Les Claypool, líder e um dos baixistas mais talentosos da história do Rock, resolveu, em 1997, produzir um novo álbum do Primus praticamente sozinho. Usando uma abordagem mais crua e suja, aproveitou a entrada do baterista Bryan “Brain” Mantia e mudou o som da banda. E, pra mim, isso foi ótimo. Mas acho que tudo é contexto.
Depois do lançamento dos adorados Seas of Cheese (1991) e Pork Soda (1993), a banda veio com um novo baterista com grooves mais diretos e mais pesados e lançou um disco que soa até um pouco abafado, mas tem o seu valor. As expectativas de quem já gostava da banda atrapalharam mais do que ajudaram, mas pra mim, o Brown Album foi o meu disco de entrada no Primus sem eu nem saber ainda. Tudo é contexto.
Primus sempre foi uma banda que se estiver tocando, eu vou curtir, mas nunca acompanhei tanto assim a banda e sua carreira. Quando eu era adolescente, nos anos 90, meu contato com o Primus foi praticamente quando passava na MTV. Como a mesada era curtíssima e eu comprava CDs só quando tinha muita certeza, acabei não investindo no Primus, mas ultimamente isso tem mudado.
Com o advento da internet ADSL, lembro que entrei em FTPs e canas de mIRC e baixAPAGAR a discografia de todas as bandas que me lembrei. Deixava a madrugada toda baixando, mas o Primus ficou esquecido. Só fui realmente voltar a ouvir Primus quando o serviço de streaming colocava uma música deles no aleatório automático.
Em outubro do ano passado, o baterista Tim “Herb” Alexander saiu da banda pela terceira vez (isso mesmo!). Ele já tinha saído da banda em 96, depois em 2010 e agora em 2024. Com essa nova saída, todo o processo de testes de novos bateristas foi divulgado no canal do YouTube da banda, com episódios bem divertidos. Foi legal demais poder ouvir aquelas músicas com diferentes takes de diferentes talentos. Quem foi escolhido, no fim das contas, foi o ótimo (e meu favorito) John “Hoffer” Hoffman.
Depois disso, fui ouvir a discografia da banda com calma e um pouquinho toda semana e, quando chegou no tão divisivo Brown Album, eu não entendi o desgosto das pessoas. Logo de cara lembrei da música “Shake Hands With Beef”, clipe mais anos 90 que você pode assistir hoje. Essa música é ótima. Como não gostar desse disco? Outra música que reconheci logo de cara foi “Over The Falls”, um quase blues com um toque de esquisitice meio Mr. Bungle.
Apesar do disco ser considerado o “Reload” (*referência ao Metallica) do Primus, eu realmente acho que esse disco é ótimo. Talvez pros fãs mais fervorosos que gostam de fazer a piada na internet de que Primus “sucks”, esse disco não seja dos melhores, mas eu acho que é um ótimo ponto de entrada na banda.
E que tal dar de presente de aniversário pro Les Claypool (dia 29 de setembro) tacar esse play hoje? Quem sabe você pode falar “Primus sucks”. O real significado da sua frase ninguém precisa saber.
*Nos anos 80 e começo dos anos 90, o Les Claypool ouvia do público “You suck!”. Em vez de ficar chateado ou puto, a banda abraçou a piada. Isso virou um grito de guerra dos fãs.
**Não poderia deixar de comentar que a capa do disco sucks demais. Esse sucks é de verdade.
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