
Tom Hollister. Anotem esse nome. Mas mesmo que não anote, ele vai marcar você como o ‘Hold me baaaaaby’ em “Breathe”. Junte esse timbre hipnotizador com as frases profundas nas seis cordas de Chris Buck e o andamento preciso (às vezes até provocador) do baterista Adam Roberts e temos uma das melhores coisas que o País de Gales já fez desde os seus mais de 600 castelos.
Quando lançaram Tell Me How It Feels, em 2021, era perceptível que o trio não seria apenas mais um grupo com um single de sorte. A canção transcendia o próprio rhythm&blues e flertava com sonoridades mais acessíveis, deixando aquele pequeno EP de lançamento num lugar fácil de ser reverenciado. Pra se ter uma ideia, o solo dessa música ficou em sexto lugar na lista dos melhores do ano pela revista Guitar World.
Corta para 2025 e nos deparamos com o irresistível Midnight At The Valencia, segundo disco da banda. Aqui eles brilham. É o resultado de muitos anos tocando em bares e clubes pelo mundo, muitas vezes com públicos duvidosos, talvez desinteressados, encarando a arte dos músicos como simples som de fundo para a própria vida. Felizmente, as emoções amadureceram e escalaram para a melhor das sensações.

A banda conseguiu registrar um som geracional, gravando com equipamentos analógicos vintage e, sob a produção de Cyrill Camenzind, trouxeram sua primeira obra-prima moderna aos ouvidos desconfiados desse planeta cheio de novidades esquecíveis.
Vamos todos nos mudar para “Racing Cars”, como uma trilha sonora de dias em que todo mundo aprende a gostar do inverno, da semicolcheia que simula um coração deslumbrado, dos backing vocals acalentadores de temores cotidianos.
Já falei de “Breathe”? Claro, abri falando dessa sensação. Que absurdo de música. Uma aula de captura de atenção. Faz pensar, faz sentir, faz deixarmos de nos importar com o fluxo imutável dos dias da semana. Todos nos tornamos feriados prolongados por três minutos e vinte e um segundos. É maio e temos a melhor faixa de 2025?
Transitando entre bpm’s mais acelerados de “Keep On Running” e a escandalosamente envolvente “Morning Light”, deixar-se levar é a única escolha possível. Quando a voz não te encanta por completo, os solos constroem as prisões perfeitas em que só se escapa pra ouvir um futuro terceiro disco.
O Cardinal Black sorrateiramente lançou um dos mais belos discos do ano e saiu andando como se fosse apenas um fade out de estúdio. Midnight At The Valencia é o lançamento inevitável de amar, irresistível de favoritar, indispensável de colecionar. Sabe significado? Razão de ser? Motivo pra se estar vivo? É isso.
Faixas:
1. Ride Home
2. Falling
3. Racing Cars
4. Breathe
5. Keep On Running
6. Morning Light
7. Hold My Breath
8. Push/Pull
9. Adeline
10. Need More Time
11. Your Spark (Blows Me to Pieces)
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