
O Rush ser a banda da minha vida pode ser novidade pra algumas pessoas, mas sim. Se me perguntarem “você pode ouvir apenas uma banda pro resto da sua vida, qual seria?”, seria, sem dúvidas o Rush. O Rush é a banda da minha vida por vários motivos contextuais e emocionais. Não me considero um fã que sabe qual foi o exato baixo que o Geddy Lee usou na gravação de uma música. Minha conexão é 100% emocional.
Quando o Neil Peart nos deixou, em janeiro de 2020, chorei como se tivesse perdido um amigo de longa data. Ele foi o motivo de eu querer virar baterista. Acabei não me dedicando tanto pra ser apenas baterista, mas o primeiro instrumento que me apaixonei foi por causa dele.
Sempre elogiei o Rush por ter encontrado a hora certa de encerrar sua carreira. Clockwork Angels é um disco de fechamento perfeito. A banda soube se dar um tempo e deixar as coisas simplesmente acontecerem. Quando, nos anos 90, a banda deu uma pausa por causa das tragédias na vida do Neil Peart (ele perdeu a filha num acidente de carro e, em menos de um ano, também perdeu a esposa), tudo foi natural. Eles voltaram quando estavam todos preparados.
Com a morte do Neil, se especulou bastante sobre bateristas que poderiam tocar com a banda. Em alguns tributos, teve até o Danny Carey do Tool, fazendo uma canja com a dupla Geddy Lee e Alex Lifeson, mas parecia que era apenas diversão mesmo. Pra mim, não parecia certo voltar com a banda.
Mas há alguns dias, Geddy e Alex gravaram um vídeo explicando que voltaram a ter prazer em tocar aquelas músicas e que vão fazer uma turnê em homenagem ao Neil.
No começo, fui completamente contra. Mas aí vem a parte emocional e a parte racional. Emocionalmente, eu não quero. Mas racionalmente, a banda não é minha. Emocionalmente, a banda e aquelas músicas são minhas, mas racionalmente também não são. Emocionalmente, não consigo pensar na possibilidade da banda tocar sem o Neil, mas racionalmente, entendo a homenagem.
Racionalmente, eu gosto muito da ideia de os dois estarem felizes. Racionalmente, estou feliz com a possibilidade de alguns fãs verem a banda pela primeira vez. Racionalmente, como fã, respeito 100% a ideia dos dois. Racionalmente, amei a escolha da Anika Nilles como baterista dessa turnê. Racionalmente, tenho certeza de que ela é a melhor pessoa para isso. Racionalmente, estou feliz, mas ao mesmo tempo, racionalmente, não vou querer ir nesses shows. Racionalmente, vou querer ver os vídeos, mas emocionalmente não sei se estou preparado pra isso.
Mas no dia 10 do 10 de 2010, vi o Rush pela primeira vez na praça da Apoteose no Rio e também não estava preparado e no fim das contas, deu tudo certo.
Se o Geddy e o Alex estão felizes e conheciam o Neil o suficiente pra acharem que ele não seria contra, quem sou eu? Se joguem!
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