
Se há um artista que uniu os Beatles, este artista foi Harry Nilsson (inclusive literalmente: uma jam session em 1974, em uma sessão com Nilsson e presente em gravações não oficiais por aí reuniu John Lennon e Paul McCartney pela primeira e última vez em um estúdio, e os outros beatles também passaram pelo local em dias alternados).
Mas falo aqui da admiração que tanto John quanto Paul sentiam por Nilsson, a ponto de o indicarem como o maior artista norte-americano (Lennon chegou a usar a frase “Nilsson para presidente dos EUA” em um de seus arroubos de empolgação).
Dono de uma carreira iniciada como compositor, em obras de nomes como Little Richard e Phil Spector, Nilsson lançou seu primeiro disco-solo, Spotlight on Nilsson, em 1966. Em 1974 Lennon, a esta altura um amigo inseparável de Nilsson, produziu o discutível Pussy Cats. Ringo Starr foi outro beatle que se tornou grande amigo do cantor.
O grande sucesso comercial de Nilsson foi a gravação de Everybody’s Talkin, de Fred Neil, presente na trilha de Midnight Cowboy.
Mas neste post vou dedicar algumas linhas para falar de Nilsson Schmilsson, de 1971, talvez o disco mais coeso do artista, que em 10 faixas mostra as razões dele ter sido tão influente, não só para os Beatles, mas para muitos outros artistas (logo de cara, dá pra sacar a influência conceitual no disco Schmilco, do Wilco).
Pra começar, nesse disco Nilsson é mais McCartney do que Lennon, e isso talvez até explique um pouco a proximidade dele com John, talvez para se manter na zona de conforto. A faixa que mais lembra o estilo de Paul é Coconut, com muitos dos cacoetes vocais que veríamos na obra do britânico ao longo de sua carreira solo.
Digna de menção é a interpretação de Without You, do Badfinger, que rendeu ao cantor a premiação de Melhor Performance Vocal Pop Masculina no Grammy. O curioso aqui é que a aclamadíssima versão de Mariah Carey parece ser mais inspirada na interpretação de Nilsson do que na original de 1970.
Ainda no universo beatle, vale o destaque à participação de Klaus Voormann, baixista do Manfred Mann e figura muito presente na história da banda, seja pela amizade iniciada no início da carreira, quando o grupo excursionou por Hamburgo, ou pela colagem psicodélica em preto e branco que Voormann fez para a capa do álbum Revolver.
Depois de Nilsson Schmilsson, o cantor tentou alguns spin-offs do álbum, como Son of Schmilsson e A Little Touch of Schmilsson in the Night, sem repetir o sucesso de público e crítica.



