Grammy: o eufemismo estadunidense da música

Como o país que só premia o próprio umbigo pode julgar o que se deve ouvir?


A ignorância daqueles que nascem entre o Canadá e o México não deveria causar espanto pra ninguém. No campo cultural, isso fica ainda mais escancarado que a rejeição de Elon Musk no colégio por parte do público feminino. Os sobrinhos do Tio Sam juram que suas produções musicais, cinematográficas, esportivas e até inventivas — corta para o Santos Dumont dando um rasante na cabeça dos Irmãos Wright —, são a base para qualificar qualquer coisa mundialmente.

Isso é um problema? Não deveria ser.
Mas a partir do momento que outras pessoas dão atenção a esse tipo de validação para passar a consumir algum artista ou obra, torna-se um gigante problema.

O Papa fica no Vaticano, mas por quê se pede bençãos para um gramofone dourado? O disco do ano realmente precisa falar inglês? Toda a produção musical está eternamente obrigada a passar pelo escrutínio da subjetividade norte-americana?

Como é minimamente possível dar importância para uma nação em que a equipe que vence a NBA é chamada de Campeã Mundial? World Champions In the House of The Caralho, né?

A arte não precisa ser vista sob esse guarda-chuva, não precisa ser esmagada para caber dentro desse padrão ocidental de qualidade. Existem gênios criando legados em estúdios colombianos, praças senegalesas e esquinas brasileiras. Esquinas como aquela em que Milton Nascimento fez mais do que canções, mas um movimento musical.

Quem é LA perto de BH?