Adeus, Ace Frehley. O guitar hero dos guitar heroes

A lenda Ace Frehley partiu aos 74 anos, deixando um legado que vai além dos riffs e solos que moldaram o Kiss.

O Spaceman era uma estrela aqui na Terra e agora é uma estrela no espaço. Aos 74 anos, embarcou na sua espaçonave com destino ao infinito no dia 16 de outubro. Seu superpoder? Ter moldado gerações de guitarristas pelo mundo. O guitarrista original do Kiss, que pintava o rosto de prateado, não era apenas um ícone, mas ele era o Guitar Hero dos Guitar Heroes. Aquele que mostrou que tocar guitarra não é sobre perfeição, mas sobre presença. Não é sobre velocidade, mas sobre intenção.

Ace Frehley sempre foi um personagem de outro planeta e, talvez por isso, tenha entendido tão bem como soar humano e real. Tinha alguma coisa imprevisível no seu jeito de tocar. Cada solo parece no limite do caos. Mas era justamente esse descontrole que fazia tudo ganhar vida. Entre ser virtuoso e ter sentimento, ele escolheu sempre a segunda opção, mas sem abandonar a primeira. Era técnico, mas com alma, com tropeços e imperfeições. Ele me ensinou que imperfeições fazem música.

Vestido de prata e usando uma Les Paul que cuspia fumaça, ele era um espetáculo à parte. Mas, por trás da maquiagem, havia um músico que improvisava de verdade. A melhor música do Kiss, na minha humilde opinião, é dele. Shock Me, do disco Love Gun, é uma aula de música à beira do caos, com um riff improvável e perfeito. Apesar de ser praticamente um alienígena, era humano demais. Pra gravar as vozes de Shock Me, gravou deitado no chão porque estava nervoso em usar sua voz pela primeira vez como vocalista principal em uma música do Kiss. Absolute music.

A criatividade de Ace ia além das cordas. Estava no personagem espacial, na atitude, na forma como transformava o palco em outro planeta. E, acima de tudo, estava na coragem de tocar com o coração escancarado. Ace Frehley partiu, mas seu som vai continuar pairando no ar e nos riffs que inspiraram Pantera, Pearl Jam, Tool e tantos outros. Fica o eco das suas notas, o brilho das luzes refletindo na tinta prateada e a lembrança de que ser artista é aceitar o erro como parte do processo.

Obrigado, Ace, por fazer música com aquela Les Paul e transformar o barulho em arte. E obrigado por mostrar que o espaço não é o limite.

Boa viagem de volta pro seu planeta. Sentiremos sua falta.


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