
Discos de estreia catapultantes costumam fazer do álbum seguinte uma verdadeira incógnita: repete-se a fórmula que funcionou no primeiro ou se trilha um caminho mais ousado, apresentando aos ouvintes sua verdadeira essência no segundo?
O Panic! At The Disco preferiu contornar o dilema. Em vez de repetir processos confortáveis, preferiu mirar alto e acabou acertando no quarteto de Liverpool em seu próprio som. O Oasis certamente olhou pra isso com uma admiração velada pois o resultado ficou beirando o impecável e promoveu uma viagem aos anos 60 de primeira classe, com adicionais brilhantes que só os anos 2000 poderiam oferecer.
Pretty Odd. é costurado inteiramente com essa atmosfera, gravado inicialmente no Studio At The Palms em Paradise, Nevada e terminando, evidentemente, no Abbey Road Studios.
Todas as canções carregam essa estética temporal quase retrô gostosa de morar, deixando o último respiro do rock daquela época com um ar glamuroso, presente até mesmo no single “Nine in the Afternoon”. Mas o que se apresentou no decorrer do trabalho foi uma corajosa postura de criar algo descolado do que era esperado.
A lista de favoritas escorreu pelas ruas de Londres e inundou outras capitais com pedradas como “She’s a Handsome Woman”, “Do You Know What I’m Seeing”, a inabalável “I Have Friends in Holy Spaces” — que nos faz vender nossos apartamentos alugados pra viver em algum lugar onde os anos 20 nos torna mais humanos — e “Pas de Cheval”, um hino completamente ignorado pela crítica musical da época.
É até hoje o material mais distinto da banda, com excelentes composições que nunca se repetiriam no futuro, bebendo na versão premium dos Beatles e do próprio Panic! At The Disco.
Qual foi a última vez que alguém pôde dar play em uma música chamada “The Piano Knows Something I Don’t Know” e terminasse sem saber como três minutos e quarenta e três segundos poderiam salvar uma vida inteira?
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