
Seguir padrões nunca foi muito a onda do MC5. Basta que se leve em conta que a banda estreou em gravações com um disco ao vivo, o seminal Kick Out The Jams, com a virulência que era indispensável a um grupo precursor do que viria a ser o punk rock na segunda metade da década de 70.
Mas o quinteto de Detroit, lançando seu segundo álbum – e portanto o primeiro de estúdio – em 1970, precisava mostrar do que era capaz, mantendo o ímpeto rebelde, mas demonstrando algum virtuosismo.
Em sua formação clássica, que incluía os guitarristas Wayne Kramer e Fred “Sonic” Smith, o vocalista Rob Tyner, o baixista MIchael Davis e o baterista Dennis Thompson, com apoio do tecladista Danny Jordan, o grupo gravou Back in The USA sob a batuta de Jon Landau, crítico musical que à época iniciava no trabalho como produtor musical, alcançando seu auge um pouco depois, pelos trabalhos em parceria com Bruce Springsteen.
Landau tinha aversão pelo rock psicodélico, e neste trabalho com o MC5 buscou uma sonoridade mais voltada ao rock das décadas anteriores. Basta considerar a abertura do álbum, uma cover de Tutti Frutti, de Little Richard, e o encerramento com a faixa-título, regravação de Chuck Berry.
Entre as composições próprias do grupo, destaque para a balada blues Let Me Try, mas com espaço para a crítica social, como em The American Ruse, com letra que ataca a concepção do governo estadunidense sobre liberdade (se soa familiar e atual, considere que sempre foi isso mesmo). Também houve espaço para criticar o envolvimento dos EUA na guerra com o Vietnã em The Human Being Lawnmower.
De certo modo, e com influências distintas, talvez o virtuosismo do MC5 dentro de uma atmosfera que pedia uma sonoridade mais crua e direta, só tenha encontrado paralelo com o The Clash alguns anos depois.
Após Back in The USA, o grupo lançaria High Time em 1971, e passaria mais de 50 anos sem gravar um álbum, quebrando esse hiato somente em 2024, com Heavy Lifting, em uma formação que só tinha Wayne Kramer com novos músicos, e a participação de Dennis Thompson em algumas faixas. Porém, ambos – os dois únicos integrantes que estavam vivos à época – acabaram falecendo antes do lançamento do disco, inviabilizando qualquer outra formação válida da banda daqui por diante.
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