
Tenho pela Megh Stock a mesma admiração artística que tenho pela Greta Morgan. Tanto a cantora brasileira quanto a norte-americana carregam um timbre poderoso e, quando se desvencilharam de suas bandas para voar sob suas próprias asas, mostraram uma capacidade de altitude igualmente admirável.
Diferente da ex-vocalista do The Hush Sound e do Gold Motel, Megh não se moveu na direção de um material alternativo quase sessentista. Preferiu aproveitar um pouco do vento que soprava no rock brasileiro dos anos 2000 e o suavizou com seu próprio estilo belo-doloroso-trágico-honesto. Do Luxúria, ficaram resquícios de letras intensas, que evidenciaram a cantora durante a existência meteórica do grupo entre 2005 e 2008. É bem possível que muitos tenham esbarrado em hits como “Ódio” e “Imperecível”, repetidos na MTV com certa frequência.
Em Da Minha Vida Cuido Eu, Megh explora horizontes mais plurais e inunda de flores os ouvidos de que não esperava um direcionamento tão rico. Ela visita o blues, pisa de leve no soul e reescreve o rock com cores menos gritantes.
A produção impressiona e é um pouco decepcionante que tal obra não tenha ocupado os holofotes dos grandes discos da época. Um audição rápida já constata que se trata de um disco primoroso, com reflexões que vão da diversão à melancolia, guiadas pela voz de uma das maiores cantoras do país.
Experimente sair ilesa (o) emocionalmente após escutar a canção “Inveja”, por exemplo. Um diamante raro perdido em meio a tantas minerações óbvias de um longínquo 2009. Um clássico naturalmente brilhante ofuscado pelo mainstream preguiçoso de anos atrás, mas que ressurge com força sempre que lembrado.
Megh, você cuida muito bem da sua vida. E se quisesse cuidar da vida dos outros, não teria problema nenhum.
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