Newsletter – Silêncio no Estúdio Vol. 107

12  de julho de 2021


Bom dia, boa tarde e boa noite queridos leitores / ouvintes do Silêncio no Estúdio. Na newsletter desta semana nosso time destaca lançamentos que têm feito suas cabeças. 


LANÇAMENTOS

Por Bruno Leo Ribeiro

MAIS FELIZ QUE NUNCA

O segundo disco de qualquer artista sempre é a prova de fogo. Quantas bandas foram bem no disco de estreia e veio aquela pressão? Todas. 

Com a Billie Eilish não seria diferente, mas de certa maneira a pandemia ajudou no processo de composição do disco Happier Than Ever que saiu no dia 30 de julho. Não mais com 17 anos e agora com 18, a Billie começou a gostar do processo de composição e sem pressão de gravadora, produziu com seu irmão um disco sem deadline e apreciando mais o processo.

Confesso que cheguei atrasado na festa da Billie. No nosso episódio de melhores discos de 2019, o disco de estreia dela foi citado pelo Vini e pelo Márcio. Fui dar play depois daquele episódio e não me pegou de primeira. 

O Hit “Bad Guy”, não me emocionou e não entendi a beleza desse disco até o meio de 2020, quando resolvi dar aquele play sem compromisso. 

Quando os primeiros singles do Happier Than Ever foram saindo, fui curtindo cada vez mais a produção mínima e de muito bom gosto do seu irmão Finneas. 

Assim que saiu, corri pra loja de discos e busquei a minha cópia e coloquei o disco pra rodar. Tem Jazz, R&B, Indie Pop, Bossa e até Rock de Arena no disco. Amei!

Pra um disco com 16 faixas, ele se segura muito bem. As letras da Billie são ótimas e ela faz críticas que vão se relacionar não só com jovens de 19 anos, mas com todo mundo. 

A Billie deixou de ser uma artista pros jovens da geração Tik Tok e se tornou uma artista da música. Goste ou não, o Pop misturado que os irmãos fazem é aquele Pop vira-lata caramelo que a gente gosta. Uma mistura moderna com influências de Tom Jobim, Frank Sinatra e Neo-Soul. 

Talvez seja cedo pra afirmar que esse seja o disco do ano pra mim, mas a Billie veio pra ficar. Não consigo ver mais um hype, vejo uma confirmação de qualidade. Pra mim, ela é gigante. Dê o play, feche os olhos e aprecie cada detalhe. 

Ouça aqui o Happier Than Ever


Por Vinícius Cabral

INDUSTRY PLANT AQUI NÃO!*

Em condições normais eu nunca daria play no disco de uma cantora/compositora de 17 anos cuja chancela principal – segundo consta em qualquer pesquisa superficial – é ter participado do The Voice Kids. Não porque eu ache que quem participa desses programas automaticamente não presta. É porque eu tenho preconceito mesmo, em relação a tudo aquilo que vem “de cima”. Mas, como não baseio minhas indicações em nenhuma pesquisa superficial (ou recomendação de robôs), resolvi dar o play no debut de Bebé (nome artístico de Bebé Salvego), homônimo, por indicação do Negro Léo (de quem sou muito fã e sobre quem já falei nesse espaço). 

A boa notícia é que eu me surpreendi. Bebé, no alto dos seus 17 anos, parece muito segura de si com sua própria voz, e com os gêneros aos quais pretende se filiar O release do disco fala em indie pop, e é bem isso que se observa em faixas como Saltos de Realidade e Bipolada (essa um Tame Impala se a banda ainda fosse interessante). Apesar de trafegar por esse universo cheio de texturas, meio good vibes pop, Bebé mostra a essência de suas influências mais voltadas ao Jazz e ao Soul com músicas que ecoam as geniais Solange e Sade, só pra ficar em dois exemplos (nesse sentido a música Reflexão, talvez a melhor do álbum, se destaca). 

O disco é produzido pelo grande Sérgio “Plim” Machado, baterista de Criollo e Racionais, que já produziu gente do calibre de Negro Léo, Liniker, etc. A menina está em boas mãos, e tem talento suficiente para fazer o que quiser daqui pra frente. Talvez precise de menos reverb na voz e menos camadas “enterrando” sua bela voz. Bebé pode ir longe … é carismática, tem talento e está longe de ser industry plant. Só precisamos, claro, manter a cautela. Artistas muito jovens começarão a aparecer cada vez mais, e a chance do hype e das extrapolações desmedidas atrapalharem suas trajetórias é imensa. 

*Industry Plant é um termo utilizado para se referir a artistas que surgem meteoricamente, mas que não teriam subido organicamente, e sim a partir de uma construção das próprias gravadoras. A história é recheada de projetos que de fato se enquadram na definição (de Milli Vanilli à Clairo), mas ultimamente o termo tem sido utilizado para tentar desmerecer o sucesso de artistas que são, realmente, orgânicos. Bebé, que já chega na cena se destacando por se associar ao indie, não merece nem um minuto de desconfiança nesse sentido (vide a repercussão, ainda tímida, de seu disco de estréia). 

Ouça Bebé aqui


Por Márcio Viana

DE REPENTE, CALIFÓRNIA

É possível que a primeira coisa que qualquer pessoa se lembre quando mencionamos o grupo Los Lobos seja a versão deles para La Bamba, tema do filme sobre a vida de Richie Valens, de mesmo nome. Como diria Lulu, “natural que seja assim”, já que a regravação foi o que alçou o quinteto de East Los Angeles ao sucesso mundial.

Mas também é fato que o grupo tem uma grande carreira iniciada muito antes deste sucesso, e que se manteve anos depois de seu lançamento (o filme é de 1987, estrelado por Lou Diamond Phillips).

Tanto é que em 2021 o grupo está por aqui, lançando um belíssimo álbum chamado Native Sons, em que revisita artistas nativos da Califórnia, como o nome indica. Nesta lista entram Beach Boys, War, Jackson Browne e Buffalo Springfield, junto a alguns outros artistas menos conhecidos.

Ainda que haja aqui uma clara ode à diversidade musical, mesmo dentro de um campo delimitado, o disco tem bastante unidade, e sua audição agrada demais.

Se me permitem um comentário mais pessoal, não sei se é pelo momento – ainda – de recolhimento, mas acho curioso o fato de que já é o segundo álbum de versões que me agrada este ano. O primeiro, que já citei aqui em uma edição desta newsletter, foi o do Black Keys, Delta Kream, também dedicado a artistas de um estado, o Mississipi.

Ouça Native Sons aqui


Por Brunno Lopez

É O BRASIL NO HARD ROCK

As olimpíadas acabaram mas na modalidade Hard Rock estamos diante de uma medalha de ouro incontestável. Os atletas brazucas conseguiram lançar um disco que merece o pódio das competições musicais no estilo farofa e só nos resta aplaudir essa performance inesperada.

O Spektra veio com força, trazendo um técnico-produtor que está acostumado a figurar nos primeiros lugares na pegada oitentista dos clássicos desse estilo: nada mais nada menos que Jeff Scott Soto. Ao seu lado, brilha também a estrela de Alessandro Del Vecchio.

Com essa equipe estruturada, ficou fácil para o vocalista BJ, o guitarrista Leo Mancini, o baixista Henrique Canale e o baterista Edu Cominato suarem a camisa e atravessarem a linha de chegada com folga para os concorrentes. 

2021 segue com lançamentos surpreendentes e a lista dos melhores continua indefinida. Mas não se espantem se virem o Spektra entre os mais importantes álbuns de Hard Rock do ano.

Ouça aqui


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dos nossos comentários e dicas.  

Abraços do nosso time!

Bruno Leo Ribeiro, Vinicius Cabral, Brunno Lopez e Márcio Viana