23 de agosto de 2021
Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time fuça seus apps de streaming e suas discotecas (físicas) especiais para revelar o que anda nos plays recentes, embalando seus dias. São dicas especialíssimas que revelam os gostos pessoais do grupo e reforçam toda a diversidade apresentada semanalmente em nosso podcast.
RECENT PLAYS
Por Bruno Leo Ribeiro
MORTO DE NOVO, MAS PASSA BEM
Alguns discos por aí se transformam nas famosas Moscas Brancas. São esses discos que ninguém dava nada e hoje são raros e difíceis de encontrar. Uma mosca branca é o disco Dead Again (escrito DЭДD ДGДIИ) da banda de Heavy Metal Gótica Type O Negative.
Esse foi o último disco da banda antes da morte do vocalista e, muito famoso galã do metal, o Peter Steele em 2010.
Além de toda essa energia por ser o útlimo da banda, o disco ainda conta com a capa com a foto do famoso Rasputin, um místico associado ao Nicholas II, último imperador Russo, que tem a história macabra do assassinato de toda a sua família e etc e etc.
Mas porque esse disco é uma mosca branca? Bem… não existem mais cópias do disco de vinil pra ver por aí. Aqui em Helsinki já vi em uma loja e o cara quer 300€ nesse disco. Não tem a menor condição.
O grande problema é que foram feitas poucas tiragens. O Type O Negative é uma banda que se fez nos anos 90 e os vinis nos anos 90 são raros e poucos. O que tenho deles aqui é um vinil que foi reissue. Já o Dead Again, além de ser caro e difícil de achar, ele foi o primeiro disco da banda com outra gravadora e por conta de tretas que a gente não sabe, o disco nunca esteve nos Streamings…. Até semana passada!
Aproveitei a novidade e ouvi esse disco bastante nos últimos dias. Se você curte o lado Doom do Black Sabbath com pitadas de New Wave, Industrial e Gótico, o Type O Negative é pra você.
Só avisando que mesmo que o disco tenha entrado no Spotify, a Nuclear Blast, gravadora desse lançamento, cagou o pau e a música These Three Things, tá cheia de glitch e tá bem zoada e não toca do jeito que deveria.
Mas vale a pena ouvir o disco todo, ainda mais com a música, Halloween in Heaven, que foi feita em homenagem ao Dimebag Darrell, que inclusive faria aniversário na semana passada, no dia 20 de Agosto.
Ouçam o Type O Negative e ouçam o DЭДD ДGДIИ. 🙂
Por Vinícius Cabral
NOVOS ARES PARA O ROCK BRASILEIRO
Mateus Fazeno Rock infelizmente chegou tarde para mim. Tarde porque seu debut, o impressionante Rolê nas Ruínas, saiu ano passado, e só esse ano descobri o seu som (através da participação do Mateus no podcast Undergrations e de uma bela entrevista sua para o portal Scream & Yell.).
Antes tarde do que nunca. Guiado pelo jovem da periferia de Fortaleza, Mateus Henrique Ferreira do Nascimento, Mateus Fazeno Rock é um projeto direto e reto. Um projeto, como o próprio Mateus define, de “rock de favela”. O disco Rolê na Ruínas é, provavelmente, um dos discos de rock nacionais mais interessantes em … décadas! Sem exagero. Notem que eu ressalto o tempo todo o termo rock – de acordo com o que o próprio nome do projeto já indica. O faço porque trata-se, sem dúvida nenhuma, de um disco calcado no gênero. Passeia pelo punk (diretão, mesmo, estilo Bad Brains) na faixa Aquela Ultraviolência (a melhor do disco); explicita a forte influência de Nirvana (de uma forma perfeitamente orgânica), em Melo do Djavan; flerta com um indie-punk revigorante em Legal Legal, e por aí vai. Mesmo na faixa de abertura, com claps meio que apropriados do funk brasileiro e uma parede percussiva ao fundo, Mateus parece fazer punk rock.
E claro, tem as letras … incríveis, rasgadas e diretas. Sem tergiversar, Mateus fala de sua realidade, de suas origens, das agruras de ser preto e favelado no Brasil. Sempre com muita honestidade e um senso de urgência. Mateus não só é um talento raro, como representa um dos respiros mais ricos da cena brasileira atual. Não que ele esteja, é claro, inventando a roda, mas porque seu som soa irremediavelmente autêntico, fresco, sem desvios. Um projeto para prestar bastante atenção.
Ps- o projeto busca financiamento para a gravação do segundo álbum em https://apoia.se/mateusfazenorock. Eu já apoiei. Vamo nessa?
Por Márcio Viana
MARXISMO CULTURAL
É muito provável que – assim como eu não esperava estar ouvindo um disco de Patrícia Marx em 2021 – você não esperasse ler um texto meu sobre Patrícia Marx. Mas calma: antes de pular para o texto do Brunno Lopez, aí na seção de baixo, dê um voto de confiança nas minhas palavras.
A cantora Patrícia Marques, como se sabe, começou se chamando apenas Patrícia, no comecinho dos anos 80, e se destacou em programas como o Clube da Criança, na TV Manchete, apresentado por Xuxa, em dupla com outro artista infantil, Luciano, com quem depois formaria o Trem da Alegria, junto a outras crianças.
Mais tarde, em carreira solo, já na adolescência, Patrícia tentou fazer decolar uma experiência mais para o pop, e até fez um sucesso razoável. Um pouco mais à frente, já adulta e adaptando seu sobrenome para Marx (bela sacada), a cantora resolveu partir para uma jornada de er… sofisticação, gravando versões de clássicos do pop rock brasileiro, bossa nova e até Marvin Gaye, e flertou com a chamada “nova MPB” de artistas como Simoninha, Pedro Mariano e Max de Castro.
Mas seu novo disco, Phantasy Machine, lançado em julho deste ano, é outra coisa. Descobri por acaso, por indicação de um amigo, fui ouvir e é impressionante. Ao tentar encontrar mais informações, a primeira decepção: todos os textos eram cópias fiéis do release. Mas deu pra captar um pouco do que se trata o projeto.
Gravado em 2015, o álbum de oito faixas chegou a circular pelo Soundcloud, mas somente agora chega às demais plataformas. O projeto é uma parceria de Patrícia com seu ex-marido, o produtor musical Bruno E (que tem trabalhos com nomes como Otto e Planet Hemp, entre outros), com a colaboração de Melson Diniz na produção.
As faixas, todas em inglês, apresentam uma sonoridade bem diferente de tudo que a cantora já fez. Até por isso, Patrícia parece um tanto contida nos vocais, sem se arriscar muito. Mas talvez a intenção seja mesmo esta, julgando que seja o que as músicas pedem.
O som é rock, com um quê de pós-punk, indie-rock e eletrônico (em alguns momentos lembra New Order, em outros Siouxsie and The Banshees, mas com muita personalidade).
Meu destaque vai para Childhood, mas Flight e Wake Up também são ótimas.
Por Brunno Lopez
LIGHTBRINGER
Confiar no shuffle do streaming costuma ser uma roleta russa musical perigosa, mesmo com o algoritmo calibrado para quase sempre mapear nosso universo confortável de estilos visitados.
Mas às vezes esse tipo de atitude pode trazer novidades capazes de nos surpreenderem e até pedirem espaço entre nossas playlists intermináveis de discos e músicas favoritas.
Sigo até agora com a repetição mental impossível de ignorar do refrão “LADY LIGHTBRINGER LADY LIGHT LIGHTBRINGER LADY LIGHTBRINGER LADY LIGHTBRINGER”
Acredite, é quase uma hipnose irresistível. No começo até soava como uma faixa a se considerar pular, mas ela vai melhorando com o andamento e acaba explodindo numa grande música de metal melódico com um vocal feminino bem desempenhado.
Após a audição, fui ouvir o restante do disco pra ver se a mesma atmosfera se estendia mas o fôlego não foi o mesmo. Por isso, ainda que seja interessante indicar o álbum completo do Seven Spires, o link ficará mesmo para o clipe desse som imprevisível que ganhou meu play e meu fav.
Espero que o de vocês também.
É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.
Abraços do nosso time!
Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana