INCONVENIENTES

Imagine a cena: Natal de 1973. Um disco lançado em agosto do mesmo ano vendeu tanto e teve tantos pedidos de nova tiragem que sua gravadora precisou derreter discos encalhados de seu estoque para garantir uma prensagem que atendesse às solicitações.

Isso aconteceu, e olhe que era um disco cheio de críticas veladas à ditadura militar vigente no país havia quase uma década. Estou falando do disco de estreia dos Secos e Molhados, que reunia o violonista e cantor português João Ricardo, o guitarrista Gerson Conrad e ninguém menos do que o fenômeno Ney Matogrosso, cantor com aspirações a ator, apresentado aos colegas pela também cantora Luhli. Com o baterista Marcelo Frias, cuja cabeça aparece junto com a dos outros integrantes na capa do disco, mas que não quis ser parte fixa no grupo, lançaram um compilado de composições próprias e – com uma sagacidade impressionante da parte de João Ricardo, diga-se – algumas versões musicadas de poemas de nomes como Vinícius de Moraes, Cassiano Ricardo, Fernando Pessoa, Oswald de Andrade e João Apolinário (pai de João Ricardo).

É bem verdade que a formação clássica do grupo não durou muito: em 1974, às vésperas do lançamento do segundo álbum, já era claro que Ney Matogrosso era um furacão e seria difícil mantê-lo preso aos limites de um grupo. Sobretudo quando as divergências de negócios começaram a se sobrepor aos interesses artísticos: o que se diz é que João Ricardo queria que Ney e Conrad assinassem um contrato que os tornava músicos contratados.

Mas falando sobre o disco, há muitos destaques entre as canções (eu diria todas), mas aqui em específico quero falar sobre a textura Beatle que permeia Fala, a melhor linha de baixo do mundo em minha opinião (cortesia do músico Willy Verdaguer) em Amor e é claro, a perfeição do maior hit do grupo, Sangue Latino.

Um fato curioso foi que Miéle e Ronaldo Bôscoli, responsáveis pela seleção musical do programa Fantástico, da Rede Globo, ficaram tão encantados com a capa do disco – as quatro cabeças do grupo servidas, cada uma num prato, em uma mesa junto outras iguarias disponíveis nos famosos empórios de secos e molhados – que selecionaram o grupo antes de ouvirem as músicas. Mais tarde Miéle confidenciaria que foi um alívio notar que eram boas canções.

Depois das saídas de Ney e de Gérson Conrad – que se juntou a Zezé Motta numa nova carreira – João Ricardo tentou manter o grupo com inúmeras formações (o homem é persistente: acabou de lançar, sob o nome do grupo, o single Chato Boy) , mas o sucesso nunca se repetiu.

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Brunno Lopez

IMAGENS, PALAVRAS E HISTÓRIA

7 de julho de 1992: O legado do metal progressivo ganhava um de seus capítulos mais importantes. Vindo de um primeiro disco interessante mas com notoriedade sutil, o Dream Theater lançava seu segundo álbum com novidades não apenas na sonoridade mas também nos microfone principal.

Quem poderia imaginar que o vocalista James Labrie iria ser a voz dos maiores clássicos da banda, vencendo uma competição com mais de 200 participantes. Porém, vamos deixar a contestação ao cantor canadense para depois, afinal, estamos diante de uma celebração.

Se, anos depois, teríamos outro registro épico da banda americana, conhecido por Metropolis Part 2: Scenes From a Memory, devemos agradecer a este aqui, o sublime Images And Words.

A ‘parte 1’ está presente aqui, junto com outras inspiradas canções que serviram para pavimentar o caminho da banda na trilha de prestígio já desfrutadas por Yes e Rush.

Pull Me Under, a faixa de abertura, foi a única de toda a história do grupo a realmente passar na MTV e, felizmente ou não, é a mais conhecida. Porém, várias outras músicas merecem muito mais destaque do que esta, escrita pela excelente guitarrista Kevin Moore.

Take The Time, Under a Glass Moon, a baladinha pretensiosa Another Day e a lindíssima Wait For Sleep também precisam ser ouvidas com atenção e prazer. Entretanto, nada me conquistou mais do que Surrounded. A construção dessa canção é soberba. Transições com frases que acompanham o ritmo, contratempos viciantes e uma melodia de elevado bom gosto fizeram com que ela me fizesse amar o disco todo.

A relevância desse material é quase imensurável pois até hoje se discute que a essência da banda estava totalmente neste álbum. Verdade ou não, o mundo estava diante de um trabalho ambicioso de músicos com virtuosidade latente. 

Ouça aqui o Images And Words


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana