Lovy Metal 2 – A Missão

O segundo disco da coletânea que a Som Livre jurava que era o suprassumo do amor e do metal

A capa com a resolução tão duvidosa quanto o próprio disco

A boa e velha indústria adorava aprontar das suas no começo dos anos 2000. Olhando bem no fundo dos olhos dos adolescentes do novo milênio, a Som Livre imaginou que poderia abocanhar uma fatia considerável desse pessoal criando uma coletânea acessível de canções mais desaceleradas e açucaradas de alguns grupos imponentes da cena hard rock oitentista e noventista.

Tudo bem que de metal mesmo não tinha nenhuma banda. Ou tinha? Pois na época, todos juravam que o Iron Maiden figurava entre as faixas, numa espécie de “Wasting Love” copiado. Ou um “Wasting Love” que tivesse sido composto em algum lugar da Sunset Strip. Se assim fosse, Derek Riggs não desenharia nada parecido com o Eddie. É bem possível que o mascote da banda inglesa fosse algo mais na linha de Mai Shiranui, do The King of Fighters.

Enfim, o fato é que, entre Whitesnake, Skid Row, Firehouse (maravilhoso) e até Marillion, existia um artista chamado Marc Ferr com a música “Die For Love”. Justamente a faixa que trazia elementos que lembravam consideravelmente a balada do Iron Maiden, só que na malemolência maquiada do hair metal.

Os chifres no coração eram o puro suco do sertanejo universitário contemporâneo

Aí o chicote estralou. Já começaram a acusar as donzelas de ferro de plágio e, se estivéssemos em nossos tempos, o cancelamento viria pesado para os cabeludos da terra da rainha.

Pois bem, o tal de Marc Ferr era Marc Ferreira, mais um dos brasileiros perdidos no mundo e muitas vezes sendo incluídos em escândalos contra a própria vontade. Foi tentar ajudar um amigo produtor do Rio de Janeiro, Ivan Duarte, que produzia a coletânea e precisava de uma música instrumental. Nosso querido Marcão enviou na amizade mas, na mixagem, alteraram o andamento, a dinâmica e outros detalhes do arquivo original, transformando o material em algo completamente diferente. Ah, ainda mudaram o nome da tal música para “Prisoner” e a ‘banda’ que a executou em estúdio foi creditada à Eclipse.

Só que o nome do nosso adorável brazuca generoso foi parar como o artista de “Die For Love”, sendo que o rapaz sequer cantou, tocou ou fez qualquer coisa nessa faixa.

No meio desse rolo todo, esse segundo disco de um total de 4, conseguiu ficar entre as coletâneas mais vendidas do Rio de Janeiro em 2002. E o Marc Ferr, ou Marcão Ferreira, não viu um centavo desse lucro em seus bolsos.

Mas tudo isso, além das faixas clichês selecionadas pela Som Livre safadinha, faz do Lovy Metal 2 um clássico de sua geração, que aproximou os ouvidos da galerinha para o rock farofa e deixou um pouco do estilo soar no mainstream.

E “Die For Love” certamente tocaria mais do que “Wasting Love”.

Ouça ela aqui.


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