
14 anos se passaram desde o lançamento de Música Vulgar Para Corações Surdos, até então o único e icônico disco da Harmada, banda carioca liderada pelo cantor e compositor Manoel Magalhães.
Passado este tempo, o que talvez tenha sido de alguma forma necessário e benéfico, a Harmada retorna com Os Fugitivos, seu novo álbum, sendo a mesma e ao mesmo tempo outra banda, com mudanças na formação e na sonoridade.
Para quem os acompanha, isso não é motivo de estranhamento. Para quem conhece o disco solo de Manoel, Consertos em Geral, menos ainda, já que muitos dos elementos presentes nele aparecem também neste álbum da Harmada, especialmente em algumas intervenções de metais e na sonoridade R&B de canções como o primeiro single do trabalho, a balada Quando Você Chegar, lançada há alguns meses.
O que não mudou foi o texto rico em referências das letras reflexivas, que passeiam por questionamentos a respeito das relações humanas e a vida na metrópole mediada pela tecnologia.
O disco abre com Destino, com participação da cantora 1LUM3, e ainda há participações da artista venezuelana Kleidi B em Nunca Existiu e um texto declamado pela escritora Alice Sant’Anna em A Estrada (“ele quer esquecer o estrago de ser alguém”), minha preferida do disco junto com a incrível Piscina de Crianças Universais (“tudo era bom quando não queríamos tão pouco“).
Ainda sobre referências, a Harmada, que tem o nome de um livro de João Gilberto Noll, busca no livro de estreia de Rubem Fonseca, Os Prisioneiros, de 1963, a inspiração para as canções de Os Fugitivos. É uma belíssima fuga de volta para a cena.
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